Aparato do Entretenimento: CRÍTICA | La Ley de Baltazar: "Uma obra limpa, pura e fraterna, a teleserie chilena que consegue abraçar as dores familiares"
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CRÍTICA | La Ley de Baltazar: "Uma obra limpa, pura e fraterna, a teleserie chilena que consegue abraçar as dores familiares"

Gabriel Cañas, Daniela Ramírez, Eugenio Francisco Reyes Morandé e Simón Pesutic em foto promocional da teleserie "La Ley de Baltazar". Créditos: Mega

O Chile é um dos grandes berços da teledramaturgia latina, e assim como o eixo Brasil-México possui um laço muito forte com a dialética latina, apresentando estilo e similaridades entre culturas. Com grandes produções, inclusive exportadas mundo afora, o país continua produzindo séries, minisséries e teleseries para a TV aberta e agora também streaming. Uma de suas últimas obras é justamente o foco dessa crítica, a teleserie “La Ley de Baltazar”.

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A comédia romântica produzida pelo canal MEGA em 2022-2023 conta a história de Baltazar Ramírez, um viúvo entusiasmado e independente, que após sofrer um ataque cardíaco se vê pressionado pelos filhos para mantê-lo por perto, para que assim consigam cuidá-lo; bem como estreitar os laços abalados pelas inconstâncias da vida.

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Escrita por Milena Bastidas (Edificio Corona), Daniella Castagno (Ámbar) e Elena Muñoz (100 Días Para Enamorarse), “La Ley de Baltazar” é uma obra original e destaca-se pela simplicidade na condução de seus argumentos. E pensando friamente nesta direção, a equipe aposta justamente no cotidiano e nas relações familiares para criar os meandros que envolvem o clímax da produção - condições que garantem a obra uma singularidade atraente. Ambientada nos tempos atuais, a trama não é rasa e tampouco perde-se em anacronismos, muito pelo contrário, situa-se no tempo-espaço que o script orienta o que garante a produção uma contemporaneidade que a própria teleserie necessita. Os laços fraternos entre pai e filhos é o principal tema que permeia todo o folhetim, e que justa causa abre um leque de opções que os roteiristas exploram ao extremo dentro da “alegoria” problemáticas familiares. Tudo é pensado para circular o protagonista sênior, que agora na terceira idade e com uma condição de saúde mais crítica precisa corrigir as arestas e abraçar os erros do seu passado. O argumento textual é coerente, embasado e popularesco, e embora seja compreensível a todos os públicos não se rebaixa em frivolidades e cenas que não agregam ao roteiro, não caindo na comédia pastelão e tampouco na repetição ANGUSTIANTE de frases chiclete que outras novelas latinas fazem a seu bel-prazer. Considerada uma teleserie longa, 221 capítulos, o guião de “La Ley de Baltazar” consegue construir uma ‘escada’ de fundamentos onde os plots e esquetes são alimentadas aos poucos, com calma, desenvolvimento, porém de uma forma que não fique maçante, onde segredos, amores e animosidades familiares adentram no corpo central da obra – o que garante vitalidade e frescor a trama.

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O guión apresenta alinhavos com a direção alegre e dinâmica de Nicolás Alemparte, diretor responsável pela densa "Perdona Nuestros Pecados" e as divertidas "Yo Soy Lorenzo", "Edificio Corona" e a mais recente "Generación 98". Aqui a ousadia é justamente cravar o que dá certo. Fazendo com que o televidente assista na tela nada fora do comum, muito pelo contrário, é simplória na extensão total da palavra: os takes parecem feitos para não causar fuga ou espanto, livres e nada complexos, a trama arrasta toda sua complexidade para os dramas familiares, que diga-se de passagem é respeitada pela direção saudável de Alemparte.

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A produção executiva é assinada por Juan Carlos Arriagada, Daniela Demicheli (Amanda), Vania Portilla (Pobre Novio) e María Eugenia Rencoret (Eres Mi Tesoro), todos com vasta experiência na condução de teleseries familiares, currículo que agrega e muito na gerência assertiva da trama. O deleite é contrastado com a batuta do público, que entregue ao produto consegue compreender as atitudes dos personagens sem grandes problemas.

O quesito musical de "La Ley de Baltazar" é um presente para os fãs de música latina. A aproximação do Mega com a Warner, cria uma playlist poderosa que casa perfeitamente com os dramas dos personagens, por exemplo, fazem parte dos temas: Morat com o single "No Se Va", "Te Voy a Amar" de Cali y El Dandee feat Andrés Cepeda, a linda "Quisiera devolver el Tiempo" tema do casal protagonista interpretada por Iván Alejandro, "Eres Perfecta" canção de Luciano Pereyra que embala o romance de Sofia e Manolo, "Pensándolo Bien" do jovem Clemente Schaerer, além da canção de abertura "Me Tienes Loco" cantada por Iván Alejandro, entre outras.

Temas atuais

"La Ley de Baltazar" embora seja uma telenovela voltada para a faixa familiar, não se importa em acrescentar em sua simbologia uma abordagem social. A trama chilena, por exemplo, toca em temas espinhosos sem muito alarde e melhor, com a densidade necessária para uma obra folhetinesca. Não é um telecurso, com falas didáticas, mas sim um texto amarrado com o factual.

Um romance proibido

Praticamente toda a América Latina em sua densidade demográfica, é uma extensão - mesmo que "fatiada" em diversas religiões - ainda é o berço do catolicismo. E neste sentido "La Ley de Baltazar" toca na ferida do pecado ao trazer o relacionamento entre um homem de idade com sua cunhada freira.

Brigas entre irmãos

Um dos maiores recursos utilizados nas novelas latinas é o embate entre irmãos consanguíneos ou não, e a trama chilena vai fundo neste assunto. Tanto que o clímax principal é justamente o "acerto de contas" entre os coprotagonistas e suas relações passadas.

Sexualidade

O Chile é um dos países produtores de novelas que mais entrega casais que fogem da heteronormatividade e em "La Ley de Baltazar" não é diferente. A sexualidade de Mariano (Gabriel Cañas) é diluída de forma natural em todo o desenvolvimento da trama, passando da rejeição até a completa aceitação.

Atuações

Os chilenos são muito preocupados com suas atuações e neste ponto a teleserie não peca. Tudo é singular. Logicamente muitos atores conseguem avançar e entregar atuações superiores, são os casos de Eugenio Francisco Reyes Morandé e Amparo Noguera, os protagonistas. Um casal sênior, mas que dão aula quando entram em cena, enchem a tela, encantam. Ignacia Baeza, Gabriel Cañas, Daniela Ramírez, Andrés Velasco, Gabriel Urzúa e o jovem Francisco Dañobeitia também contrastam bem com a proposta. Atuações invejáveis.

Lágrimas

O desfecho é bem impopular por assim dizer, e o roteiro é impecável neste critério pois encerra as arestas com todas elas polidas e luminosas, mesmo que para isso alguns arranhões persistam, mostrando que a vida é cíclica.

Confira o trailer


"La Ley de Baltazar" encerra seu ciclo como uma obra limpa e pura, uma teleserie familiar, com selo plural e que abraça a contemporaneidade. Ficou curioso(a)? A novela pode ser assistida no Brasil no YouTube através da assinatura da opção membros na conta oficial do canal Mega.

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