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| Vahide Perçin, Cansu Dere e Beren Gökyıldız em arte promocional da série turca "Mãe". Créditos: MF Yapim / Med Yapim |
Desde o dia nove de janeiro, o Globoplay liberou a primeira leva de capítulos da novela (série) turca “Anne” que no Brasil recebeu o título de “Mãe”. Protagonizada por Cansu Dere, Beren Gökyıldız e Vahide Perçin - a trama antagonizada por Berkay Ateş e Gonca Vuslateri é um sucesso de vendas, principalmente na América Latina - onde a produção ganhou status de “novela com sinônimo de êxito”.
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Exibida em emissoras como LaTele, Caracol TV, Imagen Televisión, UNIMÁS, Telefe, MEGA, Univisión, entre outras, o folhetim turco que continua inédito na TV aberta brasileira agora tem uma casa no streaming. Na trama, Zeynep é uma jovem que tem medo de relacionamentos íntimos por medo de reviver o terror de ser abandonada, tal como foi no passado por sua mãe quando tinha apenas cinco anos de idade. Porém é através do amor incondicional da pequena Melek, vítima de maus tratos físicos e psicológicos que ela conseguirá reacender laços afetivos e ativar em si, a figura antes adormecida de uma mulher forte e altamente empática.
Ainda está em dúvida se deve ou não dar o play em “Mãe” no Globoplay? Então se liga nesses cinco motivos que trago para atiçar sua curiosidade.
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Roteiro bem construído
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Roteiro bem construído
Baseada na série sul-coreana “Mother” de Yuji Sakamoto, a versão turca é uma adaptação livre dos roteiristas Berfu Ergenekon e Merve Gür que se destaca principalmente pela abordagem “nua e crua” da violência física e psicológica vivenciada por uma criança, bem como, contrasta variantes da figura materna, em relação direta ao abandono, a busca por se reencontrar no mundo e sobretudo o amor entre mãe e filha. Bem construído, o diálogo é franco com o telespectador, o que gera rompantes de sentimentos que vão facilmente do ódio à docilidade, uma sensação de insatisfação e busca por justiça, uma imersão na vida da pequena Melek. Abandono, violência física e psicológica acompanham o roteiro da série do início ao fim, mostrando os males de tais atitudes.
Vilões odiosos
Fazendo um resgate ao termo imersão, “Mãe” é muito feliz na caracterização e acentuação de seus vilões e vilãs, onde nada é por acaso e tudo representa um motivo para os atos asquerosos da dupla de antagonistas. O vilão Cengiz interpretado brilhantemente por Berkay Ateş ativa os mais sinceros picos de raiva no telespectador, de uma forma tão visceral, cínica e cruel que a ficção acaba se inundando na realidade. Na mesma linha segue Gonca Vuslateri com a sua enérgica Sule, uma mulher jovem que se despe do amor maternal, do amor próprio e se entrega a uma relação tóxica e violenta onde seu parceiro a usa unicamente como "chave para um cofre de banco". E neste cenário caótico está Melek, que sem conseguir defender-se acaba sendo a maior vítima do padrasto viciado em apostas e da mãe que não acredita na palavra da própria filha.
O nome de Cansu Dere por si só já um motivo para dar o play, uma das atrizes turcas mais conhecidas do mercado de séries, sua protagonista Zeynep é uma personagem de caráter forte, destemida e que carrega mágoas da sua mãe biológica, narrativa que ganha força com o desenvolvimento da trama e novos arcos que nutrem a produção com valor. Mesmo afundada nesse ódio e rancor, Zeynep é toda coração quando o assunto é Melek, dona de um olhar empático e maternal, ela é o abraço acalorado e o beijo tão renegado que a pequena necessita. Abandonadas à própria sorte, ambas se encontram como almas perdidas em meio a escuridão opressora, provando que o amor cura tudo. Mais uma bela composição cênica de Cansu Dere, que desta vez é acompanhada da imponência de Vahide Perçin e da jovialidade de Beren Gökyıldız.
A força das mulheres
“Mãe” é uma série (novela) com foco nas mulheres, em dar vozes às dores, espaço para imponência bem como o destemor de lutar contra o patriarcado. São mães, esposas, filhas, avós, irmãs, todas dispostas a refazerem suas vidas destruídas pelas mentiras e também pelo rastro da violência doméstica. “Anne” (título original) segue o estilo de outras produções da Turquia que apresentam a luta de classes atrelada ao empenho de mães em zelar pela segurança física e emocional de seus filhos, mesmo que isso signifique negar sua própria saúde ou apresentar riscos de vida.
Atuações
É quase impossível não se emocionar em algum momento, e tudo graças ao conjunto cênico de “Mãe”. Um elenco bem escalado, direção de cena agradável e uma produção coerente, fazem da série um celeiro de boas atuações. Destaque para Berkay Ateş, Gonca Vuslateri, Vahide Perçin, Ahsen Eroğlu, Can Nergis, Gülenay Kalkan, Cansu Dere e sobretudo Beren Gökyıldız, uma jovem promessa do cenário da teledramaturgia. Uma obra recheada de acontecimentos, idas e vindas, muito sofrimento e especialmente o amor incondicional de mães por suas filhas.
Para finalizar, convidei o Eduardo, um consumidor assíduo de novelas turcas para agregar na matéria.
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“Mãe” aborda um tema que faz parte do nosso dia a dia, que infelizmente retrata a vida de muitas crianças e pais no Brasil e no mundo. A história mexe muito com nosso lado emocional, mostrando uma garotinha que apesar da violência que sofre diariamente, tenta sempre invalidar seu sofrimento e trazer alegria aos outros, por outro lado vemos Cengiz e Şule, dois personagens que descontam a raiva e as mágoas do passado em Melek, o que não é tão diferente do que acontece atualmente em muitos lares, onde país que não sabem lidar com filhos descontam a raiva e as mágoas. Por outro lado temos Zeynep, que teve um grande trauma na sua infância e que foi apagado de sua memória, as violências domésticas que Gönül sofria diariamente eram assistidas por ela, e sabendo que aquele sofrimento seguiria por muitos anos, tomou uma atitude e se "livrou" do pai violento, só que ainda assim cresceu sabendo que tinha algo de errado, sentia um vazio que nem mesmo a família adotiva conseguiu preencher, e ela enxerga Melek como uma forma de ajudá-la a superar tudo isso e não crescer com os mesmos traumas que ela, expondo assim uma força materna antes inexistente. Nesse quesito a novela consegue captar e reproduzir muito bem sua proposta, e o espectador consegue sentir a tristeza, a dor, a frieza e a felicidade dos personagens. “Mãe” narra fielmente que não escolhemos em que família nascer, mas temos a escolha de continuar ou não nela - além de que violência é violência, e nunca será forma de ensinamento. O público do Globoplay provavelmente receberá muito bem a novela, é uma história bem redondinha que te prende do começo ao fim, que te leva da alegria a tristeza em poucos minutos e que tem um desfecho excelente, o único receio (que talvez afaste) é a dublagem que desfavorece alguns personagens como Zeynep, uma personagem que tem um tom maduro, mas na dublagem uma voz juvenil.
"Mãe" está disponível no catálogo do Globoplay em áudio original (turco) com legendas e também dublado em português.
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