Azul Guaita, Giovanna Grigio, Sergio Mayer Mori, Jerónimo Cantillo e Lizeth Selene, cinco dos oito protagonistas de 'Rebelde'. Créditos: Netflix |
Quando a Netflix anunciou no primeiro semestre de 2021 que iria produzir (até então) um 'remake' da novela 'Rebelde' a internet entrou em colapso. Entre elogios e críticas, as informações foram se encontrando e agora é uma realidade, acabou de estrear no catálogo da plataforma. A 1ª temporada que conta com 08 episódios, na verdade é um reboot da versão mexicana, que por sua vez, é baseada na obra argentina de Cris Morena, 'Rebelde Way'. A marca 'Rebelde' agora ganha uma nova sequela, defronte com o novo, abraçando novas causas, públicos e mergulhando de vez no cenários dos streamings, um mercado que é dominado principalmente por jovens, o alvo principal que a série busca alcançar.
Azul Guaita, Franco Masini, Sergio Mayer Mori, Andrea Chaparro, Jerónimo Cantillo e Lizeth Selene em cena da série 'Rebelde'. Créditos: Netflix |
Nós do Aparato maratonamos o seriado para produzir esse conteúdo em equipe. Portanto acompanhe conosco a crítica de 'Rebelde, a série'. Bora lá!
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Logomarca da série 'Rebelde' na Netflix, os traços são semelhantes ao da versão brasileira produzida pela Record TV. Créditos: Netflix |
Conheça a sinopse de 'Rebelde'
Sejam todos bem-vindos à EWS, a renomada escola onde os fracos de coração não têm vez quando se trata do estrelato! Rebelde traz uma nova versão da amada novela adolescente que deu origem a muitas outras, começando na Argentina e no México no início dos anos 2000. O enredo de Rebelde se desenrola nos corredores da Elite Way School, agora com uma nova geração de alunos, histórias e personagens (além de alguns rostos familiares que os fãs de longa data com certeza reconhecerão). Ao longo de oito episódios, Rebelde acompanha um grupo de alunos que dão o seu melhor para ganhar a Batalha das Bandas da EWS, o principal concurso de música para se lançarem em suas carreiras artísticas. Além de novos amores e amizades, esse grupo também terá que enfrentar uma misteriosa sociedade secreta, que ameaça seu sonho de se tornar a próxima grande estrela musical.
Azul Guaita, Franco Masini, Sergio Mayer Mori, Andrea Chaparro, Jerónimo Cantillo e Lizeth Selene em cena da série 'Rebelde'. Créditos: Netflix |
Elenco
Formado por jovens atores e atrizes, 'Rebelde' conta com as atuações de Azul Guaita, Franco Masini, Sergio Mayer Mori, Andrea Chaparro, Jerónimo Cantillo, Lizeth Selene, Alejandro Puente, Giovanna Grigio, Estefania Villarreal, Leonardo de Lozanne, Karla Sofía e Pamela Almanza. Além de participações especiais de atores com longa carreira em novelas mexicanas, por exemplo.
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Figurino e cenografia
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Azul Guaita, Franco Masini, Sergio Mayer Mori e Andrea Chaparro em cena da 1ª temporada de 'Rebelde'. Créditos: Netflix |
Figurino e cenografia
Quem acompanhou a versão mexicana de 'Rebelde Way' exibida no Brasil pelo SBT, sabe muito bem que o figurino da novela é um tanto quanto (visualmente) chamativo, seja pela escala de cores, pelos cortes, comprimentos e principalmente pela proposta, pouco usável e até desproporcional - aos olhares brasileiros da grande massa. Contudo é inegável que os uniformes dos alunos do Elite Way School dispensa comentários. Um marco da nostalgia, a vestimenta da telenovela transcendeu o universo da tela e ganhou as lojas, e até hoje, quase 20 anos depois ainda continua em evidência e preso no imaginário.
Andrea Chaparro, Jerónimo Cantillo, Lizeth Selene e Azul Guaita em cena da 1ª temporada da série 'Rebelde'. Créditos: Netflix |
Na série, os uniformes usados pelos alunos respeitam a mesma cartela de cores, uma gentileza ao elo nostálgico e amarre com aquele telespectador mais conservador. Contudo é fácil notar, inclusive é até gritante: existem mudanças nas roupas off-uniforme. A começar pelo comprimento, a caída das peças e até os acessórios. O avanço nesse quesito vai muito na tendência de moda atual, que mescla o passado das calças pantalonas, por exemplo, com a mistura do guarda-roupa masculino e feminino. Os acessórios também caminham na mesma direção. Os calçados idem, eles apresentam cores extravagantes, vivas, coloridas. Intensas. Saltos, couro, madeira, botas, é uma soma bem eclética.
Cena da série 'Rebelde'. Créditos: Netflix |
Quem acompanhou a novela 'Like, la Leyenda' na Televisa em 2018 e as duas temporadas de 'Control Z' na Netflix logo irá se identificar com os cenários de 'Rebelde'. O projeto é bem semelhante, os dormitórios, as salas de reuniões, as salas de aula e até o anfiteatro, onde as apresentações acontecem. Talvez seja por conta do espaço onde as três produções são narradas; uma escola como pano de fundo.
Dirigida pelos diretores, produtores e roteiristas Yibrán Asuad (A Casa das Flores) e Santiago Limón (Stray Dogs), 'Rebelde, a série' conta com a produção executiva de Mariana Aceves do longa mexicano de terror 'Animales Humanos' e da novela 'Sr. Ávila' e Rafael Ley, conhecido nos últimos anos por assinar as produções de Manolo Caro na Netflix como a série 'A Casa das Flores' e a minissérie 'Alguém Tem Que Morrer'. A escolha do quarteto para guiar o seriado é bem coerente, pois eles unem os elementos necessários que a trama exige, o apelo com o público jovem, experimentado pelos diretores, em especial Limón e toda a dose de suspense que a obra precisa, principalmente por conta da seita, que retorna. Nesse sentido o toque de Mariana é fundamental, ao nutrir os elementos e narrativas de incertezas que a organização carece para alimentar o viés da série. Rafael Ley, por sua vez é o contato com o novo, o palpável que o telespectador da franquia já havia experimentado em outras versões, mas que no reboot regressa com força total.
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Andrea Chaparro em cena da série 'Rebelde'. Créditos: Netflix |
O guión de 'Rebelde' é comandado pelo escritor José Miguel Núñez, um dos responsáveis pelo texto da novela 'La Reina del Sur' sucesso da Telemundo em 2011 estrelado por Kate del Castillo e que ganhou até uma versão protagonizada pela atriz brasileira Alice Braga. O roteiro tem o encargo também de Talia Rothenberg (#ThisIsCollege), Ilse Apellaniz (We'll Always Have Paris) e Pericles Sánchez (Julia vs Julia). Moderno e condensado, o texto da série é bem conduzido. Embora não forneça nada fora do comum, a equipe viabiliza um frescor nostálgico ao apresentar novas narrativas em um ambiente já conhecido e que permanece vivo no imaginário. O acerto neste sentido é a seita, que volta repaginada.
Embora muitos digam que 'Rebelde' foi criada para seguir a linha de 'Élite' e o sucesso perante esse público, a verdade é que em ambas se destoam. São universos completamente diferentes e situações, que embora semelhantes, tomam caminhos divergentes. Contudo uma trilha é comum, a representatividade. Em 2002, quando Cris Morena levou ao ar 'Rebelde Way' na Argentina, a trama teve sim um personagem e arcos que direcionavam para uma comunidade lgbtqia+ que infelizmente não foi explorada ao máximo e que nas outras versões acabaram sendo ignoradas. Em 2021, novos olhares, vivências. A representatividade é presente. Os romances adolescentes entre pessoas do mesmo sexo é retratado de forma comum na série, sem estereótipos, excessos ou retrocessos. E mais, eles vivem dilemas complicados que vão de uma simples DR, até conflitos familiares, intrigas entre colegas, discussão com professores. É retratado como no cotidiano, sem ataduras ou a glamourização que algumas produções fazem ao entorno de tramas e/ou núcleos lgbtqia+.
Esse fato se estende também para a escalação da atriz Karla Sofía Gascón que interpreta a inspetora Lourdes na trama, uma mulher trans, a atriz já esteve no elenco da série da Telemundo 'El Señor de Los Cielos', além disso Sofía também é escritora e escreveu um livro contando sobre sua história intitulado "Karsia, una historia extraordinaria". A presença de Gascón é bem significativa, e por mais que sejam poucas cenas, garantem um elo teledramatúrgico que a série necessita, vez que, o empoderamento, estilo e carga dramática se assemelham ao estilo de telenovelas latinas.
Uma das peças-chaves da série é sem sombra de dúvidas o relacionamento entre Emilia Alo (Giovanna Grigio) e Andi Agosti (Lizeth Selene), ambas atrizes - e cantoras; souberam transmitir sentimentos através de uma química inegável. Em todas as cenas, o envolvimento amoroso do casal é retratado com muita naturalidade e sensibilidade, cativando os telespectadores desde a primeira troca de olhares. Sem muito questionamento, a ligação entre Endi (shippe de Emilia+Andi), têm causado euforia nas redes sociais, e as atrizes obviamente comemoram esse feedback positivo do público. É importante também ressaltar a importância da abordagem de relacionamentos (sáficos), que cada vez mais tem ganhado espaço em produções voltadas para o streaming.
Outro ponto importante em 'Rebelde Netflix' é a inclusão da língua inclusiva (neutra) nas falas, exibida logo no primeiro episódio do seriado no encontro entre Luka Colucci e Emilia, quandoo ela enfatiza "Sejam todos bem-vindos", logo a corrige com o termo "Bom, sejam todes bem-vindes. Estamos no século XXI". É importante essa inclusão para que todas as pessoas se sintam identificades tanto com sua orientação sexual e identidade de gênero, além disso, mostra o que todes querem é respeito.
Destaques
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Lizeth Selene em cena do seriado 'Rebelde'. Créditos: Netflix |
Destaques
Temperamental, difícil, isolada e 'diferentona' essa é Andi, personagem defendida pela estreante Lizeth Selene. Com carreira na música, Selene encara seu maior projeto até agora com a estreia de 'Rebelde' e já chega colhendo resultados positivos. Se garantindo no cenário fonográfico e nos takes que exigem performances musicais, Lizeth prova que estudou ao máximo para transmitir verdade ao público nas cenas fora zona de conforto. É nítida a preparação, embora ainda falte experiência em uma cena ou outro, o saldo é proveitoso.
Tecnologia
Se olharmos o retrospecto de 'Rebelde Way' as obras derivadas da argentina foram ganhando novas camadas, tecnologias e elementos gráficos a cada nova versão. Na produção da Netflix, esse arco é continuado e as redes sociais aparecem como uma espécie de 'personagem' devido a grande justificativa de sua usabilidade. O roteiro da série é até perspicaz ao usar esse argumento como deixa para atiçar o espectador, que muito provavelmente pode ser um consumidor fiel, óbvio, mas também um hater. São várias as cenas onde esse tom ácido e até áspero é utilizado, numa clara alusão tanto a vida dos personagens quanto ao esperado fora da tela. Celulares, tablets, notebooks, TV's, equipamentos de som e muito mais, são várias as ferramentas tecnológicas acrescidas - que trazem identificação e veracidade a produção, especialmente pela série estar inserida em um geração onde a 'máquina' é uma fiel escudeira.
O celular V3 da Motorola usado por Mia na bota na versão mexicana retorna no reboot. Créditos: Netflix |
Vamos faturar?
Na série é possível observar o marketing publicitário das marcas: Coca-Cola, batata Lays, Doritos, Citibanamex, Nikon, Adidas, Motorola, Samsung e LG - embora não tenha tido um merchandising testemunhal (no qual os atores e atrizes falam sobre o produto/serviço), mas as marcas estavam lá presentes nas cenas. Além do mais é provável cogitar que tenha tido cotas publicitárias (praticamente certeza) das marcas para ajudar no investimento e produção do seriado, tendo um potencial de influenciar os telespectadores.
A brasileiríssima Giovanna Grigio como Emilia, sua personagem em 'Rebelde'. Créditos: Netflix |
Giovanna Grigio, a la mexicana
Se existisse um prêmio para contemplar aqueles atores que tiveram a chance de viver personagens em projetos voltados para o público jovem, Giovanna Grigio seria uma das campeãs. Em seu currículo, 'Chiquititas', 'Malhação' e agora 'Rebelde' e justamente com seu segundo trabalho em uma peça derivada dos textos originais de Cris Morena, Grigio dá vida a Emilia no reboot. Dona de uma personalidade única e marcante, Emilia é o tempero apimentado do EWS. É perceptível que o espanhol ainda é um problema para a atriz, contudo a proposta da série é basicamente infundir a realidade. Uma estudante brasileira em uma escola de elite no México. Nesse ponto, Giovanna acertou em cheio. Emilia mescla o português com espanhol e inglês, criando uma camada singular para a personagem, aquela identidade que marca. O tom soberbo e a relação ambígua com Sebas e Andi, garantem a Emilia uma trama extra, pois circunda um ambiente que claramente é feito para fisgar o telespectador. Roupas extravagantes, acessórios chamativos e uma voz (linda), certificam que Giovanna merece e muito continuar nas próximas temporadas do seriado.
Com uma boa experiência em telenovelas argentinas como 'Amar, después de amar' (a versão que deu origem a mexicana Caer en Tentación) e 'Esperanza Mía' com Lali Espósito - Franco Masini é um destaque positivo de 'Rebelde'. Luka Colucci é um personagem repleto de representatividade, erros, acertos, questões socioemocionais e sobretudo entregue a vida. É divertido, alegre, espontâneo. Que sofre por carregar o peso de ser um Colucci e a expectativa de sempre ser o melhor, o mais. Franco além de criar as derivações de sentimentos que o personagem necessita, também entregou uma boa interpretação musical, com uma voz potente e presente em solos, duetos e grupos.
Um rosto conhecido da Netflix graças a série 'El Club' onde interpretou Santi, Alejandro Puente retorna ao streaming agora como Sebas, um personagem imponente e questionador. Outro destaque positivo de 'Rebelde' o jovem ator pode dividir opiniões, não pela sua atuação, mas sim pela índole de seu personagem que logo o coloca no topo dos comentários. Sempre ao lado de Emilia, Giovanna Grigio, a dupla é o fio condutor de vários encontros e desencontros, além das intrigas e fofocas que acontecem no cerne da 'telenovela'. Com uma atuação fora da média, Alejandro destaca-se pelo forte temperamento, as caras marcadas e o jeito tóxico que seu personagem exige.
Andrea Chaparro (“Maria Jose Sevilla (MJ)”) em cena da série 'Rebelde'. Créditos: Mayra Ortiz/NETFLIX |
Com o melhor vocal dentre todos os integrantes da banda, Andrea Chaparro também é um destaque do seriado. Balanceando sua personagem MJ, uma jovem retraída pelo medo de viver sua verdade, escondida atrás do temor de seus pais, Maria Jose entrega sutileza e docilidade - o que simpatiza rapidamente o público. Embora tenha uma personagem de raso desenvolvimento, Andrea se firma com 'Rebelde' como uma grande promessa do cenário fonográfico latino. O seu dom para alcançar altas notas nos versos das canções e a beleza ao interpretar garantiram a intérprete uma gama de opções ecléticas na discografia da produção. Os duetos com Jeronimo Cantillo e Alejandro Puente, por exemplo, demostram a intensidade que a atriz e cantora oferece ao telespectador.
Capa do single 'Rebelde' canção presente na série da Netflix. Créditos: Sony Music Entertainment Mexico |
Músicas
Espelhando-se na obra original, a série também conta com a presença de músicas e espetáculos ao longo dos seus 08 episódios, são canções originais, regravações do RBD e até covers de músicas de cantores internacionais como Britney Spears. Logicamente a trama é direcionada para esse nicho, que Cris Morena já abordava em 2002 e até antes com 'Chiquititas'. O interessante é o formato, agora seriado, que garante o consumo imediato do conteúdo. Poucos episódios e trilha sonora vibrante, atrelada ao streaming e charts atestam a trilha de 'Rebelde' um sucesso midiático. Recentemente, por exemplo, tivemos 'Julie and the Phantoms' (cancelada pela Netflix), mas que se comportou incrivelmente bem.
Capa do álbum 'Rebelde la serie'. Créditos: Sony Music Entertainment Mexico |
Trilha sonora faixa a faixa
Rebelde
Versão repaginada da música de abertura da mexicana "Rebelde" a canção é um presente para os fãs da banda RBD trabalhando com o pop comercial radiofônico que caracterizou a mesma, a música apresenta o elenco de protagonistas trabalhando com seus respectivos versos durante uma melodia vibrante que inclui uma sonoridade urbana como contraponto, marcando a inclusão de uma nova geração de jovens no universo ‘Rebelde Way’. Destaque para os melismas de Andrea Chaparro, o rap de Jerónimo Cantillo, o porta voz da nova geração introduzindo o pop urbano, os agudos de Franco Masini, que brilha em qualquer situação e as doces melodias entoadas por Azul Guaita, que aqui apontou ser uma soprana a se ter em vista.
Pensando en Ti
Um convite, ou melhor, mergulho na sonoridade da América Latina, é exatamente o que se toca em qualquer fone de ouvido dos jovens hoje em dia, claro, que até os mais velhos podem ser seduzidos pelos melismas de Andrea Chaparro, contrapondo-se com a voz grave de Cantillo, em um dueto puro flow. É uma das melhores faixas da trilha sonora, esses dois são pura dinamite, Jerónimo Cantillo, é muito talentoso na composição, isso fica bem evidente na sua carreira solista, ele sabe o que se torna smash hit e usou bem desse conhecimento aqui.
Me Rehusó
Aula de canto de Andrea Chaparro, uma balada para ovacionar todo o talento vocal dessa princesa que está sendo introduzida no mercado. Chaparro, sabe ser suave e enérgica em cada nota, se evidência bem os sentimentos desencontrados da personagem através da sua esplêndida interpretação, um agridoce de performance tendo como ponto alto os agudos, que deixam qualquer um sem fôlego. Chaparro, é indiscutivelmente a melhor cantora desse elenco.
Baby One More Time
Time Acústico, intimista e explosivo esses seriam os termos mais propícios para descrever esta versão do clássico dos anos 2000 "Baby one more time" cantada em dueto por Giovanna Grigio e Alejandro Puente. Ele entrega tudo nos graves e harmoniza muito bem com Grigio, foi a sacada mais inteligente na produção musical do Rodrigo Dávila, o rasgado da voz dele é genial e abriu de forma sutil, mas eficaz para a voz de soprana de Giovanna Grigio, essa por sua vez estava escondendo um potencial promissor na área musical e se seguir estudando, atriz não será seu único ofício no currículo. Ainda sobre a faixa, pois bem Britney Spears ficaria bem orgulhosa.
Este Sentimiento
Uma letra que poderia ter saído de qualquer discografia de Cris Morena, a essência da autora original do projeto ‘Rebelde’ está implícita nos versos deste solo de Azul Guaita; Rodrigo Dávila, o compositor desta peça musical poderia até não ter se inspirado diretamente na mesma, mas conseguiu trazer para a música tudo o que ela representa. Azul Guaita, tem um desempenho bastante regular durante a performance, colocando a personalidade de Jana dentro da música, o pop mais teen é o que predomina aqui, é feito para uma popstar alcançar o estrelato e é isso que ela faz, brilhar nos agudos, nas altas e ainda por cima dribla bem a sua deficiência nas notas mais graves, o que é pouco exigido visto que a música foi claramente desenhada para se encaixar na sua voz soprana.
Lo que no fue no será
Balada, o berço de Masini onde ele se encontra e entrega toda a sua paixão e nos oferece o melhor de sua voz de barítono, Franco é um intérprete entregue que toma pra si as dores e capta os sentimentos como ninguém. Usa e abusa dos agudos e dos graves e passeia livremente pelas melodias entoadas em cada verso. ‘Lo que no fue no será’ é com certeza a letra mais forte e linda de toda a trilha sonora, a dor do Luka, é visível imposta aqui e Masini, tal quanto na sua atuação tem um senso de empatia com o personagem, é sim, uma vitrine de quem é Luka Colucci, em sua essência.
¡Corre!
Jesse y Joy, uma dupla bastante importante no cenário mexicano foi homenageada no reboot através de um cover de um dos seus singles de maior sucesso, e uma das músicas pop mexicanas com maior número de versões no mundo. Guaita, já abre com uma dinâmica carregada de melancólica transportada nos agudos agridoces do primeiro verso, em contrapartida, Puente entra com um grave impotente abrindo para a companheira. No refrão ambos colocam energia e descrevem a dor de um romance fadado ao término, onde ambos não estão felizes - uma coisa aqui que se deve ser pontuada é como Alejandro Puente sabe fazer harmonia, ele sabe abrir voz, deixar o companheiro a vontade para "brilhar", baixar o tom para encaixar na voz do outro, sem deixar de se destacar na performance, ele nasceu para duetos, um dom para poucos.
Si una Vez
Viva ao México! Aqui entramos dentro da cultura mexicana ao ouvirmos uma versão de um clássico da memorável Selena através das vozes de Jerónimo Cantillo e Andrea Chaparro, sem cerimônia alguma os dois já entregam uma química absoluta nos vocais, uma faísca saindo de um potencial casal. Será quem vem aí? Não, faço ideia, mas shippo loucamente. Cantillo, continua imprimindo seu flow num rap cheio de ritmicidade e energia típico de quem é o Dixon, seu personagem, algo que me chama atenção é como ele conseguiu trazer a sonoridade das ruas da Colômbia, para a cultura tropicalista do México, mantendo todo o ritmo da música original de Selena, mas também remetendo a qualquer momento as festas de reggaeton de Medellín, uma combinação certeira. É como se os personagens se encontrassem dentro de um espaço único onde irão desenvolver um sentimento tão honesto e complementar, sem deixar suas próprias identidades. Andrea e Cantillo, são de longe um dos maiores acertos musicais desse elenco, falar sobre eles se torna até meio redundante, mas não custa nada reforçar o quão bons eles são.
Sálvame
Sem sombra (alguma) de dúvidas ‘Sálvame’ é uma das maiores músicas da discografia do RBD, solada por Anahí, a canção representa tudo o que significa ‘Rebelde’ para os fãs e nesse cover percebemos uma mudança em relação a original de Pedro Damian, o uso de instrumentos eletrônicos, muito suite, guitarra, bateria e até mesmo baixo. Rodrigo Dávila, construiu uma nova identidade sonora na música sem desrespeito a peça musical original, Franco Masini, cheio de bagagem musical, especifica o que caracteriza uma balada, trazendo todo seu conhecimento nos versos, abrindo bem com Azul Guaita e Andrea Chaparro, os três entregam uma suave balada de Anahí, mas ao mesmo tempo imprime sua própria visão da música.
Volver a Mí
Sérgio Mayer Mori, abre com um piano suave e imprime logo sua voz de tenor em um grave imponente e cheio de dor. A música cresce em uma ponte cheia de energia, onde Mori, acompanha com um misto de grave e agudos, onde consegue um passe para dentro da história de Esteban, e seu grande dilema de descoberta. Sérgio tem um timbre bastante agradável, faz de sua interpretação musical seu maior destaque.
Love
Alaíde e Fernando Sujo, um dueto que passa despercebido na trilha sonora para aqueles que só se importam com os protagonistas, mas não daqueles que apreciam uma boa música e vocais esplêndidos, os dois entregaram uma faixa magnífica tecnicamente falando, principalmente, ele que se destaca pelo grave.
No Soy
Balada interpretada por Azul Guaita, é uma das faixas originais da série que caminha na direção da fonte Cris Morena de composição, a melodia embora parecida com a música apresentada anteriormente pela estrela, "No Soy" se destaca pela honestidade na sua interpretação, é onde vemos o coração da Jana, se despindo de toda uma imagem construída pela família, é ela por si mesma e isso se reflete na interpretação de Guaita, que faz aqui a sua melhor performance. Tecnicamente é a mesma cantora, com suas doces notas, noção de agudo e grave, notas altas, melismas tímidos, porém corretos e um controle surreal de voz de peito, mas é sua vulnerabilidade que ganha aqui todo e qualquer tipo de mérito.
Solo Quédate en Silencio
Mais um cover da banda mexicana, coube a Giovanna Grigio e Alejandro Puente interpretar a baladinha pop "Solo quédate en Silencio" um clássico memorável para os fãs. Rodrigo Dávila, ao contrário do cover de ‘Rebelde’, manteve a estrutura da música tal como conhecemos, puxando talvez um pouco mais para a balada, marcando muito o baixo e a guitarra e mais uma vez o que se destaca aqui é a harmonização entre os intérpretes, tal quanto na faixa anterior, os dois estilos diferentes de voz se encaixam perfeitamente, a mesma técnica colocada no hit da Spears, foi repetido aqui talvez com o Alejandro encontrado um pouco mais com a voz aguda. Barítono como é, soube usar disso com mestria, que embora caminhe para uma interpretação mais simples também é cativante nos versos mais agudinhos da música que originalmente foi cantada pelo RBD.
Jerónimo Cantillo e Sergio Mayer Mori em cena da série 'Rebelde'. Créditos: Netflix |
A franquia ‘Rebelde’ criada por Cris Morena se tornou uma das produções de maior sucesso no mercado latino no segmento juvenil e com o passar dos anos foi catapultada para o mérito de proporção mundial ao ser difundida em outros países, mediante adaptações ou exibições originais, condição que conquistou fãs. Mesmo sendo creditada sempre no passado ainda permanece viva. A marca ‘Rebelde’ foi a responsável por colocar os nomes de Luisana Lopilato, Felipe Colombo, Camila Bordonaba e Benjamin Rojas, nos holofotes, bem como os de Anahí, Dulce María, Alfonso Herrera e companhia limitada e agora é a vez da marca abraçar uma nova geração.
'Rebelde' é um reboot, ou seja, não é remake e sim uma continuação da saga. São novos personagens, alguns retornam, é verdade, mas a narrativa é totalmente desprendida da versão que a maioria dos brasileiros conhecem. Neste sentido, consumir a série com outros olhares, sem comparações ou julgamentos ao entorno do velho torna a experiência mais significativa. É válido e sempre bem-vindo.
Confira também as Primeiras Impressões da colunista Graziely Sofia sobre os dois primeiros episódios da série. Curtiu a crítica final da 1ª temporada de 'Rebelde'? Então compartilhe e faça este conteúdo chegar a mais pessoas.
Atualizaremos esse texto com novas opiniões a qualquer momento, então fique de olho.
Escrita por Hiago Júnior com a colaboração de Graziely Sofia, Camila Julia e Lorena Paixão para o selo 'Em Equipe' do site.
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