Aparato do Entretenimento: CRÍTICA: Com uma narrativa mais lenta, 'Fuego Ardiente' apresenta protagonistas que envolvem-se sem medo de julgamentos
ÚLTIMAS NOTÍCIAS
Search

CRÍTICA: Com uma narrativa mais lenta, 'Fuego Ardiente' apresenta protagonistas que envolvem-se sem medo de julgamentos

Carlos Ferro e Mariana Torres em foto promocional da novela 'Fuego Ardiente. Créditos: Televisa S.A

O Las Estrellas estreou no dia 08 de fevereiro 'Fuego Ardiente' melodrama original que marca o retorno do produtor executivo Carlos Moreno a Televisa. A obra que apresenta Carlos Ferro, Mariana Torres, Claudia Ramírez e José María de Tavira como protagonistas é a nova opção para os telespectadores da faixa das 06h30pm no México.

Siga o nosso perfil no Instagram
@aparato_entretenimento



Considerada até o presente momento um folhetim lento por alguns espectadores, a composição televisiva ainda não emplacou na audiência, embora seja um drama rural com vilões tensos e mocinhas que não se submetem a 'macho' algum, a proposta de 'Fuego Ardiente' não conseguiu a proeza de abraçar o público do sofá (que de uns tempos para cá está cada vez mais difícil). Nesta crítica trago minhas primeiras impressões da obra de Martha Carrillo e Cristina García. Siga comigo.


Claudia Ramírez e José María de Tavira em cena da novela 'Fuego Ardiente'. Créditos: Televisa S.A

Conheça a trama

Para os Ferrers a sede de vingança é uma válvula de escape, após  muitas falcatruas essa sede é despertada não só porque Gabriel (Carlos Ferro) e Alexa (Mariana Torres) dão uma chance ao amor mais proibido possível, mas porque descobrem que por trás do negócio familiar da elaboração de azeite que possuem, esconde o negócio ilícito de falsificação de cédulas e um misterioso desaparecimento.

O elenco é de 'Fuego Ardiente' é formado por Mariana Torres, Claudia Ramírez, Carlos Ferro, José María de Tavira, Claudia Martín, Kuno Becker, Arturo Peniche, Laura Flores, Fernando Ciangherotti, Yolanda Ventura, Luis Gatica, Jaume Mateu, Bárbara Islas, Dayren Chávez, Agustín Arana, Socorro Bonilla, José Elías Moreno, Odiseo Bichir, Maya Ricote Rivero, Sebastián Poza, Candela Márquez, Chris Pascal, Carlos Speitzer, Christian Ramos, Andrea Fátima, Luis José Sevilla, Daniel Martínez Campos, Jorge Cabalerro, Luz Edith, Carmen Delgado, Juan Luis Arias, Medín Villatoro, Said Sandoval, Leo Casta e Miranda Kay.


Adriano e Katia se beijam em cena da novela 'Fuego Ardiente'. Créditos: Televisa S.A

Fotografia, cenografia e figurino

A estória da telenovela é ambientada em uma fazenda produtora de azeite, e embora seja um melodrama rural a produção também recorre com muita frequência a externas na praia e em grandes centros comerciais. Essa mistura bem eclética faz com que a equipe de cenografia, fotografia e figuração busque argumentos para costurar todo esse enredo e diferenciar cada local de seus respectivos núcleos e personagens. 

As cenas gravadas na fazenda dos Ferrers e na pequena vila próxima são apresentadas ao público em tons bem coloridos, remetendo logo a cultura rural e mexicana daquela região. O uso de adereços, vestidos, calças jeans, colares e botas também é presença garantida. Por sua vez, os takes gravados na praia apresentam uma coloração avermelhada que conversa muito bem com as câmeras aéreas que tem a missão de abrigar todo o frescor do oceano e o calor da areia da praia. O figurino também é coerente: biquínis, sungas, maiôs, roupas de mergulho. Tudo bem pensado para ilustrar com exatidão a trama.

As passagens de cena habituadas na cidade principalmente associadas ao núcleo da polícia, assim como da protagonista Alexa e seu marido Joaquín não destoam das já citadas. São coerentes e isso é um fato, porém não apresentam nada de novo, em uma alusão aos cenários já vistos nos últimos anos na Televisa, tampouco é algo que fuja do factual.


Carlos Ferro como Gabriel, seu protagonista em 'Fuego Ardiente'. Créditos: Televisa S.A

Direção

Trabalhar com a mesma equipe em várias telenovelas é algo muito comum nas produções mexicanas, situação que se repete em 'Fuego Ardiente'. Carlos Moreno convocou o trio Lily Garza (Mujeres de negro e A que no me dejas), Karina Duprez (Cuando me enamoro e En nombre del amor) e Jorge Robles (Quiero amarte e Enamorándome de Ramón) para conduzir a direção de cena da sua nova novela. O resultado é comprovado na tela, o DNA de Moreno foi preservado. O público está vendo um novo romance, correto, mas a linha estética e técnica continua intacta graças a preservação da equipe. Isso é bom.

O diferencial fica mesmo por conta de Alejandro Álvarez (Qué pobres tan ricos) e Armando Zafra (La candidata, Cuna De Lobos (2019), Abismo de Pasión) que juntos assumem a direção de câmeras, trazendo uma visão um pouco diferente de apresentação da estória. Por exemplo, as cenas de perseguição dos primeiros capítulos, bem como a estruturação dos takes de fuga, investigação e morte de alguns personagens possuem delineamento que divergem um pouco das tramas tradicionais de Carlos Moreno e isso é também é interessante.

Siga a nossa revista no Flipboard
View my Flipboard Magazine.

Quarteto de protagonistas. Créditos: Televisa S.A

Produção

Por falar em Carlos Moreno Laguillo, ele marca com a estreia de 'Fuego Ardiente' seu retorno a grade da Televisa após produzir a apagada 'Y mañana será otro día mejor' em 2018 (que este colunista gosta muito). Ao seu lado Eduardo Elizalde, produtor associado que tem no folhetim sua primeira grande oportunidade no cenário das novelas como associado. Elizalde que já havia trabalhado com Moreno no passado em 'Bajo la misma piel' na função de gerente de produção possui uma visão bem alinhada com a de Laguillo.

Logomarca da novela 'Fuego Ardiente'. Créditos: Televisa S.A

No Brasil Carlos Moreno ainda é pouco conhecido, o produtor possui até o momento apenas duas novelas exibidas por aqui na TV aberta. 'Sueños y Caramelos' na CNT e agora 'Cuando me Enamoro' pelo SBT. Essa última bastante fresca na memória do público noveleiro pode servir como meio de comparação com 'Fuego Ardiente'. As tramas do showrunner mexicano trabalham sempre com a mesma cartela de efeitos e transições de cena, e nesta nova não é diferente. 'Fuego' apenas contextualizou e modernizou as transições, mas o esqueleto continuou. Outro DNA marcante do produtor é a utilização do 'A' em mais uma logomarca. Assinatura que ele usa desde 2008 quando lançou 'En nombre del amor'. 


Mariana Torres, Carlos Ferro e Claudia Martín, o triângulo amoroso de 'Fuego Ardiente'. Créditos: Televisa S.A

Roteiro

Quando o nome de Carlos Moreno é citado logo um combo vem junto, as escritoras Martha Carrillo e Cristina García. Triângulo responsável por novelas como 'Amor Bravío', 'Cuando me Enamoro' e 'A que no me dejas' - tríplice aliança que também é a responsável por 'Fuego Ardiente'. 

Texto original das roteiristas, o romance em questão foi guardado a sete chaves por anos, deixado de lado durante outros, e tudo para conseguir alocar a adaptação de outras telenovelas como por exemplo as citadas acima. Longe da televisão, o convite surgiu e logo a escolha foi óbvia: concluir o script de 'Fuego Ardiente' e levá-lo ao ar. 

O roteiro do novelo de acontecimentos é lento, nada muito diferente de outras novelas de Martha e Cristina. Elas apresentam tudo em doses homeopáticas, criando laços entre os personagens e explicando ao público as motivações. É o tempo delas. Nada disso é novo. Sobre 'Fuego Ardiente' pesa ainda o fato de ser um texto original e a evidente espera por algo fora do comum, pois já que não é um remake de algo já batido, a expectativa é alta. Contudo é muito cedo para concluir que a novela é ruim ou se ela irá se perder, audiência é resposta, mas nem sempre. O capítulo exibido na última sexta-feira, 19 de fevereiro mostrou que o romance pode ganhar ritmo assim que as peças forem se encaixando. No quesito textual a telenovela não peca em nada, é bem coerente e oferece temas interessantes para discussão, sendo um deles o abuso de Joaquín sobre Alexa, bem como a ilustração da fabricação de azeite. O romance proibido entre os protagonistas entrará no jogo de intrigas em breve, assim como a gravidez precoce.

Siga o nosso perfil no Pinterest

Capa do single 'Este Fuego' tema da novela 'Fuego Ardiente'. Créditos: Warner Music

Trilha sonora

Composta por Jorge Eduardo Murguía, Julio Reyes Copello e Mauricio Arriaga, Este Fuego leva a produção musical de Julio Reyes através do selo da Warner Music Latina. Tema de abertura da novela e também do casal Gabriel e Alexa, o single interpretado somente por Joy da dupla mexicana 'Jesse & Joy' é um 'chiclete romântico da melhor marca'. É quase impossível não cantarolar a música quando ela começa a tocar na trama, até em demasia (fato), mas é algo tão gostoso e simbólico aos ouvidos que é facilmente aceitável esse equívoco.


Além de 'Este Fuego' - Joy também canta o tema do casal Irene e Fernando, os outros dois protagonistas. Composta pelo músico Armando Manzanero Canche e produzida por Ettore Grenci através do selo da Warner Music Latina, a canção 'No Sé Tú' narra um amor impossível assim como o dos personagens que vivem um romance que foge do 'tradicional'. A música diferente da anterior não é tocada a todo momento no melodrama, embora seja bastante requisitada. É Bem produzida na mesma proporção da anterior.



Claudia Ramírez como Irene. Créditos: Televisa S.A

Destaques

Nos dez primeiros capítulos já exibidos de 'Fuego Ardiente' é possível notar que aos poucos os atores vão se soltando e mostrando a densidade e as camadas de seus personagens. Alguns antes, outros mais tarde. Mariana Torres por exemplo entregou uma atuação correta e esperada da sua protagonista, uma mulher forte, destemida e que encontra no amor sua grande fraqueza. Ela ainda pode muito mais e o andamento da história pode ajudá-la neste sentido. O mesmo acontece com o Gabriel, o personagem de Carlos Ferro foi muitas vezes apático nestes primeiros capítulos, o intérprete não conseguiu soltar-se muito em cena devido ao fraco desenvolvido inicial de Gabriel. Contudo, a julgar pelos próximos capítulos essa visão pode mudar radicalmente, Gabriel irá se opor contra a família Ferrer e criar um abismo que irá exigir de Ferro como ator uma estrutura autoral bem alicerçada.

Em contrapartida alguns atores destacaram-se rapidamente, seja pela doçura ou pelo fervor. Claudia Ramírez é uma, Irene é terna, bondosa e altamente amiga, o que não significa que seja um 'zero a esquerda'. Sua perspectiva de vida é bem aberta. Ela quer algo maior em sua vida, e por isso busca novos horizontes profissionais e também um amor para preencher seu vazio. Sua entrega de cena com Fernando (José María de Tavira) é singela e enche os olhos. É direcional torcer para que eles se envolvam, enfrentem as adversidades e consigam enfim, ser felizes.  

Claudia Martín como Martina, a antagonista da história. Créditos: Televisa S.A

'Uma montanha-russa de emoções' é com essa expressão que Claudia Martín se refere a sua antagonista Martina. Apagada no primeiro capítulo, a influencer digital ganhou destaque à partir do segundo capítulo e desde então roubou a cena. Não é demérito, mas Martina é a melhor personagem até o presente momento. Repleta de camadas que vão da risada ao ódio, a personagem é o fio condutor de grande parte da estória e que funciona tanto como alívio cômico, quanto como figura melodramática. O convite para Claudia Martín foi bem assertivo e a atriz pode conseguir com Martina algo bem semelhante a sua vilã de 'Amar a Muerte'.

Vilão asqueroso e frívolo, assim é Joaquín personagem defendido por Kuno Kecker. Crédtos: Televisa S.A

Frio, calculista e debochado. É com esse ângulo teatral que Kuno Becker marca seu retorno as novelas. Joaquín, seu personagem foi um dos destaques desde o primeiro capítulo; olhar assustador, jeito metódico de planejar e com uma arma sempre em punho, Becker tem entregado uma atuação bem interessante. O jogo cênico com a personagem de Mariana Torres também é bastante elogiável, não no quesito 'criação artística' pois Joaquín é a própria definição de abuso físico, sexual e psicológico, mas sim na entrega final. Na tela é possível notar o medo que seu personagem gera através de expressões, risos sarcásticos e olhares medonhos. Por falar na fisionomia facial, Kuno está quase beirando o excesso. Uma segurada ali seria uma boa opção. 

Siga o nosso perfil no Google News

Fernando Ciangherotti, Dayren Chávez e Jaume Mateu também são destaques positivos dessas duas primeiras semanas de 'Fuego Ardiente'.

Parte do elenco de 'Fuego Ardiente'. Créditos: Televis S.A

Qual a conclusão final?

'Fuego Ardiente' é uma novela de narrativa lenta, original e com protagonistas de histórias de vida interessantes. É uma trama de característica singular, justamente por apresentar um drama rural alinhavado a um desaparecimento, briga por herança e falsificação de dinheiro - e todo este cenário em meio a fabricação de azeite. Complicado? Muita informação ao mesmo tempo? Até um pouco, mas nada tão impossível de compreender. A novela tem todos os predicados para conseguir se reerguer na audiência nas próximas semanas, o revés mais uma vez será o público do sofá comprar uma telenovela moderna onde seus protagonistas se envolvem mesmo tendo certo grau de parentesco.

Curtiu a crítica? Então compartilhe e faça este conteúdo chegar a mais pessoas. Escrito por Hiago Júnior. 

Siga-me no Twitter: @Hiago__Junior 



Aparato do Entretenimento

Criado em 2014, o "Aparato do Entretenimento" traz ao seu leitor uma gama versátil de conteúdo. Conta com colunistas especializados em áreas de atuação diferentes, que visam desta forma atender a você querido(a) leitor(a). Além da sua visita, esperamos ser seus amigos e como seremos pode nós dar aquela dica para melhorar, um puxão de orelha, elogiar. Acima de tudo queremos sua participação.


0 thoughts on “CRÍTICA: Com uma narrativa mais lenta, 'Fuego Ardiente' apresenta protagonistas que envolvem-se sem medo de julgamentos