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CRÍTICA: Mami, una mujer ideal, produção atraente e plural esquecida pela Televisa

Cecilia Suárez e Marina de Tavira em cena do piloto da série 'Mami, una mujer ideal' - Créditos: Televisa S.A

Em 2019 a Televisa chegou anunciar a produção de um piloto da série 'Mami, una mujer ideal', 'Mami' ou simplesmente 'Mujer ideal' seriado com a chancela de Patricio Wills, presidente de conteúdos da empresa mexicana. O projeto tinha como proposta, evidenciar a pluralidade amorosa, ao ter como protagonistas um casal de mulheres que encontram a paixão em meio ao casamento em ruínas de uma delas.


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Protagonizada por Cecilia Suárez e Marina de Tavira, o piloto chegou a ser gravado pela Televisa em parceria com a a produtora Panorama, mas o projeto acabou não sendo levado para frente. Essa semana em meio às minhas andanças pelas redes sociais, acabei sendo alertado por uma amiga e leitora do site que o piloto da série estava disponível no YouTube.

  
Marina de Tavira em cena da série 'Mami, una mujer ideal' - Créditos: Televisa S.A

Desta maneira acompanhei o único episódio disponível, o piloto, uma espécie de esboço para apreciação do alto escalão da Televisa e trago as minhas considerações sobre o seriado.

Sinopse e proposta

Amor e aceitação é a base deste melodrama sobre uma esposa e mãe, cuja história retrata questões de identidade e sexualidade. Depois de um casamento aparentemente perfeito por vários anos, seu marido acaba descobrindo que sua esposa foi flagrada beijando outra mulher. Com a masculinidade impactada, ele decide pedir a guarda de seus filhos e assim criando um caos no ambiente familiar.

Marina de Tavira em cena da série 'Mami, una mujer ideal' - Créditos: Televisa S.A

Roteiro

A super competente roteirista Emma Bertrán (Hospital Central) é a responsável pelo argumento textual da obra. Sua proposta é apresentar de forma singular uma visão moderna sobre as famílias e seus núcleos, evidenciando seus problemas e acertos, suas discussões, afagos e principalmente a linha emocional. Os laços tênues de um casamento que podem ruim a qualquer momento e a criação de uma nova ligação amorosa, conquistada após a desilusão é um dos pontos em destaque no texto de Bertrán.


Marina de Tavira interpreta uma mãe em crise no casamento em 'Mami, una mujer ideal' - Créditos: Televisa S.A

Direção

A liderança na direção fica a cargo de Katina Medina Mora (Sabrás qué hacer conmigo), jovem diretora americana que tem ganhado cada vez mais espaço na TV. Katina, tem uma regência interessante, seus takes mostram uma dinâmica fresca e versátil, onde os personagens possuem uma transmutação de estado, variantes que vão de um estado inclemente para o cálido. 

Outra diversidade é o seu estilo de cortes, que pela perspectiva apresentada no piloto priorizam uma natureza célere, o que acaba fazendo com que o público assimile mais rapidamente os assuntos expostos nas cenas, dando condições, por exemplo, para um discurso aberto sobre o tema principal, a sexualidade.


Flavio Medina em cena da série 'Mami, una mujer ideal' - Créditos: Televisa S.A

Produção

Emma Beltrán, Gerardo Gatica (Ya no estoy aqui) e Alberto Muffelmann (Remember) são os produtores executivos, enquanto Alfredo Fernández, assina como associado e Regina Valdés finaliza como produtora de linha. Toda equipe atua em consonância com o esqueleto do roteiro, trazendo altivez e voz para o casal LBGT+ da série. 

A execução é sequencial e narra os acontecimentos de um casamento em crise, suas emblemáticas e consequências. Neste quesito, a equipe de produtores conduz com coerência o piloto da série, fornecendo em muitos momentos clareza e objetividade ao núcleo vivido pela personagem de Marina de Tavira.


Flavio Medina e Ludwika Paleta em cena da série 'Mami, una mujer ideal' - Créditos: Televisa S.A

Elenco

O casting de 'Mami, una mujer ideal' é composto por nomes importantes do cinema e TV, sendo perceptível a tentativa de Patricio Wills em formar um elenco importante e que seria bem recebido tanto na TV aberta como nas plataformas de streaming.

Encabeçam o elenco as atrizes Marina de Tavira e Cecilia Suárez. Tavira é um rosto bem conhecido da Netflix, principalmente após a sua participação no filme premiado 'Roma' de Alfonso Cuáron e na série 'Ingobernable' da atriz Kate Del Castillo. 

Cecília Suárez segue a mesma linha, uma das atrizes favoritas do diretor Manolo Caro, Suárez viveu por três temporadas a icônica Paulina de la Mora na série 'La Casa de las Flores' também da Netflix.

Completam o elenco Flavio Medina (Cuna de Lobos/La Reina del Sur), Ludwika Paleta (Carrusel), Nicolas Paleta, Fabiana Perzabal (Sense8/Monarca) e Helena Rojo (El privilegio de amar) sendo muitos destes nomes conhecidos do público noveleiro da Televisa.


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Marina de Tavira interpreta uma mulher submissa ao seu marido interpretado por Flavio Medina - Créditos: Televisa S.A

Destaques

Flavio Medina é um semblante bastante conhecido do público mexicano e consequentemente latino. Sua composição é bem íngreme e denota um personagem frustado com a vida e que necessita de novos amores para triunfar. De valia, um machista de primeira linha, acaba vendo seu maior troféu ruir, ao descobrir que sua esposa acabou envolvendo-se com uma das suas amigas de infância em meio a crise matrimonial que ambos estão vivendo. Tenso e traiçoeiro, Flavio conseguiu transpor realidade ao personagem. 
 
Cecilia Suárez e Marina de Tavira em cena da série 'Mami, una mujer ideal' - Créditos: Televisa S.A

Ludwika Paleta também abrilhanta a série com uma personagem ambígua e vil, disposta as mais hediondas atitudes para alcançar seus objetivos pessoais e profissionais. Claramente a grande vilã da série, Ludwika seria um dos personagens mais interessantes de toda trama.


Cecilia Suárez e Marina de Tavira em cena da série 'Mami, una mujer ideal' - Créditos: Televisa S.A

Marina de Tavira é visceral e intensa, não é à toa que 'Una mujer ideal' foi pensada para sua estruturação. Claudia, sua personagem está presa num casamento em decadência e aflita por acreditar ter câncer, e em meio a todos os problemas pessoais, ainda enfrenta o distanciamento dos filhos. Neste contexto ela acaba retornando o contato com Olivia, uma antiga amiga e reavendo neste encontro uma paixão que nunca acreditou fosse possível existir.


Cecilia Suárez e Marina de Tavira em cena da série 'Mami, una mujer ideal' - Créditos: Televisa S.A

Cecilia Suárez é o contraponto necessário para um melhor desenvolvimento da sua colega de cena, Marina. Olivia, sua personagem é claramente mais aberta para um romance lésbico e disposta a fornecer suporte para os problemas pessoais que a amiga vem sofrendo. Cecilia é uma atriz fenomenal e novamente não deixa por menos, seu arranjo cênico não lembra em nada outras personagens, trazendo desta forma, originalidade ao projeto.


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O desfecho do episódio piloto acabou deixando muitas lacunas abertas para um desenvolvimento efetivo e proeminente sobre temas importantes e que vão ao encontro da atual composição familiar.

As atrizes Cecilia Suárez e Marina de Tavira beijando-se em cena da série 'Mami, una mujer ideal' - Créditos: Televisa S.A

Desde a divulgação pela imprensa da gravação do piloto de 'Mami, una mujer ideal' a série não ganhou mais as manchetes no México, desta maneira, pouca ou quase nenhuma informação é ventilada nos sites e revistas especializadas na cobertura de notícias deste segmento. Sendo assim, não se sabe ao certo se o projeto seguirá ou se já foi devidamente engavetado pela emissora.

'Mami, una mujer ideal' seria o primeiro projeto da Televisa a ser protagonizado por um casal homossexual, fato que acabou se concretizando em 2019, porém com outro casal. Na onda do sucesso da novela 'Mi Marido Tiene Más Familia', Juan Osorio acabou criando um derivado, a série 'Juntos el corazón nunca se equivoca' na qual dois jovens, interpretados por ‎Emilio Osorio e ‎Joaquín Bondoni‎ viviam um romance teen homoafetivo. Aristemo, acabou ganhando repercussão internacional e ganhou vários prêmios. 

Quase na mesma época outra produção da Televisa acabou ganhando notoriedade, Amar a Muerte, telenovela do produtor Carlos Bardasano que claramente não tinha protagonistas gays, mas que acabou veiculando a imagem de coadjuvantes lésbicas, interpretadas pelas atrizes Macarena Achaga e Bárbara López reconhecidas pelo shippe Juliantina e que em breve ganharam um filme produzido pelos mesmos criadores.


As atrizes Cecilia Suárez e Marina de Tavira interpretam um casal gay no piloto da série 'Mami, una mujer ideal' - Créditos: Televisa S.A

Talvez a chegada de um projeto tão auspicioso na tela do Las Estrellas e ainda, protagonizado por duas mulheres livres e de meia idade causasse um certo estranhamento em um dos países mais conservadores da América Latina. 'Mami, una mujer ideal' tem o delineamento técnico e características de uma série desenhada para o streaming, assim como 'El Dragón'. A expectativa deste que vós escreve é que este projeto não morra na gaveta e que siga seu fluxo, de preferência para as plataformas digitais.

Caso você queira assistir ao piloto, basta uma rápida procura pelo YouTube. 

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