Créditos: Reprodução/Instagram @marthacarrillop |
Escritora de novelas e séries. Apresentadora de TV. Autora de 7 livros. Palestrante. Coach. É assim que Martha Carrillo define sua vida e trabalho na biografia do seu Instagram. Bastante conhecida no cenário das novelas, Martha concluiu recentemente no México mais um melodrama ao lado da sua amiga Cristina García e do produtor executivo Carlos Moreno - enquanto no Brasil teve uma de suas adaptações folhetinescas transmitidas na TV aberta, a trama 'Cuando me enamoro' (Quando me apaixono).
Mariana Torres e Carlos Ferro em cena da novela 'Fuego Ardiente'. Créditos: Televisa S.A |
Durante algumas entrevistas e postagens em suas redes sociais, você já havia dito que ‘Fuego Ardiente’ é um sonho seu de vários anos. Uma obra que você compartilha com a sua amiga escritora Cristina García. Como surgiu o esboço dessa história? Conte-nos como foi o processo de criação do melodrama.
Cristina e eu somos amigas desde que estudamos licenciatura em Comunicação. Com “Tres Mujeres” começamos como escritoras e parceiras, por isso sempre compartilhamos as histórias que nos ocorrem ou que nos chegam baseadas na vida real. “Fuego Ardiente” tem sua origem em uma história real em que uma mulher é assassinada, quando sua família política descobre que ela tem um relacionamento amoroso com seu concunhado. Acreditávamos que a base de concunhados que se amavam era interessante e com base nisso, criamos "Fuego Ardiente". No começo era uma série, mas depois pediram que a adaptássemos para uma novela. A história de amor é a base de qualquer novela e essa nos atraiu muito e por isso tem um final muito diferente do que aconteceu na vida real. A primeira coisa que você faz ao iniciar uma produção é criar uma sinopse com a trama central e as subtramas mais importantes e a psicologia de cada personagem e, para depois escrever os capítulos.
Karyme Lozano, Cristián de la Fuente e Flavio Medina em arte promocional da novela 'Quiero Amarte' obra na qual Martha fez parte da adaptação. Ainda segue inédita no Brasil. Créditos: Televisa S.A |
Quais são suas inspirações para escrever histórias do cotidiano de pessoas comuns? Tem alguma pessoa em específico que te inspire?
A vida é o que te inspira. Como escritor, cada vez que você conhece a história de alguém, você encontra o potencial de tirar dela a essência que lhe permite criar um personagem e depois uma história. Amo escrever e acho que de alguma forma todos nós temos uma história para contar.
Jessica Coch e Silvia Navarro em foto promocional da novela 'Cuando me Enamoro'. Créditos: Televisa S.A |
‘Fuego Ardiente’ marca o retorno da sua parceria com Carlos Moreno, inclusive um fruto desta parceria ‘Cuando me Enamoro’ esteve recentemente em exibição no Brasil através do SBT. Você já pensou em adaptar uma novela brasileira com Carlos Moreno?
Acho que os melodramas brasileiros têm uma grande qualidade e histórias muito intensas e apaixonantes, seria uma grande experiência poder fazê-lo se surgir uma oportunidade.
Martha, Carlos Moreno e elenco na época das gravações da novela 'A que no me dejas'. Créditos: Televisa S.A/ACM Press |
Ainda falando sobre Carlos Moreno, a parceria de vocês dura anos. E várias produções nasceram desse processo de criação. Conte aos nossos leitores: Qual é o segredo da amizade próspera de vocês?
Quando conheci o Carlos Moreno, era apresentadora de televisão, ainda não sabia que ia ser escritora, então nossa primeira relação foi de amizade. Depois comecei como escritora, trabalhei com outros produtores, e finalmente com o Carlos, com quem já tenho nove novelas. Fazemos uma boa parceria e continuamos como amigos.
Martha, Carlos Moreno, atores e equipe da novela 'Y mañana será otro día... mejor' na época das gravações; a drama segue inédito no Brasil. Créditos: Agustin Salinas/Agência: El Universal |
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Quando termina de escrever uma telenovela, você já começa a pensar na próxima história ou leva algum tempo para ter outro argumento para desenvolver uma nova telenovela? Já pensou em escrever sobre mães narcisistas? Pois é um assunto que é bem atual e vemos sempre esses casos de amor e ódio, uma competição entre mãe e filha.
Ao terminar uma história é importante reservar um tempo para me despedir dos personagens com quem convivi dia e noite por muitos meses, às vezes anos e que merecem ser homenageados de maneira especial. Se for uma história original, você leva mais tempo para criar a história porque você tem que criar a partir da semente, quando é uma adaptação a semente é dada a você e você dá vida a ela. Eu gosto de escrever personagens reais e que tenha diferentes tipos de mães, uma mãe que compete com sua filha é um tema muito interessante com toques de vilania.
Claudia Ramírez, José María de Tavira, Mariana Torres e Carlos Ferro os protagonistas de 'Fuego Ardiente' durante as gravações do último capítulo da novela. Créditos: Televisa S.A |
Estamos enfrentando uma pandemia e por conta da Covid-19 tivemos que nos adaptar a uma nova realidade. As telenovelas também. Restrição de cenas de beijos, abraços e aproximação. Como é escrever uma novela repleta de romance num cenário tão caótico? Foi preciso adaptar o envolvimento dos personagens?
'Fuego Ardiente' foi gravada no meio da pandemia e sendo uma história muito apaixonante tivemos que nos adaptar a essas restrições. Contudo, todos os atores e a produção foram muito profissionais e sabiam do compromisso de cuidar ao máximo de si mesmos e assim fizeram, tudo isso para que pudéssemos apreciar os beijos, abraços e quando eles faziam amor.
Ana Colchero e Verónica Merchant em foto promocional da novela 'Alondra'. Créditos: Televisa S.A |
Em 1995 você trabalhou ao lado da produtora Carla Estrada e da diretora Monica Miguel na novela ‘Alonda’ numa obra baseada no argumento de Yolanda Vargas Dulché. Nesta oportunidade você esteve também ao lado de Roberto Hernández, um amigo de longa data. A trama de época marcou um de seus primeiros trabalhos na televisão. Como foi essa experiência? Criar uma novela de época exige mais do escritor?
Dentro da produção de uma história, na área literária está o editor literário, e esse foi o cargo que ocupei na produção de Carla Estrada. Precisamente, Roberto e eu editamos com precisão aquela história, ambos sonhávamos em escrever, porém, ele pegou o caminho da produção e eu peguei o caminho das letras. Depois tive que trabalhar com os dois, como produtores e eu como escritora em “Mi destino eres tú” e “Tres Mujeres” respectivamente. Trabalhar em uma produção de época é um máximo, pois naquela ocasião como editora literária tivemos que pesquisar usos e costumes da época para que tudo fosse coerente no roteiro. Se eu fizesse uma novela de época, adoraria escrever o remake de 'Bodas de Odio'.
Olivia Bucio e Eric del Castillo em foto promocional da novela 'Alondra'. Créditos: Televisa S.A |
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Erika Buenfil, Norma Herrera e Karyme Lozano em foto promocional da novela 'Tres mujeres'. Créditos: Televisa S.A |
‘Tres Mujeres’ foi um sucesso de audiência e crítica, na produção você esteve ao lado de Cristina García. E a produção correu a cargo de Roberto Hernández que faleceu em janeiro deste ano. A novela recebeu o sinal verde da Televisa para ganhar novos capítulos, devido ao êxito na grade da emissora. Você precisou reescrever a história? Criar novos personagens? Conte-nos como foi essa experiência.
'Tres Mujeres' foi uma novela que nasceu com magia, mas cheia de obstáculos. Demoramos 4 anos para bater em todas as portas da empresa para que acreditassem nela, e depois de gravada arquivaram, porque era muito forte para a época, já que retratávamos a vida sexual de todos os personagens. No entanto, quando entramos no ar, nossa primeira novela fez tanto sucesso que de 160 capítulos originais passamos para 540 capítulos, sendo uma das mais longas da história das telenovelas. Também foi a primeira produção que, depois de concluída, foi reaberta e tínhamos que procurar os atores, as locações e ver quem contávamos e por isso retirar e colocar personagens. Sempre serei grata ao público que nos recebeu com essa história, pois graças a eles as portas desse maravilhoso mundo literário se abriram para mim.
Silvia Navarro e Cristián de la Fuente em foto promocional da novela 'Amor Bravío'. Créditos: Televisa S.A |
‘Amor Bravío’ é uma das suas novelas que o público brasileiro mais almeja uma exibição no Brasil. Novamente ao lado de Cristina García e Carlos Moreno o melodrama destaca-se principalmente por dois fatores, o casal de protagonistas Camila e Daniel vividos por Silvia Navarro e Cristián de la Fuente e pela vilã maquiavélica Isadora interpretada por Leticia Calderón. Como foi criar esses três personagens? E o desfecho da vilã, como foi escrevê-lo?
A melhor coisa que pode acontecer com você em uma história é quando os seus protagonistas têm química e faísca só de se verem e foi isso que aconteceu nesse drama. Isso fez com que o público aceitasse de imediato o que se trata de uma história que já percorreu diversos países com grande sucesso. Silvia Navarro é uma atriz tão boa que, embora eu tenha escrito a cena, só de vê-la na telinha me fazia chorar ou gostar dela e Cristian é um homem tão atraente que todas as mulheres o queriam para elas. Uma vilã como Lety é uma maravilha, já estivemos com ela em outras produções e ela é uma atriz tão boa que sabe dar um toque diferente a cada vilã. Escrever é mais fácil quando seus atores também te motivam dar vida aos seus personagens e fazê-los crescer.
Osvaldo Benavides e Camila Sodi em foto promocional da novela "A que no me dejas'. Créditos: Televisa S.A |
Em 2015, Carlos Moreno reviveu o clássico ‘Amor en Silencio’ agora sob o título de ‘A que no me dejas’. A trama marcou o público ao matar os seus protagonistas em plena cerimônia de casamento. Como foi conceber uma história tão emblemática?
Fazer a adaptação dessa história foi um desafio, porque as pessoas se lembravam perfeitamente da cena clímax que você mencionou e era algo que você tinha que dar a elas sem decepcioná-las, então tecemos essa história até chegarmos naquele momento e a concretização foi espetacular.
Créditos: Reprodução/Instagram @marthacarrillop |
As protagonistas de 'Mujeres de Negro' a supersérie que trazia as mulheres de uma forma bem diferente. Créditos: Televisa S.A |
Mayrín Villanueva, Alejandra Barros e Ximena Herrera foram as protagonistas de ‘Mujeres de Negro’ uma produção com uma temática bastante diferente. O folhetim destaca-se também pela duração e pela proximidade com o formato de série. Existe alguma diferença em escrever para este tipo de formato? Ou qualquer produção é possível acolher o gênero do melodrama?
Esta história é baseada em uma história sueca que foi escrita com humor ácido, na qual três mulheres matam seus maridos, no primeiro capítulo quando explodem em um iate. Foi um grande desafio fazê-la em outro gênero, já que Carlos nos pediu como um melodrama, além de escrever 50 capítulos em formato de série. Inclusive, o escritor original não tinha escrito o final de seus personagens e ainda não tinha ideia do que iria fazer com eles, e já estávamos no ar, então pegamos a lógica que tínhamos dado a todos os personagens e demos um final que embora polêmico nos correspondeu ao tom melodramático com que o escrevemos.
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Créditos: Reprodução/Instagram @marthacarrillop |
Alguns veículos especulam que Carlos Moreno voltará em breve com outra novela na Televisa, e o título escolhido seria o remake de ‘Bendita Mentira’ melodrama de 1996 baseado na obra original da novelista Inés Rodena. Caso seja verdade, você gostaria de adaptar esse texto? (Pode confirmar caso queira).
Neste momento Carlos Moreno, Cristina García e eu estamos preparando um novo projeto, mas não será Bendita Mentira. Estamos analisando uma história para fazer a adaptação, mas até que seja oficializada e tenhamos assinado um contrato não posso falar sobre isso.
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Tradução: Camila Júlia
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