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Antes de mais, obrigado eu pelo convite. Quando me inscrevi, não tinha expectativas muito altas e normalmente é assim que trabalho. Tenho os meus objetivos, mas acabo por gerir muito bem as minhas expectativas. Fui um dos artistas que veio da livre submissão, então chegar à Final já seria um bom presságio. Mas tudo muda no momento em que as canções são anunciadas em Janeiro. Na primeira semana, tanto eu como a Mimicat tivemos um alcance midiático diferente do que os outros concorrentes estavam a ter. As semanas foram avançando e isto continuava, apesar da Cláudia Pascoal, que admiro imenso, acabar por se aproximar mais do nosso número de visualizações. Foi aqui que senti que algo poderia mudar no Festival da Canção. Pela primeira vez tivemos os dois primeiros lugares vindos da livre submissão. Não creio que a experiência pudesse ser melhor do que isto. Fico muito feliz do meu reconhecimento ter vindo de uma seleção de júri e depois comprova-se pelo mediatismo e 2º lugar atingido.
Nos três sábados, fiquei assistindo e fazendo a cobertura de todo o Festival da Canção aqui no Brasil e a sua canção foi uma das que me chamaram a atenção pelo conceito, performance e estética. Como foi o processo de criação da apresentação?
Todo este processo foi demasiado natural. A canção não foi feita a pensar no Festival da Canção, mas fazia todo o sentido apresentar esta mensagem no programa. Depois, a atuação nasceu de uma forma muito natural. Quando crio uma canção, imagino-a logo em várias vertentes, como resultará no Videoclip, ao vivo, em disco. Talvez por ter estudado Artes em toda a minha vida, acabo por imaginar o máximo que a obra pode atingir. Tendo estas ideias definidas, eu e a minha namorada, refinamos a minha ideia e vimos com a RTP o que devíamos ou não adaptar da apresentação para que fosse possível fazer nas condições do Festival da Canção.
O Festival da Canção, além de dar a oportunidade para a canção vencedora entrar na Eurovisão, dá também a chance de diversos artistas, muitos deles independentes, de apresentarem seus trabalhos para toda Portugal e fora do país, além de serem reconhecidos por estes trabalhos. Em seu caso, que esteve no “The Voice”, como tem sido para si o reconhecimento desde então?
Eu estou numa fase de transição, onde começo a reduzir a quantidade de versões de temas não autorais para a apresentação de temas autorais, e normalmente é aqui que os artistas podem ser abandonados pelas comunidades de fãs. No meu caso, não tem acontecido nada disto. Tenho sido muito acarinhado pelo público e toda a transição tem sido feita de uma forma muito natural. O The Voice foi importante para que me reconhecessem como um artista diferente do que estão habituados a ver, mas depois disso também existe muito trabalho para que haja uma continuidade do trabalho.
Estes formatos televisivos dão visibilidade ao Artista e aproximam-no de um meio de difícil acesso. Foi importante para mim e pode ser importante para artistas emergentes, mas não acho que seja uma fórmula de sucesso. Há artistas que alcançam o seu espaço sem uma caminhada idêntica. Temos que decidir o melhor caminho para nós e o mais saudável. Se não queremos ser artistas comerciais e criar de acordo com as nossas regras, então o melhor é não irmos por este caminho.
Tenho vários artistas que gostaria imenso de colaborar, já estando a colaborar com um. Sou muito fã do Edgar dos Bandua, mas por outro projeto que ele tem chamado de “Criatura”, e por gostar tanto da sua linguagem convidei-o a escrever um tema comigo para o meu primeiro álbum. Mas há outros artistas que admiro, troquei contato e quero muito convidá-los a criar comigo. A Cláudia Pascoal é uma artista que adoro e o Ivandro e a Bárbara Tinoco também.
Gostava de explicar a fórmula, mas não consigo (risos). A canção nasce de uma forma muito natural, devido a uma experiência que tive e à musicalidade mestiça com diversas origens. Depois sou muito irônico no dia a dia e por isso queria contar uma história forte, mas com duplo sentido e num formato de discurso descontraído. Por isso é que a canção é tão única.
Foi a partir da participação do “The Voice” que começou a ter interesse em participar do "Festival da Canção"?
Eu já acompanhava o Festival da Canção e a Eurovisão, mas foi durante o The Voice que a vontade cresceu. Os fãs enviavam-me mensagens durante o The Voice a pedir que eu fosse “Representar” Portugal na Eurovisão (risos), mas isso só é possível ganhando o Festival. A vontade cresceu e eu só tinha duas opções, uma era ser convidado e outra era a livre submissão. Fui pelo caminho menos apelativo, mas foi o melhor caminho.
O Brasil e Portugal tem muitas coisas em comum, principalmente o idioma. Você tem alguma inspiração em algum cantor brasileiro?
Tenho vários. Sou um artista que ouço todo o tipo de música e que respeita o gosto de cada um. Há vários artistas brasileiros que admiro bastante como Ney Matogrosso, Nelson Gonçalves, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa, e muitos outros. Acho bastante injusta esta pergunta, porque o Brasil é um país cheio de artistas de qualidade (risos). Qual o vosso segredo?
Quais são seus futuros planos profissionais?
Neste momento estou ansioso pelo início da nova tour que começa no dia 20 de maio e com a saída dos singles para este ano e em 2024 temos o primeiro álbum. Para além disto, espero que o projeto vá melhorando a sua qualidade e quem sabe um dia volte ao Festival da Canção. Espero uma carreira longa e prazerosa para todos aqueles que participarem nela.
Gostaria de fazer shows aqui no Brasil?
Óbvio! É uma cultura rica que admiro e adoraria visitar pela primeira vez o Brasil, quem sabe até fazer uma pequena tour. Mas não é assim tão complicado de atingir esse objetivo, eu tenho vontade, os contatos do meu Agente estão na bio do meu Instagram, é só arranjar as condições necessárias e estarei aí num instante (risos).
Quero agradecer imensamente por esta entrevista incrível. Para finalizar, qual mensagem você deixa para seus fãs que tem sonhos e que almejam a realização destes sonhos?
O principal é identificarmo-nos com o que fazemos, depois é termos imensa paciência e trabalharmos bastante para o nosso objetivo. Podemos alcançá-los daqui a 1 ano ou daqui a 50, mas é possível. O mais importante e prazeroso é o processo, a aprendizagem, isso enriquece-nos mais que o fim. E não se esqueçam de ser boas pessoas, porque o caminho não se faz sozinho.
Obrigado pelo convite e a todo o carinho dos leitores.
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