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#ToBeContinued: Quero Minha Vida de Volta.


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Descansar. Como se isso fosse fácil. Minha cabeça estava um turbilhão. Como em questão de segundos, eu passo de feliz para órfã? O advogado chega e me dá uns papéis para assinar, uma procuração para que ele possa realizar a parte burocrática para o enterro. Assino sem ler. Quero poder sentir minha dor, sem ter que pensar em nada.No final da tarde o corpo de minha mãe é cremado. Saio de lá com as cinzas. Apenas as cinzas..." .

Perdeu o Capítulo Anterior? Não tem problema leia aqui:



#ToBeContinued: Quero Minha Vida De Volta

Capitulo III

A derrocada final

Chegar em casa, e não ouvir as reclamações de Dona Neide. Vazio. É assim que estamos, a casa e eu. Minha mãe se foi e nunca imaginei dor tão grande em minha alma. Ela era chata, resmungona, meio lerdinha para andar, mas a amava e nem sempre demonstrei isso. Achava que teria mais tempo. Que ela estragaria meus filhos com mimos e carinhos, só que o destino tratou de me mostrar que as coisas não são como imaginamos.

O advogado me deixou em casa, Mauricio Catalunha. Só sabia o nome dele pois estava com o cartão que minha mãe me obrigava a carregar. 

- Posso fazer algo mais por você senhorita?
- Pode voltar no tempo Mauricio?. - Resmunguei entre dentes.
- Lamento, respondeu balançando a cabeça negativamente.
- Só preciso de um banho, um chá e tentar dormir nesse momento. Amanhã penso melhor no que fazer.
- Está bem, se precisar de algo não hesite em me ligar... Mais uma vez, meus sentimentos.

Levei o advogado até a porta, e até pude ouvir Dona Neide gritando: "Passe as chaves na porta, não queremos ser assaltadas". A chatonilda tinha tanto medo de assaltos, sequestros e sempre que podia zombava dela achando tudo um exagero. E agora por causa de um marginal minha mãe não estava aqui. 

Subi até o quarto, comecei a olhar tudo e cada coisa ainda tem a marca dela. Cada detalhe da arrumação da cama até os cabides do guarda roupas tinha que ser do jeito dela. Peguei sua blusa de seda favorita, a blusa com a qual se casou com meu pai. [Papai...]. Como eu preciso de você nesse momento, mas não faço ideia de onde está. Por que nos abandonou? 

Mãe te quero de volta, me perdoe! Prometo ser uma filha melhor... E pensar que mamãe não queria ir ao shopping. Maldita seja Camila, você levou sua mãe para a morte .

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Acordei abraçada a blusa de seda, chamei por minha mãe, na esperança de tudo ter sido um pesadelo, mas não tive resposta. Essa era a minha realidade, minha sina. Estou sozinha no mundo. O que farei daqui para frente. Bem Camila, o que Dona Neide faria se estivesse no seu lugar?

Manteria a cabeça em ordem, providenciaria tudo e seguiria em frente. É o que farei. Peguei as malas e fui colocando as roupas dela para serem doadas. Venderia todas, mas pensando nela, sei que doaria as roupas sem pensar. Alguns sapatos ainda novos, usados poucas vezes. Juntei cada peça para levar a algum lugar de caridade. Isso. Farei isso amanhã cedo. De novo vejo minha vida desmoronar. A primeira vez foi quando meu pai saiu a trabalho e seis meses depois simplesmente mandou por um advogado, os termos do divórcio e a quantia que daria em dinheiro a minha mãe. Sem a menor cerimônia, sem se despedir de mim, sua única filha. 

Triste, guardo mágoas ate hoje, anda mais porque uma das condições do divórcio era não sabermos mais nada dele. Me lembro de ter ouvido o advogado dizer que sua nova família não queria contato. E assim se desfez um casamento de 20 anos. Me lembro de odiá-lo por isso, mas odiei ainda mais Dona Neide por aceitar as condições.

Passei a noite em claro, pensando em tudo. Vou vender essa casa, mudar de cidade, comprar um apartamento e fazer a faculdade que Dona Neide sempre quis. Hora de tomar um banho e dar um rumo a minha vida.

Chamei um táxi e fui até o abrigo de menores, lá deixei as coisas de minha mãe, certamente fariam bom proveito de tudo. Preciso de um café. Isso. Ali perto havia um charmoso bistrô. Assim que sentei já fui atendida por uma jovem simpática.

- O que deseja senhorita?. Disse-me com um sorriso entre dentes. 
- Um cappuccino e um pão de queijo, por favor.
- Claro, é para já.

Enquanto comia, pensava já qual seria meu destino, qual universidade fazer, e por mais força que fizesse só me vinha a mente o assassino de mamãe. Paguei a conta e sai a pé, ali próximo havia um parque e lá passei o dia para colocar as ideias em ordem. Já era fim de tarde quando voltei para casa. Sozinha 

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Com muita fome e sem saber sequer fritar um ovo, pedi uma pizza. Apesar de faminta, comi meio pedaço. A comida parecia ter pregos rasgando minha garganta. Na mesa ainda estava a xícara de café que minha mãe tomou antes de sairmos naquele dia. Não queria mudar nada.  Tinha a impressão de assim, parecer que ela um dia iria voltar.

Minha dor só não era maior que o vazio, estava sozinha no mundo . Órfã de pai e mãe. Pelo menos Dona Neide sabia onde estava. Já meu pai... Há quatro anos não liga sequer para saber se estou viva, e olha que ingenuamente mantive meu número de celular, caso resolvesse ligar.

Imagino que tenha outro filho e uma bela esposa para cuidar, para que se importar comigo, não é verdade? Quer saber: DANE-SE! 

Pela manhã tomei meu café e sai para sacar um dinheiro para viajar. Vou para o Rio de Janeiro, de avião claro. Quando vi na tela do caixa eletrônico a mensagem da minha desgraça - Saque não realizado - Saldo insuficiente.

Que merda é essa?! Como saldo insuficiente? Resolvo tirar um extrato, saldo em conta corrente R$0,00, saldo em conta poupança R$0,00. Não é possível, ontem havia sacado apenas mil reais. Liguei no banco. 

- Por favor o gerente Pessoa Física. Quem vai falar é Camila Marques. - Do fundo pude ouvir um disse me disse, entre as funcionárias enquanto aguardava uma resposta. - Senhorita Marques o gerente da conta pediu que se possível a senhorita compareça pessoalmente ao banco. É urgente. -Não pestanejei. - Vou para aí imediatamente. 

O que pode ter acontecido. Tomei um táxi e dei até uma gorjeta para o mesmo ir mais rápido. Estava aflita sem saber por que não consegui sacar e meu gerente me chamando? 

- Bom dia, sou Camila Marques, fui chamada pela gerência.
- Sim senhorita Marques, me acompanhe por favor. 
A porta se abriu. - Senhor Parrela, a senhorita Marques.
- Sente-se Senhorita Marques. Traga café e água por favor Amanda.
- Sim senhor!

Logo tão cedo puxei conversa, queria dominar a situação. - Parrela certo, pois bem, fui fazer um saque e não havia dinheiro e como resposta o senhor me convoca. O que houve?
- Senhorita, ontem pensei em te ligar, mas como a documentação apresentada estava toda em ordem, apenas realizei o procedimento sem questionar. Como a senhorita me ligou hoje, me causou estranheza. - Espanto, meu corpo gelou.
- Que documentação? Qual procedimento o senhor está falando?
- O seu advogado chegou aqui com essa procuração, dando a ele plenos poderes para encerrar sua conta e assinar um cheque ao portador. Como a assinatura confere e está até autenticada não tive escolha. A senhorita já não tem mais um centavo nesse banco. O que foi lamentável depois de tantos anos.

Meu chão caiu, fiquei branca, sem ar. - Me deixe ver isso, não assinei nada. - Coloquei as mãos aos lábios. - Essa não, aquele desgraçado!

- O que houve senhorita? 
- Não permita que esse cheque seja descontado por favor! 
- Lamento isso já aconteceu ontem mesmo.
- Esse é o advogado de minha mãe, durante todo o processo da morte da minha mãe, ele me disse que precisava da minha assinatura para os trâmites do enterro, e eu assinei. Estava transtornada.

Parrela olhou em meus olhos. - Senhorita lamento, mas ao que parece você foi vítima de um golpe.
- Sobrou alguma coisa, jóias da minha mãe?
- Nada, o documento é especifico. Todo conteúdo dos cofres em seu nome e de sua mãe.

Comecei a chorar, descontroladamente, soluçando entre lágrimas. - O que vou fazer agora? - De supetão, tive um despertar de raiva. - Me desculpe preciso ir para casa, pegar algumas coisas e encontrar esse salafrário.

Não acredito, maldito infeliz. Se aproveitou do meu desespero para roubar. Ao chegar em casa me deparei com a cena mais tenebrosa de minha vida. Chaveiros haviam trocado as fechaduras e minhas coisas pessoais estavam dentro de um saco de lixo.

- O que significa isso?. Gritei.
- Senhorita Marques? Sou a representante dos novos donos dessa casa. Eles requisitaram a casa imediatamente após a venda, pensei que seu advogado havia comunicado.
- Esse maldito desgraçado vendeu minha casa? Não essa casa não está a venda, fui vítima de um golpe.

- Bem, meus clientes pagaram uma enorme quantia por essa casa, com tudo dentro, menos as roupas e objetos pessoais. Que estão todos aos pés da escada.

- Isso é um absurdo!. Gritei alto. - Não tenho para onde ir, como vou levar esses sacos?
- Senhorita posso guardar esses sacos na garagem até que sua situação se resolva. E só. No fundo lamento.
- Para onde vou? Não tenho dinheiro, não tenho amigos e parentes!
- Creio que isso não é problema meu, nem dos meus clientes. 

Precisava fazer algo, o celular, isso o celular. Teclei os números impressos no cartão. - Vou ligar para aquele desgraçado. Atende porra!

"O número chamado está desligado ou fora da área de cobertura".


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Pois é caros leitores, sei que muitos de vocês devem estar achando que eu mereço tudo isso. Vou ser obrigada a concordar.  Meu inferno nem havia começado...


Gostaram? Semana que vem tem a continuação com o @Hiago__Junior 

Beijos #Amoras



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