Emily Blunt e Millicent Simmonds em cena do filme A Quiet Place (2018) - Créditos: Jonny Cournoyer/Paramount Pictures |
Estamos falando demais. Conversas aleatórias, debates, comentários, opiniões, discussões. Assuntos em excesso! Mensagens, áudios, gritos. Papos cultos. Parlatórios de ideias sem sentido. Julgamentos sem razão. Motivos que não são comentados para não gerarem outras polêmicas. A democracia da fala é necessária. Contudo, a poluição sonora está exagerada. É muito barulho, para poucos ovos botados. Queremos ter voz e vez das nossas verdades, mesmo que elas não estejam enquadradas na moralidade social. É muito colóquio para pouco argumento. Ou estamos argumentando enfaticamente o que não merece mídia. Conversa “fiada”.
Por onde andam os elogios?
Estamos confabulando demais. Lá na Bíblia, em Provérbios, está escrito “Quem realmente detém o conhecimento é comedido no falar, e quem possui o entendimento demonstra alma tranquila”. Porém, até no uso do livro sagrado, na interpretação das passagens e das lições crísticas, tem muito blábláblá. Há mais pregação do que ação. Muita lábia, exemplos incoerentes com o discurso. Quando a oratória é efusiva, é melhor desconfiar dos significados do verbo. O palavreado pomposo se parece mais com tagarelice. A astúcia no uso exagerado dos vocábulos é famosa no banco dos réus: 171.
Quando enfatizamos nosso falatório, esperamos a resposta do interlocutor. Será? Estimulamos uma troca? Queremos que o outro fale, no entanto, estamos dispostos a ouvir?
Estamos em uma prosa sem fim. Queremos uma orelha para desabafar. Entretanto, fazemos “ouvidos de mercador” para absorver somente o que nos interessa. Muita conferência, pouco diálogo. Monólogos de vozes únicas nas redes sociais. Falo, escrevo, debato, opino, posto, atos contínuos da minha solidão. Não ouço, não vejo, não leio, não respondo, não interpreto. Só o que produzo tem valor. Distancio-me daquele que levantou o dedo pedindo atenção. Passou a vez dele, não a minha. Exijo mais tempo para palestrar, porque a ordem é comunicar. Sem objetivo, sem estratégia, sem necessidade. Mais vale ser a galinha que canta.
Silêncio! Já falei mais do que devia, mais do que cabia nesta conversa. Agora é a hora de pensar.
Estamos em uma prosa sem fim. Queremos uma orelha para desabafar. Entretanto, fazemos “ouvidos de mercador” para absorver somente o que nos interessa. Muita conferência, pouco diálogo. Monólogos de vozes únicas nas redes sociais. Falo, escrevo, debato, opino, posto, atos contínuos da minha solidão. Não ouço, não vejo, não leio, não respondo, não interpreto. Só o que produzo tem valor. Distancio-me daquele que levantou o dedo pedindo atenção. Passou a vez dele, não a minha. Exijo mais tempo para palestrar, porque a ordem é comunicar. Sem objetivo, sem estratégia, sem necessidade. Mais vale ser a galinha que canta.
Silêncio! Já falei mais do que devia, mais do que cabia nesta conversa. Agora é a hora de pensar.
Artigo publicado originalmente no site "Blog do Juliano"
Juliano Azevedo
Jornalista, Professor, Escritor, Terapeuta Transpessoal
Mestre em Estudos Culturais Contemporâneos
E-mail: julianoazevedo@gmail.com
Instagram: @julianoazevedo
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