Aparato do Entretenimento: CRÍTICA: La Usurpadora - Roteiro consistente, direção adequada e o clássico remodelado
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CRÍTICA: La Usurpadora - Roteiro consistente, direção adequada e o clássico remodelado

Quem vê até parece uma família feliz. Créditos: Televisa S.A

Estreou na noite de ontem (02/09) às 9h30pm no México a nova versão de "La Usurpadora". Recheada de novos artifícios que divergem da sua anterior, a novela, agora adaptada em formato de série e qualidade de cinema faz parte do projeto "Fábrica de Sueños" que tem como finalidade revisitar obras de sucesso, modernizando-as com uma nova reescrita e olhar.


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Sucesso de crítica e audiência - La Usurpadora - estreou com rating extremamente benefíco para a Televisa, que não via resultados tão promissores desde as chamadas "novelas rosas", mostrando que tramas requintadas podem sim darem certo na TV mexicana.

O fato ganha proporções ainda mais promissoras quando revela-se que o episódio de estreia já havia sido disponibilizado no site e aplicativo do Las Estrellas e de certa maneira ganhado repercussão, tanto nas redes sociais, quanto em programas de TV que habitam este tipo de conteúdo na cadeia mexicana. 

No final de semana, o Aparato escreveu o artigo "La Usurpadora: Primeiras impressões do remake do Fábrica de Sueños" que você pode conferir aqui

Leu o primeiras impressões? Não vá embora, agora fique comigo que iremos criticar Paola Miranda e companhia.

  
Paola Miranda encontra sua irmã gêmea Paulina Doria - Créditos: Televisa S.A

Se você caiu aqui nesta crítica de paraquedas e acha que esse remake é uma cópia fiel da versão protagonizada por Gabriela Spanic está muito enganado. Primeiro que a intenção do Fábrica de Sueños é justamente essa: mudar. Até porque se fosse para fazer mais do mesmo, seria muito mais fácil reprisar Paola Bracho e Paulina Martins e não reescrever a história. Segundo ponto, comparar Sandra Echeverría com Gabriela Spanic é totalmente dispensável; as produções possuem sim, esqueletos semelhantes, mas com sequelas diferentes. A Paola de 2019, não é a mesma Paola de 1998, são décadas e situações temporais divergentes e o mesmo vale para os outros personagens.


Fachada da mansão presidenciável - Créditos: Televisa S.A

Produção

Carmen Armendáriz que assina como produtora executiva do seriado é conhecida por conduzir programas de TV como o "Hoy", além da série-novela "Yago" exibida pela Televisa em 2016. 

Astuta, até o momento, Carmen utilizou muito bem os argumentos principais da troca de irmãs e com certa fluidez de acontecimentos, entregou ao público, uma resposta rápida. O formato de série que já propicia uma condensação dos plots, munido a experimentação clássica com retoques modernos, fazem de "La Usurpadora" um produto assistível e eclético, nas devidas proporções. 


Carmen durante as gravações - Créditos: Televisa S.A

Junto a equipe de Carmen estão os produtores associados Alexa Munõz responsável pela novela "Las Juanas" da TV Azteca e Abraham Quintero do êxito "Laberintos de Pasión".


Roteiro

Escrito por Larissa Andrade, Tania Tinajero Reza, Gabriela Rodríguez, Jacques Bonnavent, Javier Van de Couter e Levinton Sol, o texto é crível e conciso. Não é complicado para o público, nem tampouco é tão simples, taxando o espectador de idiota. Seguindo as raízes da obra de Inés Rodena, a equipe tem conseguido levar ao público final um trabalho interessante.

Direção 

Um dos pontos chaves da direção de "La Usurpadora" é o seu trio de diretores "protagonistas". Tendo como base, Francisco Franco (El color de la pasión e El hotel de los secretos) e Nelhiño Acosta (Yo amo a Juan Querendón e La sombra del pasado) o remake transmite uma visão mista, enquanto Francisco é mais detalhista e soturno, compondo nuances durante as cenas, Acosta, contrapõe na densidade e humor negro dos personagens, o deboche e tiradas rápidas do roteiro, são facilmente dirigidas por suas mãos.  

Por fim, Vivián Sánchez Ross se junta a dupla para trazer toda sua experiência jovial adquirida em produções como Rebelde, Clase 406 e Primer amor... a mil por hora. 


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Como assim?

Algumas mudanças significativas são facilmente identificadas no decorrer dos episódios, como o fato de Paulina viver na Colômbia, estar em um relacionamento, ser ativa nas causas sociais e viver uma vida em prol do outro; porém, outras situações não foram bem digeridas. Logo nos primeiros minutos Paola descobre a irmã gêmea, a envolve em uma falsa proposta para viajar ao México e quando a encontra, Paulina não a reconhece. Não é impossível, mas é tanto quanto estranho. A irmã é primeira-dama, vive em evidência, capa de revista, manchetes em sites, TV e mesmo assim Paulina não a reconhece? Estranho, né? Talvez seja um furo que será explicado com o avanço dos episódios.

Paola é mais humana também. Fria? Sim. Falsa? Sim. Dissimulada? Ok. Mas, acreditem ou não: Paola chora? Ela é um poço de sensatez, na mesma proporção que é atrapalhada com sua vida amorosa. Gente como a gente.    
 
Cena da série "La Usurpadora" - Créditos: Televisa S.A

Fotografia

Por tratar-se de uma produção com delineamento técnico, a fotografia de 'La Usurpadora' é exímia. Com qualidade de cinema, o seriado aproxima-se e muito de produções do mercado de TV americana e das plataformas de streaming como Netflix e Prime Video. 

Apropriando-se do cenário mexicano, as externas da série são gravadas em pontos cruciais do México, tal como, cenários paradisíacos de outros países, muitas vezes visitados por Paola durante suas viagens com amantes.

O tom soturno prevalece também na fotografia da obra, que mais robusta e "adulta" utiliza filtros de imagens com tons escuros e ébrios, mudando completamente a visão da novela de 1998. O que é positivo, já que trata-se de um remake. 

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Paola e seu amante - Créditos: Televisa S.A

Abertura

O episódio de estreia não contou com abertura, ou seja, nada do tema cantado pelo grupo Pandora ou algo semelhante. A edição usou apenas um efeito de sobreposição para transcender entre um intervalo e outro, modelo utilizado por séries americanas.

Repercussão do telespectador 

Na internet, o termômetro oscilou, enquanto alguns espectadores elogiaram a trama outros "torceram o nariz". 


Gostei, mas é uma história completamente diferente. Muito mais plausível, diga-se de passagem. 


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Paola sendo maquiada pela sua equipe para sessão de fotos - Créditos: Televisa S.A

Destaques

Sandra Echeverría é o grande nome da produção, ela é literalmente visceral. É sábido que viver gêmeos em qualquer novela é uma isca que visga o público; causa curiosidade na interpretação e na disposição das diferenças entre um e outro, seus sentimentos e ações. Porém, caso não seja bem interpretado, pode conduzir um desastre em larga escala e afugentar o espectador. Com Paola e Paulina de Sandra o mesmo fator acontece, mas com uma leve diferença, Echeverría é perspicaz e conduz sua atuação em um nível verossímel e que além de instigar o telespectador, cria um certo laço, seja de empatia ou ódio. É fácil torcer por Paola e também é fácil torcer por Paulina.


Germán vive um adolescente em contante briga com seu eu interior - Créditos: Televisa S.A 

Germán Bracco, Ana Bertha Espín Queta Lavat figuram neste sentido como destaques positivos da série. As últimas, interpretando respectivamente Arcadia e Piedad emergem com um humor sádico e revigorante, é engraçado assistir os rompantes de ambas. Germán, por sua vez, tem ênfase no velho conto do filho pródigo e que deve herdar as funções do pai na empresa. E nesta linha, seu Emilio Bernal é o oposto. Recheado de problemas pessoais e interpessoais, seu personagem deixa de ser o queridinho e apresenta-se como problemático, que tenta a todo custo chamar atenção, mas que vive uma constante luta consigo para sobreviver em meio a uma rede de intrigas e mentiras, que é a política.


Daniela Schmidt e Andrés Palacios em cena da série - Créditos: Televisa S.A

Nos primeiros takes da série Daniela Schmidt (Gema Vidal) e Andrés Palacios (Carlos Bernal) mostram-se frios, calculistas e metódicos. Vivendo da política e fazendo dela uma extensão da sua casa e vida pessoal, acabam tornando-se ambos personagens tíbios, uma reação instantânea que deve mudar com o decorrer dos episódios, vasta a quantidade imensurável das atrocidades de Paola.  

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Todo o trabalho apresentado por Carmen Armendáriz, elenco e equipe imprime o que a Televisa tem trilhado para tornar-se, desvencilhando-se do passado ainda tão presente, de uma memória arredia e que insiste em pregar que a Televisa ainda é aquela das novelas de baixo orçamento, brega e com situações que beiram o rídiculo. É possível sim, remodelar e revisitar, agregando conteúdo, veracidade e modernidade. 


Escrito por Hiago Júnior
Siga-me no Twitter: @Hiago__Junior 



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