Cena do filme "13 Going on 30" - Créditos: Columbia Pictures |
“A vida é feita de ciclos”, disse Laís filosofando no corredor da empresa onde estagia. Questionava-se em relação à trajetória profissional após a formatura que viria em breve. Não queria parar de estudar, mas desejava um descanso, férias escolares de verdade, após uma caminhada ininterrupta de 19 anos, do maternal à faculdade. Ansiava uma pós-graduação, um mestrado, outro curso superior, vários cursos on-line.
Na Bíblia, nascer, crescer, multiplicar. Na linha de pensamento da Antroposofia, criada pela filósofo Rudolf Steiner, encontra-se uma forma cíclica de ver a vida, conhecida como “Teoria dos Setênios”, que divide a história humana em fases de sete anos. De 0 a 7, a individuação, a construção do corpo: a infância. De 7 a 14, o despertar do sentimento próprio. Dos 14 aos 21, a crise de identidade. Dos 21 aos 28 anos, o “Eu” – a independência e a crise do talento – o que serei? Para onde irei? Já dos 28 aos 35, tem a crise existencial e a fase organizacional. E a crise de autenticidade, ruminando os resultados da fase anterior, ocorre dos 35 aos 42. Em seguida, dos 42 aos 49 anos, altruísmo versus querer manter a fase expansiva. É o ciclo do recomeço, da ressurreição, do alívio. Já dos 49 aos 56, busca-se o desenvolvimento do espírito. A partir dos 56 até 63, e adiante, uma mudança brusca. É como a pessoa se relaciona consigo e com o mundo.
Por isso, peço calma, Laís. Calma também para você que leu até aqui. Encontrou-se em algum ciclo? Refletiu? Passou de fase com consciência? Para cada etapa, há um momento certo. Já está tudo escrito. Basta preenchermos esses intervalos com as nossas escolhas, percorrendo atalhos, traçando outras rotas. Com amor, luz e paz. Viva o tempo de acordo com o próprio tempo. Afinal, ele é cíclico.
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Artigo publicado origalmente no site "Blog do Juliano"
Juliano Azevedo
Jornalista, Professor, Escritor, Terapeuta
Mestre em Estudos Culturais Contemporâneos
E-mail: julianoazevedo@gmail.com
Instagram: @julianoazevedo
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