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| Cena da minissérie "Chernobyl" Créditos: Home Box Office |
Desde 2014 escrevo sobre TV, e quem me conhece e acompanha sabe que na verdade sou formado em química e não jornalismo. Durante estes cinco anos de ofício com a escrita, nunca havia me deparado com uma novela, série, filme ou minissérie que abordasse o tema ciência (química) com tamanha propriedade. E isso foi até maio deste ano, quando "Chernobyl" estreou na HBO.
Para minha grata surpresa, logo fui fisgado para a "isca" da famosa pelo êxito "Game Of Thrones" - e não deu outra - "Chernobyl" me encantou nos primeiros minutos. Tamanha empolgação trouxeram-me aqui a este sítio para escrever sobre. Siga comigo.
Sinopse
Em abril de 1986, uma explosão na usina nuclear de Chernobyl, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, se torna uma das catástrofes mais pessimistas do mundo. Criando um colapso de níveis alarmantes, com sequelas sentidas até hoje. Quem teria sido o culpado? O governo está envolvido? A imprensa teve papel no maior acidente nuclear do mundo?
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Para minha grata surpresa, logo fui fisgado para a "isca" da famosa pelo êxito "Game Of Thrones" - e não deu outra - "Chernobyl" me encantou nos primeiros minutos. Tamanha empolgação trouxeram-me aqui a este sítio para escrever sobre. Siga comigo.
Sinopse
Em abril de 1986, uma explosão na usina nuclear de Chernobyl, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, se torna uma das catástrofes mais pessimistas do mundo. Criando um colapso de níveis alarmantes, com sequelas sentidas até hoje. Quem teria sido o culpado? O governo está envolvido? A imprensa teve papel no maior acidente nuclear do mundo?
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| Os atores Karl Davies, Paulius Markevicius e Douggie McMeekin em cena da minissérie "Chernobyl" - Créditos: HBO |
Primeiro episódio
Para ser considerado um bom produto televisivo, uma série e/ou minissérie tem que fisgar seu público logo no primeiro episódio. Apostar na lentidão de acontecimentos, diálogos longos e cenas extenuantes, muitas vezes pode funcionar como uma catapulta para afastar de vez o telespectador. A HBO já é conhecida por apostar em episódios longos, com durações que em sua grande maioria ultrapassam a marca de 1 hora. E convenhamos, seria tanto quanto estranho que "Chernobyl" utilizasse uma forma diferente.
Com episódios que variam entre 58 e 71 minutos, a série limitada não é cansativa. E tamanho fato se concretiza pela finalização e apresentação dos acontecimentos, que tendem a prender a atenção do público, que encantados com os malefícios da radioatividade e obstruções de um governo soberano, resultaram na mudança da história de uma comunidade local e de praticamente tudo a sua volta.
O primeiro episódio intitulado "1:23:45" é dirigido por Johan Renck (Breaking Bad, The Walking Dead e Vikings) e tem roteiro assinado por Craig Mazin (Se Beber, Não Case! Parte III e Uma Ladra Sem Limites). É de sumária importância para o viés da minissérie, enquanto o público é alocado ao cenário da sala de controle, minutos antes da explosão do núcleo do reator 4 da usina, são delimitados os primeiros "vilões", possíveis causadores da catástrofe e as tentativas de sanar os efeitos causados pela radiação que assola as redondezas.
Personagens coadjuvantes como Lyudmila Ignatenko (Jessie Buckley) e seu marido Vasily Ignatenko (Adam Nagaitis) ganham espaço, enquanto o acadêmico Valery Legasov (Jared Harris) é nomeado para comandar a força-tarefa que investiga Chernobyl.
O episódio detêm a marca de 9,6 rates no site IMDb e 9,84 rates no site TV Time.
Atuação
Dispensa longos comentários, o elenco de maneira geral foi bem escalado. Atua de forma hegemônica e apesar do sotaque pouco fora do convencional e da proximidade com o estanudiense, não atrapalha o andamento dos episódios.
Jared Harris com o seu letrado e justiceiro Valery Legasov, Emily Watson como a cientista Ulana Khomyuk e Stellan Skarsgård como Boris Shcherbina são os maiores acertos de toda produção, que ainda conta com bons nomes como Paul Ritter e Sam Troughton.
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| Pôster promocional de "Chernobyl" - Créditos: Home Box Office |
Direção
Johan Renck tem experiência com dramas, dirigiu episódios de séries que foram sucesso de crítica e público, mas com Chernobyl alcançou outro patamar. É o diretor do momento.
Seu modo de dirigir é fluído e afável, abraça e comove. Obviamente conduz friamente momentos de tensão e dramas familiares, com a mesma intensidade que reluz momentos de alegria.
Em Chernobyl, sua condução no piloto e na season finale o traduzem como um dos melhores diretores do momento.
Fotografia e Efeitos Especiais
Composta por mais de 60 profissionais entre efeitos especiais, cenários, fotografia e departamento de arte. A série limitada é um tiro certeiro ao estampar cenários antes bonitos e vívidos e sua disparidade pós acidente nuclear. São cenas que transladam entre o real e o ficcional sem grandes problemas.
Maquiagem
Com 25 profissionais envolvidos no processo de fabricação de moldes e próteses, a equipe de maquiagem da produção merece destaque. É credível o quanto o efeito da radiação no corpo humano é apresentado. Causa espanto, horror, medo e tudo graças ao trabalho exemplar de sua equipe.
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| O ator Michael Colgan em cena da série "Chernobyl" (2019) - Créditos: HBO |
Craig Mazin assina com maestria os cinco episódios de "Chernobyl". Sem nueras e tampouco maquiagens, utiliza artifícios científicos e fatos históricos para alimentar com ainda mais verossimilidade seu texto.
Conhecido pela sua carreira nas comédias, Craig foge do óbvio ao assumir um projeto da proporção de Chernobyl. O roteiro possui falas humanas, objetividade e compactua com momentos reais vividos por cientistas, políticos, bombeiros e outros durante a Ucrânia de 1986.
Similaridade
Sim, a minissérie tem como base o livro "Vozes de Tchernóbil: Crônica Do Futuro" publicado originalmente em russo no ano de 1997, mas só lançado em 2016 no Brasil. A obra da autora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, que já foi agraciada com o Nobel de Literatura em 2015 aborda os efeitos da radiação a longo prazo e as manobras do governo para tentar abafar as sucessões de equívocos da antiga URSS em Chernobyl. Caso tenha interesse no livro o mesmo está disponível na Amazon.
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| Os atores Fares Fares, Alexej Manvelov e Barry Keoghan em cena da série limitada "Chernobyl" - Créditos: HBO |
Desenvolvimento da trama
Durante o andar dos episódios a trama é difundida de maneira calma. O público consegue acompanhar sem problemas seu desenvolvimento. Núcleos adjacentes como dos mineiros escolhidos para cavar um túnel, com o intuito de minimizar o impacto da reação, como também dos soldados convocados para dar fim nos animais, compõem uma boa sequela dos fatos ocorridos no pós acidente nuclear. Pessoas acabam sendo ilustradas como heróis, indíviduos que deram suas vidas para salvar Chernobyl.
Termos Científicos
Recheada de vocábulos técnicos e científicos usados para descrever o funcionamento da usina, Chernobyl não abusa drasticamente de jargões químicos e físicos, ficando fácil sua interpretação para o telespectador leigo no assunto.
Durante o episódio cinco, desfecho da minissérie, por exemplo, no julgamento dos culpados pelo acidente utiliza-se de termos científicos para ilustrar como o desastre iniciou-se. É tudo tão limpo e claro, que a compreensão é lógica.
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| Os atores Stellan Skarsgård e Emily Watson em cena da minissérie Chernobyl (2019) - Créditos: HBO |
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| Jared Harris em cena do quinto episódio de "Chernobyl" - Créditos: HBO |
Destaques
Jared Harris é o grande nome da série. Sua interpretação áspera e vezes medrosa, contrastam com a dubiedade que seu personagem exige - Valery Legasov - vive em constante dúvida: mostrar ao mundo o que sabe, ou anular-se como cientista e privar todos da informação. Suas incógnitas e atitudes, mescladas ao cenário catastrófico fazem de Valery o melhor personagem da minissérie.
Outro destaque positivo é Adam Nagaitis interpretando o militar Vasily Ignatenko. Ceifado a reles coadjuvante, Adam mostra o ápice da interpretação ao mostrar os danos severos que seu corpo teve ao entrar em contato com a radiação. Seu desfecho e entrega durante as cenas são dignas de premiação.
Para encerrar Emily Watson, Stellan Skarsgård, Jessie Buckley e Sam Troughton fecham o círculo de destaques da produção da HBO.
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| Explosão do núcleo do reator 4 da usina de Chernobyl - Créditos: HBO |
Curiosidades
* A produção tem nota 9.6 no IMDb batendo séries como Breaking Bad, Planet Earth II e Band Of Brothers, todas com 9.5, além de Planet Earth (9.4), Game Of Thrones (9.3) e The Wire (9.3).
* Segundo o site The Moscow Times, o governo e uma parte da ala conservadora da população russa não curtiu muito a forma como a produção norte-americana retratou o desastre nuclear da Ucrânia em 1986. Em resposta, é provável que o Kremlin use seus canais de mídia para produzir uma minissérie contando a sua própria versão dos fatos.
* Assim que a minissérie ganhou notoriedade a nível mundial, visitas os arredores da usina de Chernobyl cresceram consideravelmente, o que, segundo especialistas é altamente prejudicial a saúde. De acordo com o USA Today, a Zona de Exclusão de Chernobyl, especificamente a cidade de Pripyat, registrou um aumento de 30% em visitas por conta da popularidade da série. Se o aumento de turistas continuar, a estimativa é que 150 mil pessoas visitem a localidade ainda este ano.
* A HBO não trabalha com a hipótese de uma 2ª temporada para Chernobyl.
Episódios
Chernobyl possui cinco episódios.
1º episódio
1:23:45 (Duração: 58 minutos)
2º episódio
Please Remain Calm (Duração: 64 minutos)
3º episódio
Open Wide, O Earth (Duração: 61 minutos)
4º episódio
The Happiness of All Mankind (Duração: 64 minutos)
5º episódio
Vichnaya Pamyat (Duração: 71 minutos)
Dublagem, Legendas e Onde assistir
A série está disponível em áudio original (inglês), português e espanhol. Legendas em português e espanhol. A minissérie está disponível através do HBOGo e nos canais do grupo HBO. Confira aqui os horários de exibição.
Considerações
Chernobyl é ousada e destemida ao cutucar na ferida antes adormecida, sua capacidade de informar o público e entreter fazem da minissérie uma das grandes favoritas para a temporada de premiações.
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