Pôster promocional da série "Friends" - Créditos: NBC, Bright, Kauffman, Crane Productions e Warner Bros. Television |
Pediu-me um conselho: “preciso de uma desculpa para não ir ao ‘rolê’ com os meus amigos. O que falo com eles? Me dê uma ajuda”.
Assim começou o diálogo com um amigo mais jovem, em busca de uma solução para seu dilema de feriado. Normalmente, sou direto nas respostas, mas respirei antes de pensar em um caminho a sugeri-lo. Afinal, o pedido me surpreendeu. Quem sou eu para inventar pretextos? Logo eu, visto como uma pessoa ligada ao “sincericídio”? Minha declaração não seria diferente do que eu mesmo faria: “diga que não quer sair, que trabalha amanhã cedo, que está cansado e que mudou de ideia. Ponto”.
Assim começou o diálogo com um amigo mais jovem, em busca de uma solução para seu dilema de feriado. Normalmente, sou direto nas respostas, mas respirei antes de pensar em um caminho a sugeri-lo. Afinal, o pedido me surpreendeu. Quem sou eu para inventar pretextos? Logo eu, visto como uma pessoa ligada ao “sincericídio”? Minha declaração não seria diferente do que eu mesmo faria: “diga que não quer sair, que trabalha amanhã cedo, que está cansado e que mudou de ideia. Ponto”.
Outro episódio, com os mesmos reflexos, aconteceu comigo recentemente. Um amigo veio do Rio de Janeiro e marcou um encontro da turma. Convidou, avisou, enviou mensagem reservando dia e horário. Confirmei presença para o abraço, para matar a saudade. Evento anotado, supostamente na memória, na agenda. Na data prevista, esqueci de tudo. Fui para outros cantos, não processei a informação anterior, empolguei-me em outra festa. Apaguei da cabeça o compromisso que eu havia feito. Dias depois, ele me perguntou o porquê da ausência. Fiquei envergonhado, sofri, lamentei meu deslize. Pedi perdão pelo esquecimento, contando que, realmente, não me lembrei. Não é fácil admitir o erro e me sinto culpado. No entanto... Parece que ele entendeu minha verdade.
Poderia ter arrumado uma doença, um velório, uma viagem. Preferi o caminho mais suave: afirmei francamente que a cabeça tem andado ao lado das nuvens. Com os cabelos brancos chegando, vamos alterando as decisões do comportamento social. Tenho vivido com menos preocupações, menos desculpas. Seguindo o fluxo da leveza, para ter menos pesos para carregar no lombo. Alguns dilemas já bastam para dar torcicolo, não é mesmo?
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Artigo publicado originalmente no site "Blog do Juliano"
Juliano Azevedo
Jornalista, Professor, Escritor, Terapeuta
Mestre em Estudos Culturais Contemporâneos
E-mail: julianoazevedo@gmail.com
Instagram: @julianoazevedo
Siga-me no Twitter: @JulianoAzevedo
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