Créditos: Columbia Pictures/Marvel Enterprises/Laura Ziskin Productions/Sony Pictures Releasing/Reprodução da Internet
|
"Eles ordenham a nossa vaca pelo dinheiro", disparou a atriz Kirsten Dunst à revista Marie Claire em 2017, sobre os reboots do Homem-Aranha no cinema.
A Sony Pictures havia acabado de dispensar Andrew Garfield em favor de Tom Holland para viver o herói. "Nós fizemos os melhores [filmes], então quem liga?", concluiu a atriz e a única Mary Jane Watson genuína do cinema desde a estreia de "Homem-Aranha" em 2002 - há dezoito anos.
Há como não concordar com Dunst? De fato, "Homem-Aranha" - indicado aos Oscars de Melhor Som e Efeitos Visuais - se revelou ser o "Superman: O Filme" do Escalador de Paredes, em uma época em que os super-heróis ainda engatinhavam no cinema.
Indo além do gênero, o filme também trouxe um dos momentos mais emblemáticos da história do cinema - o famoso beijo de ponta-cabeça entre o Aranha e Mary Jane Watson.
Indo além do gênero, o filme também trouxe um dos momentos mais emblemáticos da história do cinema - o famoso beijo de ponta-cabeça entre o Aranha e Mary Jane Watson.
Os fãs ainda aguardavam uma adaptação digna do herói e o tempo era sombrio para o gênero no cinema em 2000. "Batman & Robin" (1997) tinha acabado com a saga cinemática do Cavaleiro das Trevas e adaptações como "Steel: Aço" e "Spawn: O Soldado do Inferno" são lembradas até hoje por serem ruins.
Os longas recentes baseados em quadrinhos da Marvel, que se revelaram sucessos de público e crítica, tinham um tom bastante diferente do apelo adolescente-jovem adulto das HQs do Aranha.
Créditos - Columbia Pictures/Marvel Enterprises/Laura Ziskin Productions/Sony Pictures Releasing/Reprodução da Internet
|
A atmosfera mais obscura de "Blade: O Caçador de Vampiros" (1998) e "X-Men" (2000) tornava adaptar o Homem-Aranha para o cinema uma tarefa bastante desafiadora.
"X-Men", no qual o visual tradicional dos heróis-título foi substituído por uniformes de couro preto da era pós-Matrix, também trouxe dúvidas quanto à aceitação do público a um super-herói fielmente transposto das páginas para as telonas.
"Homem-Aranha" viria a sanar qualquer dúvida, mantendo o tom e o visual fiel às HQs que o inspiravam.
Leia também
O fato de o diretor Sam Raimi ser um ávido fã de quadrinhos e do herói contribuiu para o filme fazer história. O mestre por trás de "A Morte do Demônio" e "Xena", Raimi não tinha títulos recentes de muito destaque no currículo (seu último filme era o razoável "O Dom da Premonição") e foi escolhido pela Sony Pictures por sua afinidade com as HQs.
Da esquerda para a direita: o diretor Sam Raimi e os atores Tobey Maguire, Kirsten Dunst e Willem Dafoe em estreia do filme. Créditos - Reprodução da Internet
|
Antes de Raimi, o filme seria dirigido por James Cameron e vinha sendo desenvolvido desde o início de 1990. Seu roteiro continha alguns palavrões e teor sexual, incluindo uma cena quente entre Peter e Mary Jane na ponte do Brooklin.
Cameron escolheu Leonardo DiCaprio como o seu Peter Parker/Homem-Aranha, depois de descartar nomes como Charlie Sheen (seu pai Martin Sheen é o tio Ben em "O Espetacular Homem-Aranha").
Uma das poucas mudanças nas origens do Cabeça de Teia para o filme foi ideia de James Cameron - as teias emitidas por Peter Parker agora eram orgânicas, parte de seus poderes, e não mais artificiais.
Sam Raimi dirige Tobey Maguire e Kirsten Dunst em cena. Créditos - Reprodução da Internet |
Embora pessoas desenvolvendo poderes aracnídeos já não soe nada verossímil, Sam Raimi manteve a ideia de Cameron por não considerar credível um aluno de Ensino Médio inventar um disparador de teias, o que gerou protestos de fãs. Contudo, a Marvel Comics incorporou esse aspecto nas HQs, até o infame arco "Um Dia a Mais" desfazê-lo em 2007.
Siga a nossa revista no Flipboard
Tobey Maguire é o típico ator que assumidamente desconhece os quadrinhos ao entrar em uma produção do gênero, e isso só contribui para o seu trabalho em cena. Focando apenas na história à sua frente, Maguire rendeu um Peter Parker carismático e relacionável e um Homem-Aranha fiel aos quadrinhos.
É para tanto que sua escalação para ser o herói foi considerada uma rival à de Christopher Reeve como Superman.
Sempre espetacular em tudo o que faz, Kirsten Dunst tinha potencial para ser uma Mary Jane Watson além da donzela em perigo e interesse amoroso do protagonista. Hoje, a iteração de Mary Jane em "Homem-Aranha" faz o filme parecer datado.
Créditos - Columbia Pictures/Marvel Enterprises/Laura Ziskin Productions/Sony Pictures Releasing/Reprodução da Internet
|
"O Espetacular Homem-Aranha" pode dividir opiniões, mas ganha pontos em relação à trilogia de Raimi (ao primeiro filme, em particular) por ter Gwen Stacy como uma heroína e parceira de Peter Parker/Homem-Aranha. É inegável afirmar que as "girls next door" estão entrando em extinção, ao menos na forma como Mary Jane é proposta no filme.
No entanto, Tobey Maguire e Kirsten Dunst têm a química necessária para um casal icônico das HQs em cena - uma importante lição não aprendida, por exemplo, por Zack Snyder ao escalar o par Lois & Clark em "Homem de Aço" (2013).
Tobey Maguire consulta edição de "Ultimate Spider-Man" ao lado do diretor Sam Raimi. O ator desconhecia o personagem ao ser escalado. Créditos - Reprodução da Internet
|
James Franco encarna um Harry Osborn não muito útil para a história até o final do filme. De forma similar a Kirsten Dunst, o potencial de Franco para um vilão propriamente dito (além do que viria a se tornar em "Homem-Aranha 3") já é perceptível.
Dafoe dispensou dublês ao usar o traje, garantindo a linguagem corporal necessária ao personagem.
Créditos: Columbia Pictures/Marvel Enterprises/Laura Ziskin Productions/Sony Pictures Releasing/Reprodução da Internet
|
Referências que vão d'"O Médico e o Monstro" ao horror "Onibaba - A Mulher Demônio" (1964) também dão ar macabro a Norman Osborn. Ele bem que poderia ser tão celebrado quanto os Coringas da vida.
Sensível às HQs que o inspiram, o filme recria sequências marcantes de "A Noite Em que Gwen Stacy Morreu": a queda fatal de Gwen e a morte do Duende são quase inteiramente encenadas no longa.
Siga o nosso perfil no Google News
Créditos: Columbia Pictures/Marvel Enterprises/Laura Ziskin Productions/Sony Pictures Releasing/Reprodução da Internet
|
O filme ainda é o quinto mais bem sucedido da Marvel e a maior bilheteria fora dos estúdios Disney. Estúdios esses que parecem concordar com Kirsten Dunst sobre a trilogia de Sam Raimi ser insubstituível.
Em uma carta de amor à trilogia, J. K. Simmons parou o mundo ao reprisar o papel de J. Jonah Jameson em "Homem-Aranha: Longe de Casa" (2019), sendo o primeiro ator a reprisar um papel em live-action dentro do Universo Cinemático Marvel.
Ainda parte do legado de "Homem-Aranha" (2001), Sam Raimi deve dirigir a continuação de "Doutor Estranho", uma escolha mais do que perfeita não apenas pela visão de Raimi sobre o Amigão da Vizinhança, mas por toda sua obra.
Que a Disney reconheça o impacto de "Homem-Aranha" o suficiente para manter Raimi na direção do filme, sem perdê-lo para "diferenças criativas".
Outros Homens-Aranhas devem aparecer em reboots futuros mas, mesmo que Hollywood siga ordenhando franquias já adaptadas de forma exaustiva, repetir um marco como "Homem-Aranha" pode ser uma responsabilidade grande demais.
0 thoughts on “Há 18 anos, estreava "Homem-Aranha"”