Aparato do Entretenimento: 39 anos de novelas estrangeiras no Brasil: A história de sucesso por trás dos melodramas que encantam gerações
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39 anos de novelas estrangeiras no Brasil: A história de sucesso por trás dos melodramas que encantam gerações

Verónica Castro e Rogelio Guerra em foto promocional da novela 'Os Ricos Também Choram'. Créditos: Televisa S.A

Quem aqui nunca assistiu as novelas ‘Maria do Bairro’, ‘A Usurpadora’, ‘Rubi’ ou ‘Teresa’? Pois é... no último dia 05 de abril completou-se 39 anos das novelas estrangeiras aqui no Brasil. Novelas que fizeram e fazem ainda hoje o público se emocionar e encantar diante da tela da TV.

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Hoje vamos falar sobre a história delas aqui. Preparados? Então vamos lá.

  
A história começa em 19 de agosto de 1981, dia esse em que o SBT (na época chamada de TVS) entrou no ar com a transmissão ao vivo de sua concessão diretamente do salão nobre do Ministério das Comunicações em Brasília. Naquela época já se pensava que o SBT iria trazer muitas produções estrangeiras e por causa disso foi criado o núcleo de dublagem da emissora. Pois bem, o SBT estava no ar com uma programação quase completa. Ainda faltava na grade uma coisa que o brasileiro ama, e essa coisa é NOVELA.


Na época existia a intenção de produzir novelas e de fato o SBT produziu, mas uma novela mexicana estava fazendo sucesso no mundo todo. Era a novela ‘Os Ricos Também Choram’ produzida em 1979 pela Televisa e protagonizada por Verónica Castro e Rogelio Guerra. Quem acabou vendendo a novela pra Silvio Santos foi o já falecido Augusto Marzagão, um brasileiro que chegou a ocupar a vice-presidência da Televisa. Marzagão é tido como o grande responsável pela “mexicanização” do SBT, pois foi através dele que as primeiras novelas vieram. 


Dublada pela Elenco (cooperativa de dubladores que trabalhava no núcleo de dublagem do SBT), ‘Os Ricos Também Choram’ estreou em 05 de abril de 1982 juntamente com a novela ‘Destino’ produção da casa. A trama da protagonista Mariana Vilarreal fez bastante sucesso no Brasil, sucesso esse que fez com que acontecessem duas coisas: com que Verónica Castro viesse ao Brasil na época, se tornando a primeira atriz mexicana a visitar o Brasil e com que a novela concorresse ao Troféu Imprensa, fato raro se tratando de novelas mexicanas. 

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Um fato curioso sobre ‘Os Ricos Também Choram’ é que na época o SBT usava e abusava das adaptações na dublagem de produções estrangeiras com o objetivo de torná-las mais “brasileiras” o possível. A novela desta forma teve adaptações como por exemplo: Cidade do México sendo chamada de São Paulo, Guadalajara sendo chamada de Araraquara e Acapulco sendo chamada de Rio de Janeiro na dublagem. Se alguém falasse que ia para o Aeroporto da Cidade do México, na dublagem essa pessoa falava que ia para o Aeroporto de Congonhas. Essas adaptações eram comuns não só nas novelas como também nos filmes, séries e desenhos que eram dublados no núcleo do SBT na época. 


O sucesso de ‘Os Ricos Também Choram’ fez com que viessem outras novelas para cá, não só mexicanas, mas também de outros países. Nesse texto vamos nos ater somente as novelas mexicanas, mas é interessante destacar que ‘Cristina Bazán’ foi a primeira novela estrangeira sem ser da Televisa exibida pelo SBT. A novela foi produzida pela Telemundo quando a emissora ainda estava em Porto Rico, em 1978 e foi exibida pelo SBT em 1983.

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Outra circunstância interessante é que na época, do México mesmo só sobrava a imagem, pois o áudio era TODO refeito aqui. Isso acontecia porque a Televisa não mandava a trilha de ME’s (Músicas e Efeitos) que é uma pista de áudio contendo a trilha sonora e músicas incidentais e sons como por exemplo: passos, porta batendo, pássaros etc. E aí o que acontecia? Tudo era refeito aqui no Brasil. Na época existia os Contrarregras, que eram pessoas que reproduziam todos os sons das novelas, para depois tudo ser mixado com as vozes dos dubladores. A parte musical das novelas também era refeita aqui no Brasil e o grande responsável por todo esse processo era o produtor musical Mário Lúcio de Freitas.



Hoje em dia o SBT vive das produções infantis, não é? Saiba então que a primeira novela infantil da emissora foi uma novela mexicana. Chispita, novela protagonizada por Lucero (que na época era chamada de Lucerito) estreou em março de 1984 com grande sucesso. Além de ter sido a primeira novela infantil, foi a primeira novela estrangeira a ter duas dublagens: uma paulista e uma carioca - essa última feita na Herbert Richers - para a reprise da novela em 1992.


Na época o SBT costumava fazer discos com a trilha sonora das novelas e ‘Chispita’ não foi a exceção. O disco da novela, contendo a música “Anjo Bom” tema de abertura cantado por Sarah Regina a Turminha Levada da Breca, alcançou muito sucesso. Outro ponto a destacar é que o êxito da novela fez com que Lucero se tornasse a segunda atriz mexicana a visitar o Brasil. Na época o SBT comprou um pacote de novelas mexicanas e no meio das muitas fitas que chegavam na antiga sede da emissora na Vila Guilherme, os funcionários descobriram episódios de duas séries que a Televisa tinha mandado “de brinde”. Eram as séries ‘Chaves’ e ‘Chapolin’ chegando no Brasil.

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No início Sílvio Santos rejeitou as séries, mas acabou sendo convencido per José Salathiel Lage, então diretor do núcleo de dublagem do SBT, a colocar as séries no ar. ‘Chaves’ e ‘Chapolin’ começaram ser dublados no final de 1983 pela MAGA, outra cooperativa que funcionava nos estúdios de dublagem da emissora, e estrearam em agosto de 1984 no TV Powww! Falando no ‘Chaves’, lembram do Hector Bonilla? Pois é, o debut dele em telas tupiniquins foi na novela ‘Viviana em Busca do Amor’ em 1984, ao lado da atriz e cantora Lucia Méndez. Nos anos 80 vieram várias novelas, sendo a última delas a novela ‘A Vingança’ em 1987.

Cena da série 'Chapolin'. Créditos: Televisa S.A

Com isso o SBT parou de comprar novelas da Televisa e decidiu investir em produções nacionais. Por volta de 1989 o canal de Silvio Santos colocou um fim em seu núcleo de dublagem, fazendo com que a Elenco encerrasse suas atividades. A Maga foi para o estúdio de dublagem Marshmallow, levando ‘Chaves’ e ‘Chapolin’ para lá, e as novelas mexicanas passariam a ser dubladas nos estúdios da Herbert Richers, no Rio de Janeiro. Bom, essa foi a primeira parte. Na segunda parte vamos falar sobre os anos 90. Espero que tenham gostado. Até a próxima semana.

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