DIAS DE OUTROS TEMPOS: "X-Men" estreava há duas décadas. Créditos - Marvel Entertainment Group/The Donners Company/20th Century Fox |
O ator Bruce Davison ("Ponto Cego") fez uma revelação curiosa sobre o senador Robert Kelly, personagem que viveu em "X-Men: O Filme" (2000), na semana em que o filme celebrou seus 20 anos de estreia.
"Eu estava com a Coligação Criativa em Washington fazendo campanha pelas artes e eles só me mandavam para escritórios do partido Republicano, pois os Republicanos piravam com o Senador Kelly", contou o ator ao site Inverse. "Foi ótimo ouvir do Sam Brownback, 'Eu me identifico com a aquele cara'".
"Eu estava com a Coligação Criativa em Washington fazendo campanha pelas artes e eles só me mandavam para escritórios do partido Republicano, pois os Republicanos piravam com o Senador Kelly", contou o ator ao site Inverse. "Foi ótimo ouvir do Sam Brownback, 'Eu me identifico com a aquele cara'".
O final da década de 1990 e o início dos anos 2000 ficaram marcados por uma espécie de "cinema da retomada" para os super-heróis. Em 1998, o hoje esnobado "Blade: O Caçador de Vampiros" estreou como a primeira adaptação decente desse subgênero.
Acabando com o sofrimento de fãs diante de produções três estrelas ou paródias despropositadas como "Steel: O Homem de Aço" ou "Batman & Robin" (1997), "Blade" reergueu as adaptações de quadrinhos e abriu espaço para outras adaptações desse tipo.
Foi quando veio "X-Men". Esse segundo capítulo do renascimento dos super-heróis no cinema tirou qualquer dúvida de Hollywood e do público quanto à possibilidade de serem levados a sério na tela grande.
Com "Blade" e "X-Men", a indústria aprendeu que o subgênero dos super-heróis poderia ser algo lucrativo e engrandecido além da vibe mais desenho animado das décadas anteriores, desde que feito da maneira correta. No caso nos X-Men, isso custou uma maior fidelidade aos quadrinhos dos heróis mutantes.
BEM-VINDO, PROFESSOR: Charles Xavier e seus pupilos entram no Cérebro. Créditos - Marvel Entertainment Group/The Donners Company/20th Century Fox/Divulgação/Reprodução |
Agora, os Filhos do Átomo em live-action trajavam uniformes de couro preto - pegando carona da febre "Matrix" -, algo que os próprios Stan Lee e Chris Claremont apoiaram.
Como Claremont comenta nos extras de uma das edições do filme em DVD:
Dá pra desenhar [os uniformes], mas quando as pessoas os vestem, é perturbador!Um visual mais adequado para a primeira aventura cinemática dos X-Men, considerando que daria mais destaque às metáforas sociopolíticas, históricas e humanas dos quadrinhos dos heróis mutantes: preconceito, puberdade, solidão e alienação. Tudo isso simbolizado pela personagem de Vampira, escolhida pelo diretor Bryan Singer por ilustrar esses temas nas HQs.
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A produção do filme abandonou os quadrinhos visual e literalmente - Singer baniu histórias em quadrinhos do set. Uma proibição ingênua, vide que os atores insistiram em lê-las.
TEMA O RESTANTE: A Irmandade dos Mutantes no longa. Créditos - Marvel Entertainment Group/The Donners Company/20th Century Fox/Divulgação/Reprodução |
Como o astro Hugh Jackman relembrou em 2018:
O Brian tinha isso de querer que as pessoas pensassem que ele visava levar personagens de quadrinhos a sério, como figuras reais e tridimensionais, e pessoas que não entendiam quadrinhos poderiam vê-los como bidimensionais. Então, ninguém permitia [as HQs no estúdio]. Era um contrabando. Eu nunca tinha lido 'X-Men' e me passavam as revistas por debaixo da porta.
O hoje Wolverine definitivo dos cinemas tomou o papel de Dougray Scott ("Batwoman") e desbancou nomes como Keanu Reeves e até Jean-Claude Van Damme para viver Logan.
Pode parecer difícil de acreditar, mas muitos fãs torceram o bico para o ator então desconhecido que era 30 centímetros mais alto que o "baixinho brabo" dos quadrinhos.
Vencedora do Oscar, Anna Paquin ("True Blood") vive uma Vampira necessária para retratar o drama mutante em sua essência, simbolizando os temas já citados e associável o bastante para toda minoria hostilizada. Quem pensa que é legal ser um mutante não entende X-Men e Vampira é a lembrança maior desse aspecto no filme.
Ambos personagens trágicos, Vampira assumiu o lugar de "amiga adolescente" ou "filha postiça" de Logan como uma personagem bem mais relacionável que Jubileu ou Kitty Pryde, em suas aventuras ao lado de Wolverine nos quadrinhos.
A magnificência trazida por Patrick Stewart e Ian McKellen faz o espectador acreditar em seus respectivos Professor Xavier e Eric Lehnsherr/Magneto - neste, em particular, também pelo paralelo histórico entre a hostilidade sofrida pelos mutantes (que volta e meia aparecem em campos de concentração, em futuros obscuros e esquecidos) e o que Eric viveu durante o Holocausto.
De fato, se Bryan Singer queria que o público levasse seus X-Men a sério, não poderia ter contado com uma decisão criativa mais sensata que a do roteirista David Hayter de abrir o filme com um flashback sombrio de Magneto no Holocausto.
Pontos negativos para o mau aproveitamento dos talentos de Halle Berry como Tempestade, Famke Janssen como Jean Grey - duas heroínas jamais devidamente exploradas em vinte anos - e James Marsden como Ciclope.
Além disso, o Wolverine não foi a única estreia histórica em live-action de uma lenda dos quadrinhos na Marvel no cinema: a Mística de Rebecca Romjin mostra em todas as cenas seu potencial para ser bem mais que a assistente sensual de Magneto.
Como Hugh Jackman e seu Wolverine e embora Hollywood finja que não, Romjin é a Mística definitiva do cinema.
Como o eventual desperdício da personagem de Vampira, são erros que as continuações poderiam ter reparado - e que o inevitável e vindouro reboot dos X-Men no Universo Cinemático Marvel ainda pode. Paciência.
Mesmo com sequências que dividiram opiniões e tendo sua continuidade desrespeitada, o filme deu conta do recado como um dos mais bem-sucedidos e recebidos longas não protagonizados por um Homem-Aranha ou um Batman.
Em 2000, o estigma do filme de super-herói ruim se desfez com uma história aterrada em realismo e executada como um drama que, quase que apenas por acaso, continha super-humanos.
Para eles, no cinema, a evolução começou com "X-Men".
Pode parecer difícil de acreditar, mas muitos fãs torceram o bico para o ator então desconhecido que era 30 centímetros mais alto que o "baixinho brabo" dos quadrinhos.
Créditos - Marvel Entertainment Group/The Donners Company/20th Century Fox/Divulgação/Reprodução |
Vencedora do Oscar, Anna Paquin ("True Blood") vive uma Vampira necessária para retratar o drama mutante em sua essência, simbolizando os temas já citados e associável o bastante para toda minoria hostilizada. Quem pensa que é legal ser um mutante não entende X-Men e Vampira é a lembrança maior desse aspecto no filme.
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Ambos personagens trágicos, Vampira assumiu o lugar de "amiga adolescente" ou "filha postiça" de Logan como uma personagem bem mais relacionável que Jubileu ou Kitty Pryde, em suas aventuras ao lado de Wolverine nos quadrinhos.
A magnificência trazida por Patrick Stewart e Ian McKellen faz o espectador acreditar em seus respectivos Professor Xavier e Eric Lehnsherr/Magneto - neste, em particular, também pelo paralelo histórico entre a hostilidade sofrida pelos mutantes (que volta e meia aparecem em campos de concentração, em futuros obscuros e esquecidos) e o que Eric viveu durante o Holocausto.
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DINASTIA: Patrick Stewart e Ian McKellen eternizam o Professor X e Magneto em cena. Créditos - Marvel Entertainment Group/The Donners Company/20th Century Fox/Divulgação/Reprodução |
Pontos negativos para o mau aproveitamento dos talentos de Halle Berry como Tempestade, Famke Janssen como Jean Grey - duas heroínas jamais devidamente exploradas em vinte anos - e James Marsden como Ciclope.
Além disso, o Wolverine não foi a única estreia histórica em live-action de uma lenda dos quadrinhos na Marvel no cinema: a Mística de Rebecca Romjin mostra em todas as cenas seu potencial para ser bem mais que a assistente sensual de Magneto.
Como Hugh Jackman e seu Wolverine e embora Hollywood finja que não, Romjin é a Mística definitiva do cinema.
Créditos - Marvel Entertainment Group/The Donners Company/20th Century Fox/Divulgação/Reprodução |
Como o eventual desperdício da personagem de Vampira, são erros que as continuações poderiam ter reparado - e que o inevitável e vindouro reboot dos X-Men no Universo Cinemático Marvel ainda pode. Paciência.
Mesmo com sequências que dividiram opiniões e tendo sua continuidade desrespeitada, o filme deu conta do recado como um dos mais bem-sucedidos e recebidos longas não protagonizados por um Homem-Aranha ou um Batman.
Em 2000, o estigma do filme de super-herói ruim se desfez com uma história aterrada em realismo e executada como um drama que, quase que apenas por acaso, continha super-humanos.
Para eles, no cinema, a evolução começou com "X-Men".
Créditos - Marvel Entertainment Group/The Donners Company/20th Century Fox/Divulgação/Reprodução da Internet |
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