Com esta crise que assola nosso país e a vida fácil
que Soraya levava, seu dinheiro da herança logo acabou. Roupas, sapatos,
carros, joias, foi tudo liquidado e vendido para manter a vida de rainha. Mas
como tudo na vida o dinheiro acabou e agora?
Zona Norte de São Paulo, segundona brava com sol de
estalar mamona, Soraya toca a campainha. Carminha atende pelo interfone.
- Só um segundo...
- Tudo bem.
Passam-se alguns minutos...
- Oi querida, me desculpe. É você que mandaram da
agência de emprego?
- Sim, prazer, Soraya Montenegro.
- Prazer Carminha. Querida me desculpe à franqueza,
mas você está suada, e esse seu cheiro me incomoda. Vamos fazer o seguinte
entre e tome um banho, ok.
- Como? Está zuando com a minha cara só pode né?
Não preciso disso... Vou é embora.
- Não vá embora, mil perdões. Foi só pra quebrar o
gelo (risos).
O histórico de Carminha com empregadas não era dos
melhores, só nas últimas semanas havia demitido quatro. Seu jeito petulante e
agressivo, nada amigável, tinha grande parcela de culpa nesta fatia.
- Quer um copo d’ água? Um suco? Uma coca-cola?
- Eu quero um Martini com gelo se não for incômodo.
- Hã... Certeza? Iremos falar de negócios,
propostas e eu acho que não cairia muito bem...
- Imundis, perdão posso chama-la assim? É um
apelido carinhoso...
- Sem dúvidas, mas não fuja do assunto, não acha
Martini desapropriado?
- Claro que não Imundis, eu penso melhor com
Martini e gelo.
- (...) OK! Vou pegar, espere um pouco.
Soraya olhou a prataria, os acessórios de decoração
e olhava atentamente o quadro de família, quando Carminha chegou com o Martini.
- Aqui!
- Obrigado Imundis, então e o trabalho, como fica?
- Bom, queria contratá-la para limpar a casa, lavar,
passar e cozinhar. De segunda a sábado, das 07 às 17 horas. E ai topa?
- Nossa é muita coisa, eu pensei que seria meio período
apenas e que seria governanta da casa. Não aceito desta maneira... e o salário?
- Nossa estou chocada, ué o salário é o de sempre.
- Quanto?
- Um salário mínimo.
- Jamais, eu sou mais eu... e ainda por cima
trabalhar na casa de uma imunda com você, catadora do lixão que eu sei... Seu
passado de condena, sua IMUNDAAAAAA...
- Sai da minha casa, agora. (aos gritos).
- Mas é claro, e a primeira coisa que vou fazer ao
chegar em casa é me desinfetar, sua pobreza pode ser contagiosa.
- POBREZA, tem certeza que está falando da pessoa
certa? Pobre aqui é você Q-U-E-R-I-D-A!
- Estou indo, mas antes vou levar esta garrafa de Martini
que ele não combina com essa sua cara de catadora.
- Pega, pega... pois essa deve ser a última da sua vida.
- Tchau imunda e beijinho no ombro pra você! Ah por
acaso, você teria 5 reais para eu pagar o busão.
É parece que a carreira de Soraya não durou
muito...
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