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| Maite Perroni como a sua personagem Alma em 'Oscuro Deseo' - Créditos: Netflix Latinoamérica |
O brasileiro ama novelas e logo o rosto de Maite Perroni é conhecido do grande público, Maite já protagonizou novelas mexicanas na Televisa e muitas foram exibidas no Brasil, tais como 'Cuidado com o Anjo', 'A Gata' e 'Meu Pecado', mas a fama de Perroni é justamente por conta do êxito 'Rebelde' e consequentemente o 'RBD' - a atriz e cantora - fez história, ao interpretar Lupita na trama juvenil, mas nada disso é tão visceral quanto Alma, sua protagonista na série 'Oscuro Deseo' da Netflix que acabou de estrear na Netflix.
Confira a minha crítica de 'Oscuro Deseo' e melhor, assista, pois quero saber também as suas considerações. Vamos começar? Bora lá!
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| Cena da série 'Oscuro Deseo' - Créditos: Netflix Latinoamérica |
Sinopse
Alma Solares (Maite Perroni) é uma prestigiada advogada e professora universitária, que num certo dia acaba visitando sua melhor amiga no fim de semana, com o intuito de "processar a dor" do seu divórcio. Durante a fuga da realidade aterrorizante, Alma conhece Dario Guerra (Alejandro Speitzer), um jovem de 23 anos, e deste encontro surge algo intenso, uma noite de sexo selvagem.
Alma volta para casa, para tentar juntar os cacos do seu casamento e tentar lidar com a infidelidade de seu marido e os problemas da filha, determinada inclusive a esquecer seu lapso de julgamento e também o seu encontro com Dario, mas sua vida acaba se tornando um inferno e o que parecia uma fuga, se transforma numa obsessão. O que começou como uma pequena aventura se torna uma paixão incendiária e, em seguida, uma perseguição perigosa, desvendando uma cadeia de segredos de um passado que fatalmente prende todos a sua volta.
Desenvolvida com os argumentos de Leticia López Margalli (Nada Personal e Las Aparicio), a obra é um drama peculiarmente doloroso, e que não tem pretensão alguma de fazer firulas ou rodeios acerca da infidelidade, ao contrário, tudo é exposto de forma linear e sem círculos, trazendo um jogo de intrigas contemporâneo e inclusivo, de uma família repleta de dor, mentiras e devaneios.
Aliás já não é de hoje que Letícia Margalli ousa com suas tramas, Nada Personal de 2017 exibido pela TV Azteca, por exemplo, levou ao telespectador mexicano uma história densa de vingança e queima de arquivo, assim como 'Las Aparicio' da Argos Comunicación que sem neuras mostrou o relacionamento de duas mulheres.
O roteiro de 'Oscuro Deseo' não é cansativo e melhor, causa comoção, pois gera um clímax muito comum em séries e filmes de suspense, a defesa do algoz.
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| Cena da primeira temporada de 'Oscuro Deseo' - Créditos: Netflix Latinoamérica |
Direção
Kenya Marquez (El juego de las llaves) e Pitipol Ybarra (Ingobernable/Dos Lunas) são os responsáveis pela direção de 'Oscuro Deseo' - nada mecânica; a visão da dupla é fluída e funciona como um disparo de fuzil. Atinge de forma intrínseca o público final ao impor uma jogatina, pois você, assim como eu, somos televidentes e buscamos a solução do caso exposto logo nos primeiros episódios, ou melhor, minutos. A chama desse suspense é o tom da direção assinada por Marquez e Ybarra, soturna e profunda.
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O uso satisfatório de gravações externas e poucas em estúdios ou ambientes fechados, trazem versatilidade a produção, que apesar da tonalidade melancólica, traduzem a pontualidade e assertividade do enredo, numa composição coesa e lúdibre.
Confira o teaser de 'Oscuro Deseo' veiculado no Las Estrellas, principal canal do grupo Televisa no México.
Novo teaser de #OscuroDeseo exibido durante o intervalo comercial de #RubiLaSerie no Las Estrellas pic.twitter.com/XOzA1qeZFX— Hiago Júnior (@Hiago__Junior) July 14, 2020
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| Alejandro Speitzer como Dario na série 'Oscuro Deseo' - Créditos: Netflix Latinoamérica |
Atuação
Algumas pessoas acabam tendo a visão errônea de que, as criações mexicanas não tem qualidade no quesito interpretação, e muito dessa falácia é baseada na visão deturpada que os brasileiros possuem sobre as produções mexicanas, em especial, as novelas mexicanas. Uma parcela pequena ainda acredita que é tudo exagerado, com olhos arregalados, gritos e pouco equilíbrio cênico.
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Essa perspectiva têm mudado com o passar dos anos e graças a produtos como 'Oscuro Deseo' que desmistificam essa concepção ultrapassada. 'Desejo Sombrio' é um banquete de boas atuações, a começar por Maite Perroni, numa composição cênica sem igual - com 'El juego de las llaves' Maite já havia mostrado um lado diferente, mas a série do Prime Video tendia muito mais para a comédia, direção bem oposta do visto em 'Oscuro Deseo'. Alma é uma mulher bem sucedida profissionalmente, porém presa num casamento em ruínas e que exigiu de Perroni uma construção teatral camaleônica, vez que, Maite nunca havia interpretado uma personagem com essa estirpe. Mais um ponto assertivo em sua trajetória recente, boas escolhas e decisões que a têm levam a outro patamar de competência.
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| Alejandro Speitzer e Maite Perroni em cena da série 'Oscuro Deseo' - Créditos: Netflix Latinoamérica |
Alejandro Speitzer é o outro destaque positivo de 'Oscuro Deseo' o jovem ator, assim como Maite, foi revelado pela Televisa e teve muitas produções exibidas no Brasil, tais como 'Amy, a Menina da Mochila Azul', 'Aventuras no Tempo' e 'Cúmplices de um Resgate', Speitzer, recentemente estava no casting da Telemundo até que migrou para o streaming, onde conseguiu fama e deve consolidar carreira, pois além de 'Oscuro Deseo' Alejandro já está confirmado no elenco de 'Alguien tiene que morir' do produtor Manolo Caro, mundialmente conhecido pela série 'La casa de las flores' também da Netflix onde atuará ao lado de Ester Expósito (Élite).
Seu personagem Dario é congruente, indeciso e palpável, não no sentido sexual, mas no espírito de veracidade. É possível ver em Dario, traços psicologicamente inativos, de uma pessoa narcisista comumente encontrada no cotidiano. Alejandro, por sua vez, confeccionou um protagonista intrigantemente global, regido pelas circunstâncias da sua psique e dos acontecimentos à sua volta.
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'Oscuro Deseo' é uma obra contemporânea, norteada pela mentira e volúpia, que por intermédio de um bom roteiro, direção e atuação, transferem ao espectador um panorama aberto sobre erros e acertos numa relação amorosa, onde um simples beijo, pode significar muito, inclusive um desfecho apavorante.
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