Aparato do Entretenimento: Hospital psiquiátrico e o descaso humano
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Hospital psiquiátrico e o descaso humano




Boa noite! Sejam bem vindos a mais uma edição do Felipédia! Hoje em especial apresento-lhes um assunto que pernoita infelizmente nossa realidade, falarei sobre os hospitais psiquiátricos e o descaso para com seus clientes. 
Let's go!


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“Antes mesmo de conhecer o deserto, eu já visitara outro ainda mais inóspito e desolador, o deserto da loucura”. É assim que Marco Luchesi inicia  este belíssimo e doloroso relato de sua visita a um hospital psiquiátrico. Em outros tempos, mais religiosos, a loucura despertava sentimentos de proximidade do mundo divino. Os loucos, como as crianças, nos desatinos lógicos, transportam-se para além da esfera da racionalidade calculada. Aproximam-se do mistério de mentes impenetráveis pela curiosidade humana. Nisso refletia a universo divino.


Eram colocados na "stultifera navis" (nave dos loucos) e lançados ao mar, na crença de que Deus os guiaria com providência especial. Lá iam eles navegando para o mistério do mar e da morte, símbolos dos braços de Deus. A mente crítica moderna horroriza-se diante de tal fato. Nada hoje o justificaria. Talvez escondesse outros interesses que a simbologia religiosa. Ficou porém dessa lição irreproduzível um sentido de que a loucura esconde algo de misterioso. A secularização rasgou a sacralidade da loucura, aproximando-a, não do mistério impenetrável, mas da irracionalidade do animal. Ao vasculhar os mecanismos do psiquismo e de sua constituição biológica, tenta tratá-la à base de remédios ou terapias agressivas. Daí há um passo para terapias inumanas.



Confunde-se o processo de animalização que ocorre na sociedade moderna pela via da cultura do consumismo, da tirania do prazer com os limites do exercício da liberdade e da razão provindos de doenças psíquicas. A primeira se faz por perversidade social. As pessoas entregam-se aos instintos animais por escolha ou sedução. A segunda pertence aos limites da natureza que o próprio Criador, respeitando sua criação, não ultrapassa. Não voltaremos nunca à sacralidade antiga da dimensão divina da loucura. A racionalidade não suporta tais retornos. O caminho da modernidade passa pela descoberta dos direitos humanos naturais e universais de todas as pessoas e, portanto, também dos doentes mentais. Naturais, porque inerentes à natureza humana. Universais, porque ninguém está excluído deles. 


Desta forma são naturais, pois os anteriores ao estado representam quem não é lícito, ou seja aqueles que transgridem. Universais, porque a nenhuma instância, em qualquer parte do mundo, é facultado não reconhecê-los, ou não cumpri-los. Os enfermos mentais possuem a integralidade dos direitos humanos, embora não consigam exercê-los. Em relação a eles, todos somos obrigados a respeitá-los. Nada e ninguém dispõe de poder para negar-lhes todo cuidado, toda bondade. Diante do descaso da sociedade da utilidade e da produtividade por seres humanos que carecem de tais predicados, brota o grito ético de protesto. E sobre eles pousa o nosso olhar de compaixão e de ternura do que nos restou de civilidade e humanidade. O descaso, as negociatas, as propinas, o sofrimento, a falta de cuidado, o ambiente insalubre, a falta de roupas, lençóis, colchões, o excesso de percevejos, baratas, ratos, comida que mais parecia uma lavagem, funcionários que tratam pacientes como seus empregados, que os colocam para catar o lixo, comer sobras, dormirem expostos ao frio, como nos casos dos idosos e pacientes tuberculosos, o alto índice de óbitos, muitas deles por falta de mínimos cuidados, onde alguns médicos da instituição nem tem coragem de colocar o verdadeiro motivo da "alta celestial" como diziam, por ser motivo de cassação de seus conselhos. 


Esses pacientes vivem em condições sub-humanas, enquanto os empresários da psiquiatria são bem pagos, embora não interesse o valor, são pagos e realizam um trabalho que deixa a desejar como descrito acima. Além de outros funcionários subornarem e pressionarem famílias de pacientes para lhe arrancarem o pouco que elas ainda tem. Já as diaristas de cada pavilhão distribuem lanches uma para as outras, onde os lanches trazidos por familiares são tirados de circulação e ganham um novo destino, o importante é deixar bem claro que os hospitais não aceitam e nem distribuem lanche algum. Muitas vezes as diaristas mostraram-me roupas e objetos pessoais que elas próprias compravam para determinada usuária, era com dinheiro da família da mesma, elas, porém ocultavam esse detalhe.


Acompanhe agora, a matéria investigativa que o repórter e apresentador Roberto Cabrini fez sobre o assunto para o Conexão Repórter. 



  Hospital Vera Cruz (Sorocaba/SP) - A casa dos esquecidos


Até domingo que vem!

 Hasta la vista! 

Felipédia


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