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CRÍTICA: Segunda Chamada - Um convite a reflexão sobre a educação brasileira

Elenco principal da série Segunda Chamada - Créditos: Rede Globo

A Rede Globo estreou sem grande alarde na última semana a série "Segunda Chamada". O seriado que tem como viés o Ensino de Jovens e Adultos, foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais e ganhou o apego dos brasileiros.


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Com um roteiro bem trabalhado, a produção brasileira reflete as emblemáticas da educação brasileira, suas fragilidades e cenários desconhecidos da grande massa. Com um diálogo aberto e didático sobre o tema, Segunda Chamada, é uma conversa sem interferências com o telespectador.

Acompanhamos os dois episódios do seriado já disponíveis da plataforma Globoplay e elencamos os pontos que merecem destaque na trama global. 

  
Corpo docente da série Segunda Chamada - Créditos: Rede Globo

Uma coprodução da Globo com a 02 Filmes, e escrita pelas autoras estreantes em voo solo Carla Faour e Julia Spadaccini, e estreando também na direção artística, Joana Jabace, Segunda Chamada narra o cotidiano de uma escola pública estadual da periferia de São Paulo, escola batizada com o nome de Carolina Maria de Jesus, uma das primeiras escritoras negras do Brasil, considerada uma das mais relevantes para a literatura nacional

Criação de Júlia Spadaccini (Tapas & Beijos), Jô Bilac (Vizinhos) e Carla Faour (Além do Horizonte), Segunda Chamada imprime a real condição da edução nos grandes centros brasileiros, os problemas do sistema educacional, que resvala com a falta de investimento público, carência dos educandos e na desmotivação do corpo docente. Victor Atherino, Giovana Moraes e Maíra Motta que também assinam o roteiro expõem ao grande público a realidade vivenciada todos os dias por professores nas salas de aulas de todo Brasil, seus medos, ansiedades, felicidades e entrega para com seus alunos. Uma classe reconhecida em um passado distante, que hoje, vive em evidência nas manchetes de jornais pela perseguição física e política. 


Frame da abertura do seriado "Segunda Chamada" - Créditos: Reprodução/Globoplay

Segunda Chamada, como o nome por si só já fica subtendido, é a segunda oportunidade que os alunos estão tendo no programa EJA (Educação de Jovens e Adultos) para poder concluir o Ensino Médio e poder assim ter o tão sonhado diploma de conclusão. 


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A série tem como protagonista a professora de português Lucia interpretada por Debora Bloch, a qual toma os alunos como filhos e faz de tudo para que eles não abandonem a escola, enquanto isso sua vida não é das mais facéis, cuida do marido que sofreu um AVC, e ao mesmo tempo tem um romance proibido com o diretor do colégio, Jaci interpretado por Paulo Gorgulho que faz seu retorno a Globo depois de anos na Record.

A direção artística é de Joana Jabace, conhecida pelo trabalho na novela Joia Rara e na primeira temporada de Filhos da Pátria, Joana, utiliza argumentos do cotidiano para dirigir o seriado e assim transmitir naturalidade dos fatos. Sua direção ágil, criteriosa e destemida faz com que os personagens soltem aos olhos do consumidor final, tamanha verossimilhança, os personagens acabam sendo confundidos com pessoas do dia a dia, indíviduos na qual cruzamos no ônibus, que batem o cartão no metrô, que tomam café na padaria todo santo dia. Pessoas reais.
 
Felipe Simas vive um motoboy viciado em medicamentos - Créditos: Rede Globo

O seriado ainda traz no luxuoso elenco a humorista Thalita Carauta com um papel carismático, a qual no primeiro episódio já mostrou que tem cacife para segurar sua professora de matemática, Silvio Guidane que desde os tempos de Record já mostrava que sabia viver personagens sérios, em Segunda Chamada chega para viver um professor de Arte, que vê em cada aluno, a oportunidade se ser um professor e uma pessoa melhor, Hemilia Guedes mais uma vez brilha e mostra que um professor também tem defeitos que podem ser superados.


Linn da Quebrada é um dos maiores acertos da série - Créditos: Rede Globo

Destaque no elenco ficam para Carol Duarte, que depois da malsucedida Sétimo Guardião, tem uma também uma nova chance de brilhar, José Dumont em mais um personagem comovente, e que só ele consegue interpretar, mais ninguém, Felipe Simas e Nanda Rodrigues com personagens batalhadores, mas que vivem com seus demônios como qualquer pessoa, temos a estreia de Linn da Quebrada que traz o debate do preconceito para ser discutido e ainda Teca Pereira para ser uns dos destaques com uma história visceral.

Linn da Quebrada é sem sombra de dúvidas um dos maiores acertos da produção. Sua densidade na construção de Natasha e o modo como opera as circunstâncias dos fatos que rodeam sua personagem, retratam não somente o preconceito e violência vividos por LGBTs no Brasil, mas também a própria vivência da atriz. A entrega é total e real. Linn que já despontava no cenário após a participação em Sequestro Relâmpago e Corpo Elétrico, agora consolida de vez sua carreira como atriz com Segunda Chamada. 


Hemilia Guedes em foto promocional da série Segunda Chamada - Créditos: Rede Globo

A trilha sonora é encabeçada por Comportamento Geral de Elza Soares que casou perfeitamente com a linda abertura, que se segue de Projota, Emicida, Belchior, Sabotage, Baco Exu do Blues e Djonga. 



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Colocada em um horário ingrato, na segunda linha de Shows da platinada, Segunda Chamada ficou infelizmente escondida, mas devido as reclamações, na próxima terça, Dia dos Professores irá ao ar mais cedo, após a Dona do Pedaço e para felicidade dos fãs, de acordo com a colunista Patrícia Kogut, a Globo e a O2 já encomendaram um nova temporada que estreia em abril. Os professores da história continuarão, mas somente três alunos vão continuar, pois alguns dos atores já estão em outras produções da emissora.

Segunda Chamada retrata a realidade da educação brasileira, suas mazelas, a falta de investimento, a carga horária desgastante para o professor que é desvalorizado, tendo que trabalhar uma jornada de trabalho maior para ter um bom salário. O professor que assume a função de pai ou mãe, que se envolve com seus alunos para poder tirar o melhor de cada um, e poder dar esperança e garantia de um futuro melhor. 



Cada episódio serve de reflexão para a sociedade como todo, para o cidadão que ainda insiste em julgar o trabalho de um professor em sala de aula, e daquele que aponta o dedo para aqueles que ousam estudar após a idade adulta. Segunda Chamada é uma série que coloca o dedo na ferida e que clama por apoio, que grita por uma educação de qualidade para todos.


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Crítica escrita por Hiago Júnior e Eduardo
 
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