Carlos Vives em arte promocional da série "El Club de los Graves". Créditos: Disney+ Latinoamérica |
Levando o selo Disney+ Original Productions, gravada inteiramente na Colômbia e estrelada por Carlos Vives, “El club de los graves” estreou em fevereiro no catálogo do Disney+ e desde então tem ganhado o mundo com uma trama leve, dinâmica, colorida, musical e vivaz.
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O drama adolescente acompanha a vida de Amaranto Molina, um professor de música nada convencional que depois de anos longe do cenário fonográfico retorna com a proposta de ministrar aulas para uma turma de alunos rejeitados pelo diretor do instituto, Eduardo Kramer, que diferente de Molina pensa somente em status, fama e promover sua teen band “Los Agudos”. Com métodos disruptivos, o excêntrico professor acaba tornando-se o responsável pelo grupo "Los Graves" situação que o fará embarcar em uma jornada musical transformadora que o ajudará a curar feridas e inspirar cada um dos jovens a expressar seu talento único. Por outro lado, os estudantes também o irão ajudar, principalmente quando um segredo do passado de Amaranto começar a surgir.
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Dirigida por Jorge Navas (Kally's Mashup ¡Un cumpleaños muy Kally!), o seriado produzido pela Telecolombia e FoxTelecolombia leva a assinatura de Andrés Gelós (Iosi, el espía arrepentido), Rafael Noguera (Leandro Díaz) e María Clara Torres (No fue mi culpa: Colombia) com a colaboração de Juan David Cobos, Alejandro Convers e Laura Orduz. O script é singularmente atraente, seja pela sua proposta cotidiana fresca e fugaz ou ainda pela proximidade com a realidade. E neste sentido a convencionalidade é um dos pontos atrativos na escrita do roteiro - principalmente quando analisado a ausência de pretensão dos escritores em conduzir a peça televisiva para um ângulo onde o telespectador precise elucidar somente um caso de suspense ou algo do tipo, ou seja, embora a produção apresente uma linha increme de mistério e segredos ao entorno do protagonista, essa teia é facilmente derrubada e compreensível não necessitando de uma compreensão esmiuçada do televidente. E quando essa proposta é alimentada na escrita, acaba cedendo espaço para outros núcleos e temáticas, bem como em um desenvolvimento cíclico de personagens, mesmo em face de uma série de curta direção. Embora seja uma série voltada para um público jovem adulto, “El club de los graves” caminha na contramão dos seriados padrões da Disney Latam, não somente pelo seu protagonismo centrado em um personagem adulto, mas também nas problemáticas abordadas na série. Existe uma certa busca em “amadurecer” a série, a tornando mais robusta e que consiga atender não somente o jovem adulto, mas também abrace uma faixa pouco explorada pela Disney em produções da mesma temática. O que não significa que seja um produto final massante, muito pelo contrário, “El club de los graves” é uma série básica, porém muito bem estruturada.
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Carlos Vives como Amaranto Molina em foto promocional da série. Créditos: Disney+ Latinoamérica |
Dirigida por Jorge Navas (Kally's Mashup ¡Un cumpleaños muy Kally!), o seriado produzido pela Telecolombia e FoxTelecolombia leva a assinatura de Andrés Gelós (Iosi, el espía arrepentido), Rafael Noguera (Leandro Díaz) e María Clara Torres (No fue mi culpa: Colombia) com a colaboração de Juan David Cobos, Alejandro Convers e Laura Orduz. O script é singularmente atraente, seja pela sua proposta cotidiana fresca e fugaz ou ainda pela proximidade com a realidade. E neste sentido a convencionalidade é um dos pontos atrativos na escrita do roteiro - principalmente quando analisado a ausência de pretensão dos escritores em conduzir a peça televisiva para um ângulo onde o telespectador precise elucidar somente um caso de suspense ou algo do tipo, ou seja, embora a produção apresente uma linha increme de mistério e segredos ao entorno do protagonista, essa teia é facilmente derrubada e compreensível não necessitando de uma compreensão esmiuçada do televidente. E quando essa proposta é alimentada na escrita, acaba cedendo espaço para outros núcleos e temáticas, bem como em um desenvolvimento cíclico de personagens, mesmo em face de uma série de curta direção. Embora seja uma série voltada para um público jovem adulto, “El club de los graves” caminha na contramão dos seriados padrões da Disney Latam, não somente pelo seu protagonismo centrado em um personagem adulto, mas também nas problemáticas abordadas na série. Existe uma certa busca em “amadurecer” a série, a tornando mais robusta e que consiga atender não somente o jovem adulto, mas também abrace uma faixa pouco explorada pela Disney em produções da mesma temática. O que não significa que seja um produto final massante, muito pelo contrário, “El club de los graves” é uma série básica, porém muito bem estruturada.
Gregorio Umaña e Julián Arango durante as gravações de "El club de los graves". Créditos: Disney+ Latinoamérica |
A direção musical é um dos atrativos da série. Vibrante e com os tons da Colômbia, a assinatura de Carlos Vives na trilha sonora é sem sombra de dúvidas a marca registrada do produto. As canções a princípio parecem até pouco usuais para uma faixa etária mais jovem, porém conforme a trama ganha forma e surgem novas nuances torna-se totalmente compreensível a jogada da produção em criar uma cronologia entre as canções. E assim como na série, as melodias ganham desenvolvimento e aprendizado, um espelho tal qual seus personagens. A evolução é nítida e bem-vinda. Musicalmente agradável, a trilha sonora é uma grande homenagem à cultura colombiana e aos ritmos latinos.
Atualmente dirigindo a novela “Ventino. El precio de la gloria” na Caracol Televisión, Jorge Navas é quem conduz a direção de cena de boa parte dos episódios da 1ª temporada. Com experiências em projetos semelhantes, Nava entrega uma certa coerência em sua assinatura direcional onde quase nada foge do seu padrão estético. A fotografia colorida, assim como a protuberância nos estilos musicais e cenográficos fazem de “El club de los graves” uma série harmônica. Parte do sucesso do seriado vem da direção, mas também compete ao mérito dos atores. Carlos Vives, por exemplo, que retoma sua carreira como ator, imprime um personagem singular, humilde e amigo. Facilmente “comprado” pelo público, Amaranto Molina carrega as sequelas de um passado triste e repleto de feridas. Ferimentos sentimentais que acabam sendo curados pelo reencontro com a música e partes de um passado que ele precisou reviver ao lado de seus alunos para conseguir renascer como homem e profissional. Mesmo longe das telas desde 2019 quando interpretou El Profe na série “Pescaíto”, Carlos Vives é o motor do projeto, não somente pelo status que seu nome atrai, mas também pela entrega como ator, cantor, compositor e produtor musical.
Elenco de "El Club de los graves" durante as gravações do seriado. Créditos: Disney+ |
Assim como Vives, Julián Arango também é um expoente positivo na fórmula do seriado. Conhecido mundialmente como Hugo Lombardi da telenovela “Yo Soy Betty, la fea” Arango interpreta Eduardo Kramer na série. Vendido como o grande vilão, Kramer é intragável, um homem de índole duvidosa, sem caráter e manipulador que usa seus alunos para alcançar o estrelato. Sem grandes dotes para a música, o antagonista é a pedra no sapato dos alunos e do professor Molina. Desajeitado, Kramer está sempre ao lado de seu assistente, uma cópia fiel e totalmente manipulável. Uma mescla de vilania e humor, Julián Arango é uma válvula de escape para os dramas dos personagens, não somente pelo anacronismo, mas também pela entrega cênica, a troca.
O elenco jovem também não fica para trás quando o assunto é entrega cênica, a começar por Kevin Bury do êxito “La Reina del Flow” que novamente conduz seu personagem com precisão. PaPiYón é um garoto responsável, amigo e que enxerga o mundo com um olhar repleto de brilho. Seu maior sonho é compor, mesmo possuindo um dom latente para o canto. Elena Vives e Catalina Polo são dois achados no cenário da música, com vozes dóceis as duas conseguem entregar um resultado interessante tanto solo quanto em conjunto, situação semelhante ao vivido por María Fernanda Marín com sua empoderada Lala. Os antagonistas juvenis interpretados por Gregorio Umaña, Manuela Duque e Juan Camilo González apesar de poucas inserções também concentram um bom timbre vocal e uma entrega coesa como atores.
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Capa do álbum "El Club de los Graves". Créditos: Disney Music Latino/Gaira Música Local |
Banda Sonora e vozes
“El Club de los Graves” possui uma banda sonora produzida por Carlos Vives e gravada inteiramente nos estúdios Gaira Música Local de propriedade de Vives e possui a direção musical de Andrés Leal e Martin Villela, grandes produtores musicais que trabalharam com Carlos em seus últimos discos em carreira solo. As melodias que compõem a trilha sonora da série transcorrem pelo pop, o urbano e vários ritmos da cultura colombiana e nas palavras do próprio Vives um resgate a identidade local e uma crítica a falta de originalidade que se tem na indústria da música.
Tumbando Muros - Carlos Vives
A música apresenta o conceito da série, um professor de música cujo a principal missão é empoderar seus alunos e mostrar que todos pertencem ao mesmo local, que seus talentos e valores precisam ser pontuados, compreendidos e usados na construção de suas identidades. A mensagem é objetiva e com o tropicalismo colombiano, Carlos Vives, grita por liberdade artística e uma democratização da música, sem as nuances de mercado da indústria fonográfica, apenas ela sendo quem é algo extremamente genuíno e universal. falar do alcance vocal de Carlos Vives, é falar da indústria latina, o homem é simplesmente pioneiro e grandioso, tudo o que tecnicamente escrevermos nesta crítica será pequeno ao comparar com todo o talento que esse homem tem, Tumbando Muros submerge no pop e no rock tradicional para falar sobre Amaranto Molina.
El Pregón de los Aguacates - Kevin Bury
Solo do jovem ator Kevin Bury que vem a pouco tempo mostrando-se um grande cantor de trap e reggaeton, El Pregon de los Aguacates, na história parte de um canto de um vendedor de abacates trazido por Molina (Vives) para a sala de aula, com um senso fora do comum para música, o professor estimula seus alunos a construir uma música partindo da história contada e é neste ponto que as líricas e a capacidade de improvisação de PA-PI-YÓN é mostrada, o que entrelaça perfeitamente ao plano de fundo do personagem que vem das comunidades de Medellín, onde o trap e o reggaeton nasceram, onde a música urbana se torna uma válvula de escape de vários jovens cheio de sonhos e metas a serem cumpridas, Bury trabalha muito bem nas melodias do urbano com uma voz grave e cheia de flow, um dos jovens mais talentosos da atual cena colombiana, ele sabe como interpretar e colocar todo seu potencial a favor da arte.
El Latido - Carlos ViVes
Quando a vida te oferece limões não há nada melhor do que seguir seu coração e reconstruir-se fazendo uma grande limonada. A dor do professor Molina é colocada nas líricas de “El Latido", que passou por tantas coisas ruins em sua vida e se reencontrou dando aula para um grupo de alunos que viram nele, uma forma de se encontrar nesse mundo cheio de promessas e situações que podem te derrubar. A vida passa por altos e baixos, mas sempre há esperança para aqueles que se dispõem a construir pontes entre a dor e a superação - a letra da canção caracteriza-se por exprimir toda a dor de Daniel Santamarina - que reencontrou-se consigo mesmo nos métodos mais loucos e improváveis de Amaranto Molina, ao mesmo tempo que empoderou todos os jovens que estavam em sua classe, a importância de ter um guia na vida na docência é ressaltada de todas as formas, até mesmo nas notas mais profundas de Vives que interpreta como nenhum outro é capaz.
Para atuação a figura de Julian Arango é facilmente reconhecido mediante os olhares colombianos e residentes de outros países, diferentemente do seu lado cantor, e foi nessa veia cênica que Arango se apegou ao construir “Forever”, o maior hit musical do egoísta e excêntrico mister Kramer, o tutor dos agudos e um ex hitmaker de sucesso cujo os métodos são duvidosos. A música é um popzinho dos anos 80, época que Kramer fazia sucesso e com sua voz grave o ator mostra toda a força que o personagem caricato possui.
Pájaro Carpintero - Kevin Bury feat Salomé
Pájaro Carpintero se caracteriza pela analogia com o folclore colombiano que para revolucionar o pensamento de Kramer, de colocar cada aluno em uma caixinha e limitar suas expressões artísticas, como por exemplo, o uso de instrumentos típicos da Colômbia como o clarinete, o bombardino, a guabina entre outros que estão presentes nessa música e que contrapõe com a voz cheia de flow de Bury e toda a suavidade de Salomé, destaque para o solo de gaita de Vives no começo da música e o solo de clarinete de Juan Diego Panadero.
Una Sola Voz - Catalina Polo & María Fernanda Marín
Uma fusão da delicadeza pop de Martina e o rock da percussão de Lala e é das diferenças entre as duas melhores amigas que nasce o dueto entre Catalina e Maria Fernanda, duas sopranas que introduzem uma força rítmica potencializada pela melodia contagiante de uma das melhores canções do álbum.
Take to the Stars - Gregorio Umaña
Interpretada por Gregório Umaña vulgo a melhor voz do elenco de “El Club de los Graves” a canção Take to the Stars é uma balada potencialmente inspirada em Martina, a garota dos sonhos de Raphaelo e também de PA-PI-YON que na história escreveu a canção para a menina, mas vende a letra para o filho de Kramer. A letra romântica é facilmente confundida com uma das músicas da discografia de Carlos Vives, Umanã é um cantor de musicais com uma extensão vocal invejável possuindo modulações potentes e um agudo impressionante, ele passeia entre o agudo e o grave como ninguém é capaz de fazer, suas habilidades técnicas de um barítono encanta a quem o ouve cantar.
Lo que ves lo que Hay - Gregorio Umaña & Kevin Bury
E um mashup entre Raphaelo e PA-PI-YON une o clássico da voz melódica de Umaña que arranca com tons super cima da nota em um tom mais agudo e o urbano do flow de Bury que imprime características mais urbanas na música, é o dueto mais improvável, seja musicalmente falando ou até mesmo na história, mas é a música mais bem executada pelo elenco juvenil, ela possui tudo o que um hit mundial precisa ter: uma melodia envolvente, vozes com técnicas distintas, porém precisas e sobretudo uma letra bem construída e estruturada.
Vende Humo - Pitzon
Narra a história de KJ, uma ex-pupila de Kramer que se revolta com o ex-tutor que a prende em um contrato fonográfico onde ela se sente uma marionete, a música retrata toda a rebeldia de uma artista que busca ser quem é dentro da indústria. Pitzon é uma soprana gigante com agudos impressionantes e que usa um vibrato como ninguém.
Un mundo Feliz - Elena Vives
Amélia é uma das alunas de Molina que idealiza um mundo colorido e sem amarras onde cada um é quem quer ser e luta por expressão, quando chega o novo professor ela finalmente se vê ouvida e pertencente a um lugar. Elena Vives assim como o pai tem uma voz limpa, uma técnica suave e super delicada, seu agudo é capaz de fazer qualquer um se divertir.
Cantando - El Club de los Graves Cast
Cantando é o número final da primeira temporada de Lo Club de los Graves e celebra a união entre todos os alunos da escola, a melodia pegajosa desta canção caracteriza-se pela unidade de todos os ritmos musicais e vende uma mensagem de inclusão de pessoas e vozes, é o mundo ideal que você e eu desejamos, onde nossas asas são potenciais para unir as pessoas e realizar nossos sonhos. A música é uma só e apesar de sermos de países e culturas diferentes, a música nos une e é um símbolo de uma potência maior, o uso de vários instrumentos de sopro, de percussão e regionais que unificam a potência da música nas nossas vidas.
Pôster promocional de "El Club de los Graves" no Disney+ |
A trilha sonora correspondente a série 'El Club de los Graves" é de todas as séries originais do Disney Plus Latino America a mais bem construída e executada, ela costura bem a história dos personagens enquanto entrega uma leveza de uma série rica em ritmos, vozes excelentes liderada pelo maior expoente da música latina, o único que se propôs a colocar ritmos e sons regionais dentro de uma indústria parcial e cheia de nuances contra a identidade local e artística de cada artista.
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