Aparato do Entretenimento: CRÍTICA | Te Quiero y Me Duele: "Criada por Cris Morena, série do HBO Max é um belo exemplo de como a revolução dos jovens pode trazer bons resultados"
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CRÍTICA | Te Quiero y Me Duele: "Criada por Cris Morena, série do HBO Max é um belo exemplo de como a revolução dos jovens pode trazer bons resultados"


Pôster promocional de "Te Quiero y Me Duele". Créditos: HBO Max Latinoamérica

Apostando em obras latinas, o HBO Latinoamérica investiu e trouxe novamente ao cenário das séries juvenis a premiada Cris Morena, autora de sucessos como "Chiquititas", "Rebelde Way", "Floricienta", "Casi Ángeles" entre outros. Com 13 episódios em sua primeira temporada, "Te quiero y me duele" foi renovada para uma nova leva de episódios (já gravados) e retorna em breve para o fechamento de alguns arcos.

Sinopse

Juan Gris é um rapper enfrentando uma batalha contra a gentrificação de seu bairro. Lola é uma garota de classe alta e filha do dono da construtora que ameaça o bairro de Juan. Quando eles se conhecem, ambos se conectam através da música.

O elenco de "Te quiero y me duele" é formado por Roberto Aguilar, Mar Sordo, Jorge Salinas, César Iván Díaz, Daniela Martinez, Heider Moreno, Pablo Carnes, María José Vargas, Nicolás Haza, Ana Celeste, Daniel Lozano, Luis Curiel, Vicky Araico, Marco de la O, Erika de la Rosa e Sissa.

Roteiro

"Te quiero y me duele" (Te amar dói) apresenta uma narrativa bem amarrada, atrativa e com o selo criterioso social de Cris Morena, a trama que narra um conflito de classes - é rico na construção de seus arcos, tanto no elo central, quanto nas abordagens bilaterais. A obra original é coesa, enfática e factual. Embora todo esse crivo acompanhe o desenrolar dos episódios, é preciso constatar que o desenvolvimento sofre com a condensação que a narrativa do gênero série possui. A sensação é que em alguns momentos, mais episódios trariam um resultado ainda melhor - e neste sentido - saber que novos episódios já estão confirmados trazem uma expectativa fugaz para um polimento textual mais enfático e distribuído. A presença de um elenco jovem, gírias e um mundo digital ao script atualizam o contexto e situam o ambiente ao modus social e até agridoce de Cris Morena. É bonito notar que a autora agrega camadas de interesse social ao projeto, o que não soa como uma aula de cursinho, mas sim integram o dilema dos personagens. E por falar neles, o roteiro é quente ao representá-los, pois eles assumem várias estéticas e personalidades conflitantes; que juntas não somente entregam os conflitos que gerem o seriado como também demonstram uma visão de mundo ampla e disposta a respeitar as minorias.

Direção

A direção é de certa forma ousada, dada as devidas proporções que limitam uma trama voltada para o público jovem, os takes respeitam a linha temporal de acontecimentos e tratam a estória como um completamento narrativo, tal como deve ser. O atrativo fica a cargo novamente da fonografia que abraça o projeto do começo ao fim, são canções e musicais que assemelham-se a assinatura de Cris Morena como produtora. A expressão da arte, os dramas dos personagens e as mágoas que guardam - ganham voz através da música, e da direção atrativa.

Atuações

As atuações são boas, mesmo em face da pouca experiência de alguns atores que de fato estreiam na série, os artistas entregam interpretações lineares e respeitosas, dado o zelo e a mão de Cris Morena no projeto. E neste sentido a escalação é inteligente, justamente por mesclar nomes do mercado com vasta experiência, como o de Majo Vargas, por exemplo, ao de jovens promessas do cenário audiovisual latino-americano.

Trilha Sonora

Morena sempre esteve a frente de suas trilhas sonoras e com "Te Quiero y Me Duele" não foi diferente. Com anos de experiência na indústria musical, Cris capta toda a identidade da história e conta através de suas composições à partir do ponto de vista do personagem, sua jornada mais profunda.

Com referências as músicas mais antigas de seu catálogo, Morena buscou modernizar-se com gêneros mais urbanos, cedendo espaço para toques mais variados, o que garantiu a mescla com o clássico. Assim a criadora conseguiu retratar os dois lados opostos de Lola e Juan Gris, dois antagônicos que possuem vivências diferentes que acabam sendo vistas em suas performances emblemáticas ao decorrer da série.

T-Rob é um cantor de mão cheia, o seu lado mais vulnerável é visto em cada nota de Juan Gris, em suas composições e na forma como performa. Ele é um gênio da rima, a lírica está no seu sangue e reafirmo nesta crítica, ele é o maior acerto do casting de Morena.

A voz soprana de Mar Sordo é um deleite para nossos ouvidos, ela é como uma brisa de verão suave, doce e delicada. Uma cantora que está pronta para ganhar o mundo se quiser.

Destaques: Positivos ou negativos

📌 Alguns temas ganham um desenvolvimento coeso dentro da proposta, entre eles a sexualidade; aliás ela é um termo bastante recorrente na obra.

📌 Jorge Salinas é sem sombra de dúvidas o nome mais conhecido do elenco, com um vasto currículo nas novelas mexicanas, bem como teatro e cinema; seu antagonista em "Te Quiero y Me Duele" não representa o seu melhor papel nesta trajetória. Não é um personagem ruim, longe disso e sua participação mais tímida é até coerente dentro de um cenário onde os jovens são as estrelas, porém é preciso evidenciar que o ator poderia ser melhor aproveitado.

📌 Quem acompanha novelas latinas, facilmente associa o nome de Majo Vargas a algumas delas, sendo portanto do elenco jovem uma das mais conhecidas. Sua carreira sólida agora ganha uma nova camada: ser uma fatia do mundo criativo de Cris Morena. Como cantora, Majo desempenha um belo papel que para mim, o autor da crítica é algo novo e bem-vindo. Sua personagem é inteligente e interessante, braço direito do protagonista; ela é um contraponto que merece maior destaque na segunda temporada.

📌 Mar Sordo e T-Rob funcionam bem como casal, os estreantes protagonistas entregam um salto positivo na obra. A perspicácia de introduzirem "desconhecidos" do grande público foi inteligente, pois a cobrança na obra é menor, além de abrir espaço para novos talentos ganharem notoriedade: o que de fato aconteceu.

📌 A introdução de frases de efeito ao inicio e final de cada episódio em uma espécie de elo emocional criam um cenário atrativo e pasmem lembram até uma "fábula" recitada por Cris Morena, como se ela contasse a estória sentada em um divã.

📌 Luis Curiel é jovem, mas possui uma carreira bem sólida no cenário do audiovisual latino-americano. Bastante reconhecido pelo seu papel na série "Control Z" da Netflix, Curiel desempenha uma atuação acima da média como o vilão jovem de "Te quiero y me duele". Até arrisco dizer que em todas suas inserções ele rouba a cena e mostra o grande ator que é.

📌 Os offs impactantes são a marca de Cris Morena desde seus textos mais antigos e é onde a mesma imprime suas habilidades e conhecimentos sociais, e entrelaçar isso com as artes plásticas que é a paixão da mãe do protagonista foi uma sacada genial da narrativa de Morena. Um assertivo artifício que tornou a experiência mais realista na submersão dos personagens.

📌 E por fim, é preciso destacar o belo trabalho na escalação do elenco. É tão válido e representativo ver novas caras e corpos ganhando brilho no streaming.

Em sua primeira temporada, "Te quiero y me duele" consolida o regresso de Cris Morena através de uma obra coerente e atualizada. Um projeto que merece ser consumido, pois a revolução apenas começou.

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Escrita por Hiago Júnior com a colaboração de Graziely Sofia.

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