Aparato do Entretenimento: Sucesso no passado: Por que as novelas mais recentes de Salvador Mejía não foram exibidas no Brasil?
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Sucesso no passado: Por que as novelas mais recentes de Salvador Mejía não foram exibidas no Brasil?

Gabriela Spanic, Leticia Calderón e Victória Ruffo em fotos promocionais das novelas 'A Usurpadora', "Esmeralda' e 'A Madrasta' todas telenovelas de Salvador Mejia que fizeram sucesso no SBT - Créditos: Televisa S.A

Essa coluna já abordou o sucesso de Nathalie Nartilleux no Brasil, os erros e acertos de Juan Osorio e agora chegou a vez de escrever sobre outro grande produtor de novelas mexicanas, o saudoso Salvador Mejía.


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Longe das novelas desde 2017 quando levou ao ar no México a problemática 'En tierras salvajes' - Mejía - acabou tendo seu contrato com a emissora de San Angel não renovado. Nas últimas semanas seu nome voltou a ser ventilado por parte da indústria mexicana, alimentando um possível retorno ao canal que consagrou sua carreira, mas nada até agora foi confirmado pela alta cúpula da Televisa.

Salvador Mejía é bem conhecido no Brasil, ou ao menos suas produções; a começar por 'La Usurpadora' - um dos seus folhetins com maior força no país do carnaval. Nesta coluna especial vamos recordar alguns de seus maiores sucessos e colocar uma pergunta em cheque: 'Por que as novelas mais recentes de Salvador Mejía não chegaram ao Brasil'?





Nora Salinas, Fernando Colunga e Letícia Calderón em cena da novela 'Esmeralda' - Créditos: Televisa S.A

Assim como Juan Osorio, Salvador Mejía não começou do nada. Antes de dar o ponta pé inicial como produtor executivo, Mejía foi creditado como coordenador de produção e produtor executivo, trabalhando ao lado de outros expoentes do segmento latino, como Raquel Parot, Luis Gimeno, Beatriz Sheridan, Verónica Pimstein e Carlos Sotomayor, o que acaba dizendo muito sobre o estilo do produtor no inicio de sua carreira. 

Sua primeira telenovela na Televisa foi 'Esmeralda' produção de 1997 baseada no texto da novelista cubana Delia Fiallo. A trama protagonizada por Fernando Colunga, Leticia Calderón e Nora Salinas foi um sucesso momentâneo. Exibida no Brasil, o folhetim chegou até a ganhar uma versão brasileira em 2004 encabeçada por Bianca Castanho e Claudio Lins. O melodrama também marcou o inicio de uma ligação com sua esposa, a também produtora de novelas Nathalie Lartilleux, que passou a assinar em parceria com Mejía em obras posteriores e com o tempo remodelar suas próprias telenovelas.


Laura Zapata interpretou Fatima em 'Esmeralda' uma vilã com todos os elementos mexicanos - Créditos: Televisa S.A

O estilo de Salvador Mejía em 'Esmeralda' já dizia muita coisa, ou aliás, nem tanto. O produtor mostrou capacidade em coordenar um folhetim e melhor, priorizou tudo que havia aprendido com seus mestres. O pragmatismo e a incoerência em algumas abordagens também é notório, principalmente por dar voz e espaço para diálogos machistas e que iam a favor do didatismo da época, onde a mocinha sofria nas mãos de primas invejosas, namorados desarmônicos e vilãs estereotipadas. Neste segmento Mejía foi seguindo a onda do momento e consagrou-se com honras.  


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Fernando Colunga e Gabriela Spanic em foto promocional da novela 'La Usurpadora' - Créditos: Televisa S.A

Se com 'Esmeralda' o êxito já tinha sido alcançado, então com 'La Usurpadora' o ápice do extremo havia chegado. No atual cenário é quase impossível não associar novela mexicana ao título 'A Usurpadora' e tudo isso se deve a internacionalização da trama que é uma das mais difundidas em todo mundo. 

Bem escrita, produzida e com elenco bem posicionado - A Usurpadora - teve ao seu favor a duração. Ao todo são pouco mais de 100 capítulos, que através de uma abordagem até que rápida, entrega ao espectador uma boa dose de drama, romance e suspense.

A história da escritora e rádio-novelista cubana Inés Rodena já era um tanto quanto batida no México, com versões para TV e rádio, mas o remake da obra condensou os acontecimentos através de uma narrativa que endeusava a vilã e desmerecia a mocinha, isso tudo em uma perspectiva familiar. O abraço do público foi instantâneo. Com 'La Usurpadora' Mejía lançou Gabriela Spanic para o cenário da teledramaturgia e alavancou as carreiras de Fernando Colunga, Chantal Andere, Dominika Paleta, entre outros.


Thalía em foto promocional da novela 'Rosalinda' - Créditos: Televisa S.A

Mas no ano seguinte Salvador Mejía conheceu o gosto de seu primeiro 'fracasso'. 'Rosalinda' foi divulgada com muito entusiasmo e justamente por trazer Thalía como protagonista. De fato a telenovela ganhou uma repercussão muito grande na mídia, mas o que foi visto na tela não condizia com todo o glamour. Salvador Mejía repetiu boa parte da equipe no projeto, que contou até com a direção de Beatriz Sheridan, mas o público já havia torcido o nariz. Contudo 'Rosalinda' acabou comportando-se de uma maneira benéfica em âmbito internacional, sendo bem posicionada no ranking de distribuição. A trama de fato marcou o desligamento de Thalía das novelas, que passou então a dedicar-se a música.  


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Alejandra Barros e Jorge Salinas em foto promocional da novela 'Mariana de la noche' - Créditos: Televisa S.A

'Abrázame muy fuerte', 'Entre el Amor y el Ódio' e 'Mariana de la Noche' foram a sequência triunfante de Mejía após a estranha 'Rosalinda'. O retoque da adaptadora Liliana Abud nas obras do produtor já era uma passagem obrigatória, com vilãs distópicas, atormentadas, situações que fugiam da capacidade de compreensão, tudo aliado à casais com boa entrega. O típico romance rosa que agradava o telespectador, então se o público pedia, Abud e Mejía entregavam.


O quem matou foi um elemento bem trabalhado, em meio a tantos suspeitos era possível encontrar provas em todos eles. Créditos: Televisa S.A

De fato Salvador Mejía vivia uma boa fase na Televisa e a inspiração resultou em um dos seus melhores trabalhos na emissora, em 2005 ele levou ao ar 'La Madrastra' obra que trazia Victoria Ruffo e César Évora como protagonistas maduros e que fugiam da vibe antes propagada do canal, além das interpretações viscerais de Jacqueline Andere, Sabine Moussier, René Casados, Martha Julia, Guillermo García Cantú, Cecilia Gabriela e Lorenzo de Rodas como vilões frívolos, egoístas, egocêntricos e sobretudo gananciosos.

O script para TV assinado por Liliana Abud, mostrava o perfeito entrosamento da dupla, que em consonância com a direção assinada pelo trio Víctor Fouilloux, Eric Morales e Édgar Ramírez criaram uma atmosfera de suspense e drama, num thriller alucinado onde a protagonista clamava por justiça em meio a um covil de suspeitos.

Com exceção de 'Mundo de Feras' nenhuma outra novela após 'La Madrastra' desembarcou no Brasil, ao todo são nove tramas inéditas de Salvador Mejía que sequer foram citadas pela imprensa brasileira como possíveis exibições futuras. 'La Esposa Virgen' e 'Fuego en la Sangre' por exemplo, são folhetins aceitáveis e que apesar de terem no elenco Adela Noriega, uma atriz de excelência não despontam como novelas 'a exibir'.

De fato dentre as que restam, pouca coisa é realmente boa. 'En tierras salvajes', 'Las amazonas' e 'Lo imperdonable' seus melodramas mais recentes, por exemplo, padecem de erros de produção, escalação e que passaram praticamente em branco em seu país de origem. 

'La Tempestad' por sua vez já esteve disponível no catálogo da Netflix cerca de alguns anos atrás com dublagem em português, mas o tom soturno e protagonistas pouco carismáticos também são assinaturas marcantes da obra, que destaca-se unicamente pela abertura interpretada por Alejandro Fernández e Christina Aguilera.



'Qué bonito amor' e 'Triunfo del Amor' figuram como novelas variantes, a primeira teve até certa audiência e uma história aceitável, já a segunda de positivo, quase nada. Talvez só a valia de trazer Maite Perroni, William Levy, Victoria Ruffo e César Évora, atores com boa aceitação de público no Brasil. Adaptação do clássico 'El Privilegio de Amar' a trama trouxe inúmeros equívocos de roteiro, produção e atuação, mas que numa eventual exibição no Brasil muito provavelmente seriam diluídos e aceitos pelas 'donas de casa'. 


Aracely Arámbula e Eduardo Yáñez em cena da novela 'Corazón Salvaje' - Créditos: Televisa S.A

E por fim 'Corazón Salvaje' é o supra sumo de tudo que poderia dar errado numa telenovela. É outra que tem um bom elenco preso numa adaptação pífia. Mejía até tentou reviver o clássico irretocável de José Rendon protagonizado por Edith González e Eduardo Palomo, mas perdeu-se.


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Para finalizar essa matéria contei com o depoimento do Eduardo Alves, colunista de novelas aqui do Aparato.


Salvador Mejía é um grande produtor que realizou grandes clássicos mexicanos, fez ótimas novelas como ‘A Usurpadora’, ‘Abraça-me Muito Forte’ e ‘Fogo no Sangue’. Mejía sempre foi muito bom com escalações de elenco, mas muitas vezes se perdeu em algumas situações absurdas que faziam com que suas novelas ficassem conhecidas como ‘circos’, havia necessidade, por exemplo, de colocar Estela para voar em Abraça-me Muito Forte’? Claro que não, foi a partir disso que seus folhetins começaram a ganhar fama de duvidosos. Foi um produtor que viveu momentos triunfantes na Televisa, mas que desde 2009 não consegue emplacar nenhum sucesso.

Após mergulhar na trajetória de Salvador Mejía é possível responder ao questionamento inicial.


'Por que as novelas mais recentes de Salvador Mejía não chegaram ao Brasil'? 

Apesar de ser um representante das novelas mexicanas clássicas, Mejía não adaptou-se ao novo 'rosa' - tramas com maior representatividade, assuntos que norteiem o cotidiano e com estampas irracionais de vilões. O espaço para o clássico ainda é necessário nas produções, como um ingrediente primordial é essencial numa receita, pois é ele que alinhava todos os núcleos e cria alusão de novela. O exagero no óbvio, muitas vezes, enjoa. 


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