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#AndaComigo: Reciprocidade

Ashton Kutcher em cena do filme "The Butterfly Effect" - Créditos: New Line Cinema.
Ashton Kutcher em cena do filme "The Butterfly Effect" - Créditos: New Line Cinema

FRUTOS, BORBOLETA: A VIDA

Debaixo do chuveiro, a água animando a sonolência da noite bem dormida. Naquele instante, as ideias vão surgindo, projetos, textos, demandas. A lista dos afazeres do dia é repassada para seguir corretamente a agenda, que é calculada de acordo com o correr dos ponteiros, sem atraso. Característica dos capricornianos, atrelados ao tempo, ao trabalho, à materialização dos sonhos.


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Simultaneamente, a escolha da roupa, do sapato, das meias coloridas. Já pensa em tudo enquanto o sabonete cumpre suas funções, o xampu lava os cabelos pretos. Os graus do clima, analisado pela janela, determinam: o casaco ou o moletom; o blazer ou a jaqueta; manga longa ou curta? Importa-se com a cor, certamente, relacionada ao sentimento daquela manhã.

  
Acelera! Borrifa o perfume, cama arrumada, mochila pronta. Café tomado.

Já está vestido, mas ao se olhar no espelho, instalado no corredor, sente-se nu. Fica incomodado com a imagem. Ao mesmo tempo em que se reconhece, observa-se de outra maneira. Desconhece-se. A velocidade da rotina o afasta dos momentos solitários. Nota um novo cabelo branco, uma espinha, um fio deslocado na sobrancelha. A pele suspirando por vitamina D, por melanina. Uma pinta desconhecida. Quer ficar pelado. A roupa cobre o verdadeiro eu, o interno, o ego. Algumas coisas vão perdendo o significado. Por que me visto assim? Qual será esse uniforme? Qual imagem tenho transmitido por aí? Questionou-se, voltando-se ao seu centro norteador. Lá dentro, algo se moveu. 


O espelho. Esse conselheiro silencioso. Mostra a verdade? Por que refletia naquele momento, naquela data? Queria transmitir algum aviso? Ouviu o silêncio para entender as respostas e, face a face, seguiu os instintos. Quis se entregar à transparência.  
 
Entrelaçou os braços no peito, acariciando-se. Sentiu aconchego no sorriso dos olhos. Intuiu amor próprio. Há muitos verões não se amava assim, percebendo-se sem os tecidos, as linhas, os cortes estilísticos. Projetou amor à anatomia, ao ser interno. Decidiu que teria um romance consigo, eternamente. Merecia aquele presente. Sem aniversário, sem calendário, sem celebração. Apenas, o presente. No cérebro, as frases: “cuide-se!” “Comece novamente”. “Por onde?”. Nesse diálogo, recebeu o retorno simples: “por dentro!”. Volte-se para lá.


Diante disso, decidiu se recolher. Era necessário aplicar reciprocidade a partir daquele recado. Valia a pena o recomeço, a troca, o colo, o abraço, o amor recebido e não cobrado. O sentimento direcionado a si mesmo é o combustível que impulsionaria aquela relação. Sem interesse a não ser pelos desejos de sua consciência. Entregou-se ao mistério da luz refletida pelo ouvinte que, literalmente, nada dizia, mas transmitia inúmeras mensagens, agindo como um terapeuta. Disse para a própria boca: “trate-se bem, para receber o melhor. Regue-se com seu amor, o próprio, para florescer, onde a beleza precisa brotar”. Ainda semente, ainda larva, ainda a concepção. A vida prosseguirá, em sintonia, com a natureza.

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Artigo publicado originalmente no site Blog do Juliano

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Juliano Azevedo 
Jornalista, Professor, Escritor, Terapeuta 
Mestre em Estudos Culturais Contemporâneos 
E-mail: julianoazevedo@gmail.com 
Instagram: @julianoazevedo

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