Claudia Martín em foto promocional de 'Sin Tu Mirada' - Créditos: Televisa S.A |
Você sem sombra de dúvidas já deve ter assistido alguma das versões de "Esmeralda", estou certo? Seja Topázio, Esmeralda 1997, Esmeralda 2004 ou qualquer outra... A história de Delia Fiallo é sempre a mesma, uma moça, deficiente visual que no seu nascimento é trocada de família para satisfazer o machismo do patriarca.
Na coluna dessa semana, o tema é "Sin Tu Mirada" a mais recente versão de Esmeralda produzida pela Televisa e uma das próximas exibições do SBT.
Claudia Martín como Marina Ríos em foto promocional de "Sin tu Mirada" - Créditos: Televisa S.A |
Produção
Ignacio Sada Madero, teve poucas de suas produções exibidas no Brasil, assistente de produção de telenovelas do produtor Valentín Pimstein, Sada, ficou conhecido por ser um dos pupilos do grande produtor e imprimir a assinatura em suas telenovelas de algo mais lúdico, infantilizado e fantasioso. Uma espécie de conto de fadas. Porém em "Sin Tu Mirada" Ignacio mudou esse estereótipo e formulou junto a equipe de roteiristas algo notório e contextualizado com a nova imagem da mulher do século XXI.
Sin Tu Mirada é uma trama rosa, repleta de empecilhos para atrapalhar o romance dos protagonistas. Vilões marcantes, coadjuvantes com voz ativa e elenco entrosado. Uma trama já batida que soube se reinventar e trazer uma boa mensagem ao público. Tudo isso devido a correção de espaço tempo.
Claudia Martín e Osvaldo de León, o casal protagonista de "Sin Tu Mirada" - Créditos: Televisa S.A |
Protagonistas
Claudia Martín e Osvaldo de León são os protagonistas de "Sin Tu Mirada" - rostos quase que desconhecidos para o grande público brasileiro - a dupla tem um entrosamento e entrega em cena bem promissora. É perceptível a tentativa de Ignacio em lançar um casal shippável e que agradasse o telespectador pelo conjunto: talento e beleza. Ponto assertivo.
Claudia Martín é uma atriz nova e com pouco tempo de experiência, mas que tem uma presença de cena e simpatia marcantes. Seu jeito meigo, doce e vezes ácido de atuar, fazem de Marina uma personagem notória. Osvaldo de León é o elo com maior embasamento técnico do casal, mais experiente o ator é o contraponto necessário para a leveza e inocência de Claudia.
Coadjuvantes
Scarlet Gruber e Emmanuel Orenday, formam o casal coadjuvante da trama. O já conhecido romance proibido entre a moça da cidade com o peão da fazenda. Scarlet, estrela teen de 'Vikki RPM' ressurge no papel já vivido por mulheres mais maduras, que na versão de 2017, foi rejuvenescido para alocar o jovem Emmanuel Orenday, ator da série de sucesso "El Señor de los Cielos".
A química em cena entre ambos é digna de entretenimento e torcida do público, que acaba, mais uma vez dividindo-se entre shippar os protagonistas ou seus coadjuvantes.
Emmanuel Orenday e Scarlet Gruber em foto promocional de "Sin Tu Mirada" - Créditos: Televisa S.A |
Roteiro
O trio, Félix Cortés-Schöler (Mi adorable maldición), Claudio Lacelli (Cuna de Lobos 2019) e Gabriela Ortigoza (Simplemente María 2016) assinam o roteiro de 'Sin Tu Mirada' - fortalecendo o vínculo e a figura da mulher - a remasterização do clássico dos anos 70 é entregue mastigado ao espectador com noções de empoderamento feminino e fortalecimento da imagem, longe do retrocesso dos remakes anteriores.
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Diálogos importantes, precisos e coerentes fazem de 'Sin Tu Mirada' não só uma telenovela, mas uma trama pertinente a nova visão que a própria Televisa tem buscado com o passar dos anos, mostrar a realidade e lutar pela fala conjunta, onde todos são iguais.
Carlos de la Mota como Isauro Sotero em foto promocional de "Sin Tu Mirada" - Créditos: Televisa S.A |
Vilões
Carlos de la Mota e Eduardo Santamarina são os grandes algozes de Sin Tu Mirada, a figura paterna, medonha e disfuncional é abrilhantada pela atuação do experiente Eduardo Santamarina. Sua visão arcaica de mundo, o faz perder todos a sua volta e consequentemente gerir o ódio presente em seu ego.
Isauro Sotero, também não deixa por menos, usa de artifícios para seduzir Marina e mostrar uma figura de homem protetor, que na realidade é dominante e possessivo. Carlos de la Mota, que por vezes é somente o coadjuvante, em 'Sin Tu Mirada' conseguiu mostrar seu talento cênico para compor uma mescla de vilão clássico e contemporâneo.
Claudia Ramírez e Eduardo Santamarina em foto promocional de "Sin Tu Mirada" - Créditos: Televisa S.A |
Tecnologia
Outro avanço em "Sin Tu Mirada" é o aspecto tecnológico, Marina, vivida por Claudia Martín é deficiente visual e para mostrar a sua vida e trazer mais empatia ao espectador, que busca compreender o seu cotidiano, a produção inseriu métodos que aproximam seus toques e ações. A cada sentido, o telespectador tem uma sensação diferente, que por sua vez é transmitido por efeitos sonoros, visuais e gráficos.
Protagonista não tem medo de ser feliz
Detalhe: Feliz sozinha!
Nas versões anteriores de Esmeralda, a protagonista sofre com o machismo de seu pai e principalmente com a desconfiança de seu grande amor, o pai de seu filho. Que embasado na fala de outro homem, o vilão da trama, acredita que sua esposa o traiu e que o fruto desse "romance proibido" é o bebê que chama de filho. Todo esse plot anacrônico foi alterado para garantir maior verossimilhança com o discurso feminino atual. Marina, sofre pela desconfiança, mas não deixa por menos. Mostra que pode sim ser feliz sozinha, criar seu filho e sobretudo ter amor próprio.
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Sin Tu Mirada segue em dublagem para o Brasil, sua exibição ainda não é certeira, mas sua história já conhecida pode chamar atenção. Em uma possível exibição no SBT, sofreria pouco com os temidos cortes, visto que a trama por si só já é bem branda.
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Até semana que vem!
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