Aparato do Entretenimento: ENTREVISTA | Leonardo Padrón: "Amar a Muerte é uma das histórias mais emocionantes que já escrevi"
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ENTREVISTA | Leonardo Padrón: "Amar a Muerte é uma das histórias mais emocionantes que já escrevi"

Leonardo Padrón. Créditos: Reprodução Instagram

Um dos nomes mais reconhecidos do universo latino, Leonardo Padrón é um expoente significativo das obras novelescas, seu último trabalho foi ao ar este ano, o remake de ‘Rubí’ - série estrelada por Camila Sodi; terceiro projeto do ‘Fábrica de Sueños’ o seriado foi um sucesso em suas exibições nos Estados Unidos e México.

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Angelique Boyer e Michel Brown em cena da novela 'Amar a Muerte'. Créditos: Televisa S.A/W Studios

Criador das telenovelas ‘Contra viento y marea’, ‘El país de las mujeres’ e ‘El amor las vuelve locas’ - Padrón também tem no seu currículo um vasto passado com adaptações, é uma composição textual sua por exemplo, o remake mexicano de ‘En cuerpo ajeno’ intitulado ‘Amar a Muerte’ e que representou para o México em 2018, uma quebra de tabus sem precedentes.

O Aparato recebe Leonardo Padrón para uma conversa descontraída sobre o sua carreira na TV, abordando a sua experiência com telenovelas campeãs de audiência.


Angelique Boyer e Michel Brown em foto promocional da novela 'Amar a Muerte'. Créditos: Televisa S.A/W Studios

De onde veio a inspiração para escrever a telenovela “Amar a Muerte?” O elenco como um todo, atendeu suas expectativas?

Na verdade, “Amar a Muerte” é um remake de 'En cuerpo ajeno', uma novela do escrito colombiano Julio Jiménez. Lembre-se que Televisa tem uma preferência histórica pelos remakes de novelas de sucesso. Mas me atraiu desde o primeiro momento, porque tem uma premissa muito original. Estamos falando sobre a transmigração de almas. Daquele terreno tão marcado pela incerteza e pelo mistério: o que acontece com a alma depois da morte. Criar uma história de amor em torno dessa ideia me permitiu levantar a questão das segundas chances. O que aconteceria se tivéssemos essa opção? Poderíamos redimir nossos erros ou voltaríamos a errar novamente nesse mesmo ponto? É uma das histórias mais emocionantes que já escrevi. E sim, o elenco não apenas atendeu às expectativas, como as superou em muito. A atuação dos protagonistas, Angelique Boyer e Michel Brown, foi excepcional. E todo o resto do elenco esteve excelente. Isso é a melhor coisa que pode acontecer a um escritor.



Fabiola Colmenares e Rafael Novoa em foto promocional da novela 'Cosita Rica'. Créditos: Venevisión

Qual foi a telenovela mais difícil de desenvolver e por quê?

Talvez “Cosita Rica”, uma novela que escrevi em 2003 para a Venevisión, uma das maiores emissoras de TV da Venezuela. Porque foi uma novela de forte realismo social, intimamente ligado aos impasses da política nacional e à intensa tensão social que envolvia o país. Naquela época, tive que lidar com a censura do regime, suas ameaças veladas e abertas, e os temores da gestão do canal muitas vezes. Contraditoriamente, seu sucesso fez com que o canal quisesse se estender mais do que deveria, e isso sempre prejudica a qualidade do produto. Mas fomos capazes de concretizá-lo de uma forma realmente satisfatória. Infelizmente, a tensão social continua, agora transformada em uma crise econômica agravada e um confisco das liberdades essenciais dos venezuelanos.



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Ana Karina Manco e Guillermo Dávila em foto promocional da novela 'Contra viento y marea'. Créditos: Venevisión

‘Contra viento y marea’ foi uma das suas obras de maior sucesso da Venezuela, produzida em 1997, a novela teve Ana Karina Manco e Guillermo Dávila como protagonistas num enredo ousado e robusto. Como foi a experiência de escrever uma telenovela tão carismática e intensa?

Essa é uma novela que lembro com especial carinho, porque ficou realmente redonda em termos de história, realização e sintonia. Talvez, em termos de enredo, seja a história mais clássica que já escrevi. Mas ela tinha um casal principal que, como você diz, era muito carismático. Suas cenas de amor cruzaram a tela e o público sentiu o impacto de seus encontros e desencontros. Além disso, havia personagens cativantes, temperados com humor cômico caribenho.

 
Ana Karina Manco em arte promocional da novela 'La Mujer Perfecta'. Créditos: Venevisión

O drama ‘La mujer perfecta’ foi um divisor de águas na Venevisión em 2010, e parte disso graças ao grande elenco Mónica Spear, Ricardo Álamo e Ana Karina Manco. Como surgiu a ideia para escrever a novela?

Sempre achei que as histórias da televisão também devem gerar reflexões coletivas, embora o objetivo principal seja entreter e seduzir o público. Na Venezuela, como em outros países latino-americanos, existe uma perigosa obsessão com o culto à beleza feminina, beleza entendida em termos meramente físicos. Muitas mulheres gastam enormes quantias de dinheiro para aumentar o tamanho de seus seios e nádegas, aumentando os lábios ou afinando suas cinturas ao máximo. É o mito inútil da mulher perfeita. A melhor forma de questionar esse padrão cultural alienante - sinto - era contando uma história em que o protagonista tinha uma desvantagem aparente e única em relação aos demais. Então, dei a Micaela (personagem protagonista) uma condição especial, a síndrome de Asperger. Esse ponto de partida serviu para defender a inclusão das minorias, a compreensão das nossas diferenças e o cultivo da tolerância. É uma história da qual me orgulho muito, por tudo o que gerou após a sua transmissão.



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Camila Sodi como Rubí para o projeto do Fábrica de Sueños. Créditos: Televisa S.A/W Studios

A novela ‘Rubí’ ficou imortalizada em 2003 na memória dos telespectadores. Qual foi o principal desafio enfrentado ao produzir essa nova versão para o Fábrica de Sueños?

O principal desafio foi superar a nostalgia do telespectador pela história original, mas para um público como o mexicano, que está emocionalmente ligado de uma forma tremenda às suas tradições. E “Rubí” é um dos grandes clássicos da telenovela mexicana. Para conquistar isso, minha estratégia inicial foi pegar o conceito do que “Rubí” implica como um padrão feminino e adicionar outras camadas à sinopse original. Há também uma abordagem um pouco mais contemporânea na forma de narrar a história, pois há dois tempos narrativos: o passado (a história que a tornou uma lenda), e o presente (como seria a vida de Rubí vinte anos depois). A história e sua sequência, contadas no mesmo pacote. Assim, a própria Rubí conta seus casos amorosos a uma jornalista, que em última instância será decisivo no que acontecerá depois. Outro grande desafio foi compactar em 26 episódios de uma hora algo que foi originalmente contado em 115 episódios. Felizmente, a novela teve altíssima audiência não apenas no México, mas nos Estados Unidos. E agora começa sua jornada para o resto do mundo.



Carlos Montilla e Lilibeth Morillo em foto promocional da novela 'El Amor las Vuelve Locas'. Créditos: Venevisión

O que você achou da adaptação livre da sua telenovela “Contra Viento y Marea”, “El Amor las Vuelve Locas” que foi adaptada pelo Alberto Gomez em 2005 pela Venevisión?

Devo ser profundamente honesto. Não tive a chance de vê-la porque estava mergulhado de cabeça em um novo projeto. Mas Alberto Gómez é um veterano de guerra e conseguiu que sua adaptação fosse também um sucesso.

Angelique Boyer em cena da novela 'Amar a Muerte'. Créditos: Televisa S.A/W Studios

‘Amar a Muerte’ é a novela mais premiada da história do Premios TVyNovelas, o projeto ganhou destaque pela temática e também pela abordagem corajosa. Como foi a experiência de conduzir o roteiro dessa obra?

Eu faço uma precisão inicial. A novela foi dirigida, não por mim, mas por uma equipe de diretores liderada por Alejandro Lozano e Carlos Cock, que fizeram um trabalho fantástico. Todos os prêmios que recebemos naquela noite inesquecível foram a melhor recompensa possível, juntamente com o favoritismo do público ao longo de sua transmissão.



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Macarena Achaga e Bárbara López em cena da novela 'Amar a Muerte', que mais tarde ganhou uma série intitulada 'Juliantina' exibida pela plataforma digital do Las Estrellas. Créditos: Televisa S.A/W Studios

Inclusive partiu de ‘Amar a Muerte’ um dos casais mais shippados da internet: ‘Juliantina’ - protagonizado por Bárbara López e Macarena Achaga. Duas perguntas; primeiro: ‘Como foi conduzir um romance LGBTTQIAP+ de forma natural e sem estereótipos tão comuns em novelas latinas? E segunda; ‘Juliantina’ terá uma série e um filme: existe previsão para a estreia? Conte mais sobre o projeto.

O que aconteceu com as Juliantinas é simplesmente histórico. Nunca previ que algo assim pudesse acontecer. Quando apresentei essa subtrama aos produtores (que não está na história original), pedi um voto de confiança. Queria contar uma história de amor entre duas mulheres, sem cair em estereótipos ou estigmatizações típicas. Como fazer isso? Simples. Não tenho estereótipos sobre a comunidade LGBTTQIAP+. Em absoluto. Isso já me salvou de entrar nos pecados clássicos. Queria contar a história de dois seres humanos que se apaixonam. Ponto. O fato de serem do mesmo sexo era um detalhe que sem dúvida criava um nó de conflito dramático, mas o que as ligava era a emoção mais poderosa da alma humana, o amor, que não se preocupa com sexo, idade ou condição social. E foi contado com imenso respeito e uma dose necessária de sensibilidade. A chave para o sucesso das Juliantinas foi - sem dúvida - a extraordinária atuação de Macarena Achaga e Bárbara López, duas jovens atrizes que conseguiram atrair o público de todo o mundo rapidamente. No que se refere ao projeto do filme, sem dúvida houve um atraso, em grande parte marcado pela situação global da pandemia, que paralisou a indústria do entretenimento. E só agora, muito lentamente, vários projetos estão sendo reativados. Esperamos poder retomar o ritmo necessário e realizar o filme com o rigor e dedicação que merece. Sei que o fandom fica desesperado e inquieto, mas também é importante que entendam que já existiam outros projetos com os quais já estávamos comprometidos anteriormente e que - se não queremos decepcionar o público - devemos fazer o filme com a paciência e o tempo necessários.

Macarena Achaga e Bárbara López em cena da novela 'Amar a Muerte', o shippe Juliantina é um dos maiores fandons da América Latina. Créditos: Televisa S.A/W Studios

Angélica Aragón e Ari Telch em foto promocional da novela 'Mirada de Mujer' - Leonardo Padrón e Carlos Bardasano preparam o remake da obra para a Televisa. Créditos: TV Azteca

A W Studios anunciou que você irá adaptar ‘Si nos Dejan’ em uma nova parceria com Carlos Bardasano. Como é a experiência de compartir créditos novamente com Bardasano? E segundo; a história terá mudanças temporais e contextualização para o ano de produção?

Esse é exatamente o projeto em que estou imerso há meses. É uma história deliciosa, que estou gostando muito. É a terceira produção em que trabalho com Carlos Bardasano para a Televisa. A combinação até agora tem sido bem-sucedida e muito gratificante. E tenho certeza que com "Si nos Dejan" faremos muito bem. W Studios possui uma equipe humana altamente qualificada para produzir histórias de alto nível artístico. Eu me senti muito confortável trabalhando com eles. Esperamos, que os rigores da pandemia nos permitam entrar em produção muito em breve.

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Entrevista realizada para o selo 'Em Equipe' do site. Idealizada por Camila Júlia, Hiago Júnior, Graziely Sofia, Lorena Paixão, Gabriel Vitor e Gigio Hideki.


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