Camaleones: Polêmica e ousada, uma novela original regida por protagonistas carismáticos e coadjuvantes intensos

Após o sucesso inigualável de 'La Fea Más Bella' em 2006, Rosy Ocampo produziu a minissérie 'Amor sin maquillaje' e a telenovela 'Las tontas no van al cielo', ambas com repercussões medianas e que acabaram não repetindo o mesmo sucesso de 'Lety'. Até que em 2009, Ocampo resolveu apostar todas as suas fichas em uma trama inédita, versátil e que tinha o público jovem como principal consumidor.

Assim nasceu 'Camaleones' ou simplesmente 'Camaleões' em tradução literal aqui no Brasil. A novela marcava o retorno de Belinda, um dos principais nomes associados a carreira da produtora, além do regresso de Alfonso Herrera que havia acabado de despedir-se do RBD. Algumas semanas atrás, recebi pedidos para uma análise da novela e portanto, hoje, trago as minhas considerações sobre a obra.

Belinda em foto promocional da novela 'Camaleones' - Créditos: Televisa S.A

'Gosto bastante da novela, achava "mágico" aquele lance do amo e tal, a química de Valentina e Miguel, amava a personagem da Edith, o núcleo do Pee Wee com a Ana Bertha Espín, as cenas dos alunos [...] Tudo. Aquela dobradinha de 'As Tontas Não Vão ao Céu' e 'Camaleões' foi tudo pra mim, me marcou muito'.

'Camaleones' tem uma parcela muito significativa de fãs, inclusive, muitos deles moram no Brasil, assim como o Gabriel que você leu acima. A trama protagonizada por Belinda e Poncho tem até uma média boa em sites especializados como o TV Time e IMDb, por exemplo, no primeiro a média da novela é de 8,24 e no segundo de 6,6, entre uma escala de 0 até 10. Para ter uma comparação, Rebelde, outra trama mexicana do mesmo segmento tem média de 6,6 no TV Time e 7,1 no IMDb.

Além do Gabriel, a coluna contou com o testemunho do fã Reinaldo, que entre um dos seus dizeres - que espalham-se por todo o corpo essa matéria - elogiou a agilidade da trama e o argumento principal, que segundo ele, foi o fator que mais lhe chamou a atenção.

Logo quando a novela estreou, já me conquistou, pois desde o primeiro capítulo, a trama já mostrou a que veio, pois era repleta de suspense, principalmente por causa do personagem chave da novela, o Camaleão, que movido a uma sede de vingança, usou dois jovens para dar início a seu plano, que era de todas as formas manchar a imagem de Augusto Ponce de Leon. Enfim, mas todos já conhecem a história, né? Rosy Ocampo, conhecida por produzir as melhores tramas infantis (de muito sucesso no passado), levou ao ar uma novela gostosinha de assistir, pois fugiu um pouco do padrão da Televisa, onde a história central girava num personagem que todos viam com um herói, mas que na verdade, era um dos policiais mais corruptos do México. 

Obviamente a novela acumula elogios e críticas, em conversa com Camila Júlia, publicitária e estudante de artes cênicas a obra foi sim saudosista, na mesma proporção que trouxe elementos novos ao enredo.

Camaleones, foi uma trama que levanta muitos questionamentos, e de certo modo fica na linha tênue de ter sido uma trama inovadora, porém, por falta de mais atrativos não foi possível manter a atenção dos telespectadores. Embora as críticas, Camaleones não deixa de ser uma produção curiosa, e ao meu ver curti muito essa novela, assisti quando passou pela Televisa e depois pelo SBT, é aquela novela que dá aquele sentimento de saudosismo das novelas tens/juvenis “antigas” da Televisa.

Alfonso Herrera como Sebastián em cena da novela 'Camaleones' - Créditos: Televisa S.A

Conseguir Alfonso Herrera em um projeto é super difícil, até porque o ator sempre prioriza compromissos que agreguem em sua carreira e tragam algum apelo eclético na sua função de intérprete. E eis que 'Camaleones' acabou chamando sua atenção. A telenovela, inédita e original, fugia do esteriótipo de adaptações que a Televisa sempre privilegiou, além de trazer uma dupla de ladrões como protagonistas em meio ao cenário de adolescentes inconsequentes. A premissa parecia ideal para marcar ainda mais a jornada brilhante do jovem ator, e foi, por grande parte da novela, até que o projeto perdeu parte de sua originalidade quase próximo a sua reta final. 

Alfonso Herrera, obviamente não têm em nada, culpa. Ele não estava envolvido no desenvolvimento da telenovela, tampouco criou empecilhos para seu progresso. Apesar dos pesares, Camaleones, conseguiu algo extraordinário, permanecer viva no imaginário de seus televidentes. E parte disso se vale da presença marcante de Sebastián, papel de Herrera na trama.

Belinda voltou a trabalhar com Rosy Ocampo em 'Camaleones' - Créditos: Televisa S.A

Quase sempre associada a novela 'Cómplices al rescate' e também a produtora Rosy Ocampo, Belinda, regressou a Televisa após alguns anos longe das novelas para então protagonizar 'Camaleões'. Rapidamente a imprensa saltou os olhos, pois, anos atrás, Belinda e Rosy foram evidência nas capas de revistas de fofoca por um contratempo que envolveu ambas na novela citada acima. Logicamente, todo esse buzz, foi o estopim para que os telespectadores ficassem de olhos bem atentos para a estreia de 'Camaleones'.

Valentina trouxe a Belinda notoriedade da mídia e criou oportunidades para a mesma ganhar ainda mais espaço, principalmente no cenário fonográfico. Na telenovela, sua atuação foi correta e promissora, desvinculando a sua imagem infantil e nada sensual, para uma protagonista única e madura.

Porém, é preciso citar algo. Belinda era bem jovem quando viveu Valentina em 'Camaleões' e neste cenário, ao lado de Herrera, mais velho que ela, ambos se transformam em professores de atores com idades bem destoantes. Um erro bem observado por Camila Júlia.

Um dos erros foi na escalação do elenco, ao interpretarem adolescentes, muito dos atores já tinham mais de 30 anos. No decorrer dos capítulos acabam perdendo um pouco do timing da premissa inicial das novela, alguns personagens tiveram suas personalidades descaracterizadas, fazendo com que houvesse uma mudança repentina na continuidade da novela. E pela falta de planejamento ao executar uma banda fictícia que tinha grandes probabilidades, em outras palavras, a banda poderia ter feito sucesso além das telinhas, ganhado vários fãs pelo mundo afora, o que infelizmente acabou não ocorrendo.

Belinda atualmente segue na carreira musical, além de ter tornado-se empresária e continua longe das novelas.

Edith González em foto promocional da novela 'Camaleones' - Créditos: Televisa S.A

Ter o primeiro nome associado a entrada de uma novela, significa muito status e poder, ou então uma carreira sólida e irrefutável. Em 'Camaleões' o primeiro crédito, ator creditado na abertura é o de Edith González e não de seus protagonistas Alfonso e Belinda. Estranho? Nem um pouco. Edith é o nome mais chamativo da atração, que junta a Guillermo García Cantú formam um elo coeso na escalação do elenco adulto. 

Camila Júlia, reconheceu a ideologia promitente do produto e que a presença de Edith González foi uma ponderação coerente durante todo o projeto.

A novela Camaleones foi uma produção inovadora, embora não tenha tido o sucesso devido, mas foi inovadora ao colocar entre seus protagonistas o ex-RBD Alfonso Herrera e a volta de Belinda na telinha da Televisa, como protagonistas que tinham uma vida dupla, tendo que trabalhar como professores para ocultar sua verdadeira identidade, e temos a atuação estelar da grande e saudosa atriz Edith González.

Infelizmente já falecida, Edith marcou a trama com sua presença e trouxe brilhantismo as sequências de seu núcleo. Conhecida no Brasil pelos trabalhos nas novelas 'Coração Selvagem', 'Salomé', 'Doña Barbara' e 'Mundo de Feras' - González - teve altivez e coerência ao atuar ao lado de jovens atores, respeitando seu espaço e não atropelando o enredo do melodrama.

Com uma personagem linda e maravilhosa, a eterna Edith González fez bonito em sua aparição através da sua personagem Francisca Campos, pois ao longo da história foi revelada que ela era a principal aliada do misterioso Leônidas, que no final de tudo era uma pessoa boa, sabemos.

Concluiu, Reinaldo.


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Karla Álvarez como Ágata em foto promocional da novela 'Camaleones' - Créditos: Televisa S.A

Repleta de atores conhecidos, Camaleones, também contou com Karla Álvarez em seu penúltimo trabalho na TV antes de falecer em 2013 com apenas 41 anos. Na oportunidade Karla deu vida a antagonista Ágata, em uma de suas atuações mais ecléticas da carreira, que foi sempre marcada por vilãs distópicas e alucinadas.

Outra assertividade apontada por Camila foi o enredo de seus protagonistas.

Um dos acertos foi a inovação da novela, justamente essa dupla vida de seus protagonistas, sendo obrigados a fazerem serviços de investigação pra proteger seus familiares, e ao longo disso tudo se veem obrigados a trabalharem como professores no Colegio San Bartolomé. E ao longo dessa nova realidade trabalhando no colégio, acabam que muitas das coisas são reveladas ao longo dos capítulos, trazendo esse mistério intrigante ao longo da novela.

Luis Manuel Ávila em foto promocional da novela 'Camaleones' - Créditos: Televisa S.A

Os atores Luis Manuel Ávila, Queta Lavat, Manuel Ibáñez, Grettell Valdéz, Michelle Renaud, Mariluz Bermúdez, Ferdinando Valencia e Ana Bertha Espín também foram destaques positivos da trama, que entre uma mescla de jovens e veteranos souberam conduzir a telenovela com muita seriedade.

Sebastián e Valentina eram o ponto alto do folhetim, mas outro casal acabou chamando bastante a atenção - Ulises e Solange - vividos respectivamente por Pee Wee e Sherlyn González, coadjuvantes com estilo protagônico que possuíam núcleo e enredos concretos. A surpresa mesmo foi para Pee Wee, que fazia em 'Camaleões' a sua estreia na TV, cantor, o artista nunca havia atuado. Infelizmente a trama foi sua estreia e despedida, vez que, após o programa nunca mais atuou. 

Sherlyn já era conhecida do grande público, pupila de Pedro Damián e Ocampo a jovem viveu na novela o seu maior e melhor papel de toda sua carreira até o momento.

Pee Wee e Sherlyn González formaram um dos casais mais shippaveis das novelas - Créditos: Televisa S.A

A discografia da novela lançada em 2009 sob o selo musical da Televisa, contou com intérpretes da trama, entre eles Sherlyn, Pee Wee e Belinda, em atuações sonoras interessantes e promissoras.



Sobre a personagem Solange, Reinaldo enfatizou:

As histórias paralelas também não deixaram a desejar. Tivemos a personagem Sol, que vivia em conflito com a mãe (Francisca) e tinha problemas com alcoolismo. O uso de drogas também foi inserido na história, através de alguns personagens secundários. 

Pee Wee foi o ator, além de Belinda, que foi mais presente na discografia.



Michelle Renaud saltou de coadjuvante para protagonista no Las Estrellas, estreante em 'Rebelde' como Michelle Pineda, a atriz viveu Betina Montenegro em 'Camaleones' uma personagem ambígua e repleta de sequelas que envolviam sua estética. Um tema recorrente em novelas do gênero, mas que atuou de forma adequada no melodrama musical. 

Outro ponto legal foi o da personagem Betina, conhecida por ser uma espécie de "patinho feio" na escola, que depois teve seu momento de auge e conseguiu se mostrar uma pessoa forte. E não posso deixar de falar dos principais: Sebastião e Valentina, que juntos se mostraram uma dupla dinâmica e um casal com muita química, que conseguiu encantar os fãs dos dois atores. 

Salientou Reinaldo.

Camaleones apostou e muito nas roupas chamativas e acessórios para chamar atenção dos jovens - Créditos: Televisa S.A

Uma história original de Gustavo Barrios, roteirista responsável pela novela 'Chiquititas Brasil' e Diana Segovia, do êxito argentino da Pol-ka Producciones 'Campeones de la vida' - Camaleones - contou ainda com Palmira Olguín (Alegrifes e Rabujos) como assessora literária e Félix Cortés Schôler da novela 'Mi Adorable Maldición' do produtor Ignacio Sada Madero, exibida em 2017 no Las Estrellas, como editor literário.

O roteiro da trama apostou bastante nos embates entre pais e filhos, alunos e professores e sobretudo nas emblemáticas oriundas da adolescência. Bullying, roubo, consumo de drogas, assédio e violência foram assuntos recorrentes no folhetim, que ousou ao trazer uma vingança teen como clímax principal da telenovela. Sequelas óbvias dos criadores Gustavo Barrios e Diana Segovia, que tanto em 'Chiquititas Brasil' quanto em 'Campeones de la Vida', assinadas por ambos, abordaram temáticas semelhantes, com maior aderência de acordo com a faixa etária ao qual o projeto direcionava. Inclusive, Gustavo e Diana estão preparando um novo projeto intitulado 'Esposa Por Horas' ainda sem maiores informações.

Outro ponto em destaque é a sua estética visual, colorida e presente, as roupas e acessórios acabaram criando uma dialética única, que repercutiu muito bem entre os jovens, assim como 'Rebelde' produção de Pedro Damián. Grande parte desse sucesso se deve a quatro profissionais, Alejandra Mendonza que assinou todo o desenho de vestuário, Laura Ocampo  (La doble vida de Estela Carrillo) responsável pela ambientação, Ernesto Esteva (Corazón Indomable/Rubi) pela cenografia robusta e expressiva e por fim Fernando Villaneuva Chacón (Sueños y caramelos/Bajo la misma piel) pela exímia coordenação artística.

Pee Wee e Sherlyn González em foto promocional da novela 'Camaleones' - Créditos: Televisa S.A

O jogo cênico também se fez presente em 'Camaleões' e justamente por conta da novela ter protagonistas 'ladrões'. Dessa maneira, muitas cenas acabaram em 'pancadaria', onde, muitas delas florearam o circense. É compreensível, até porque a trama não tinha como principal fundamento lutas marciais ao estilo Bruce Lee, ou hollywoodianas como as dos filmes protagonizados por Jean-Claude Van Damme. Contudo é preciso ressaltar que mesmo observada a situação alguns takes extrapolaram e o que foi ao ar não causou tanto impacto. Poucas cenas, mas tiveram.

O ator e diretor de cenas de artes marciais Fidel Zerda (El Hotel de los Secretos/El Pantera), excelente por acaso, tentou imprimir a sua personalidade nas cenas de 'Camaleones' e quem acompanha a carreira de Fidel, sabe que ele luta de verdade. E neste meio de campo que acaba entrando outro inconveniente, a classificação indicativa. 'Camaleones' era uma trama voltada ao público jovem e por conta disso, muitos diálogos e cenas não podiam exceder o limite. Não chega ser um pecado e tampouco atrapalhou o desenvolvimento da trama, mas é algo que precisa ser elencado.

Por sua vez, a direção de arte regida por Florencio Zavala (Antes muerta que Lichita), um dos companheiros de equipe de Rosy por anos, difundiu um belo trabalho.

Sherlyn González como Solange em foto promocional da novela 'Camaleones' - Créditos: Televisa S.A

A direção de 'Camaleões' também comportou-se muito bem, destaque para as atuações de Alejandro Álvarez e Daniel Ferrer como diretores de câmeras que entre outras condições, forneceram argumentos plausíveis para o entrosamento do elenco mediante as gravações de cenas, externas ou em fórum e isso pode ser visto no que foi ao ar. 

Felipe Nájera (Amorcito Corazón) e José Ángel García (La Rosa de Guadalupe/La fuerza del destino) também mostraram empenho no projeto como diretores de cena. Digo mais, a mistura da tenacidade clássica de José Ángel com a regularidade de Nájera, fizeram de 'Camaleones' uma trama única e que até hoje permanece viva.

Alfonso Herrera e Belinda durante foto promocional da novela 'Camaleones' - Créditos: Televisa S.A

A produção do melodrama adolescente foi perspicaz ao esboçar em seu enredo uma trama que envolvesse ação, drama e romance, ingredientes estes que iam contra o usual na época, a abordagem rosa. E como no México, tal como no Brasil, as produções funcionam como 'panelas' Ocampo recrutou seus fiéis escudeiros María Alba Espinosa (Cómplices al rescate) que desta vez assumiu a função de produtora adjunta e Eduardo Meza (Papá a Toda Madre) que repetiu seu cargo de produtor associado.

Juntos, os três levaram originalidade durante grande parte da trama, apostando em sub núcleos interessantes e personagens cativantes, houve até a inserção de temas promissores e 'censurados' por muitos anos no México, contudo, com o decorrer dos capítulos a trama acabou perdendo seu ritmo e caindo na temida 'barriga' que só não se prolongou por conta da duração da telenovela, que ao todo teve 135 capítulos.

Logomarca da novela 'Camaleones' no México - Créditos: Televisa S.A

A marca de Rosy Ocampo nas telenovelas é bem presente, a produtora não tem medo de ousar e trazer para as telas dos espectadores argumentos 'proibidos' pelo conservadorismo mexicano. Em 2013, por exemplo, Ocampo produziu o remake da clássica novela colombiana 'En los Tacones de Eva' onde um homem acaba tendo como última alternativa assumir a identidade de uma mulher para conseguir fugir da polícia, enquanto tenta provar sua inocência. 'Por Ella Soy Eva', exibida no Brasil, trouxe Jaime Camil e Lucero como os protagonistas e foi um enorme sucesso. Porém, apesar de não temer represálias, Rosy em muitas de suas produções acabou excedendo o termo 'barriga' ao criar a pedido da direção do canal acontecimentos e mais acontecimentos desnecessários para suas novelas, e com 'Camaleones' não foi diferente.

Atualmente Rosy Ocampo tem mudado e muito, vale destacar a sua última produção na Televisa, após um hiato de três anos, a produtora retornou com 'Vencer el Miedo'. Protagonizada por Paulina Goto e Danilo Carrera a novela mostrou novamente a originalidade de Ocampo, além de bem escrita, dirigida e produzida, o folhetim teve uma campanha de caráter público atrelada a novela que entre outros fatores, forneceu informações sobre violência doméstica e sexualidade, difundidas através das redes sociais, TV e sites. E melhor, Rosy não pecou no quesito 'barriga'. Ela retorna ainda esse ano com 'Vencer el Desamor' sequência da trama citada acima, mas com novo elenco e novos acontecimentos.

Aproveitei a deixa para conversar com Reinaldo, telespectador noveleiro e fã da produtora. Confira seu depoimento.

A Rosy sempre tem boas histórias pra contar. Conhecida por sempre inovar em alguma coisa nas suas produções, com Camaleones não foi diferente. Inovou, causou um pouco de estranheza no público, mas teve seu objetivo concluído.

Pôster promocional da novela 'Camaleones' - Créditos: Televisa S.A

No Brasil, Camaleones foi exibida entre 25 de outubro de 2010 até 25 de março de 2011 pelo SBT, cercada de muitas críticas a telenovela sofreu bastante com a classificação indicativa da época, o que acabou gerindo uma série de cortes na trama e consequentemente no desmonte da quantidade de capítulos originais.

Sobre o fato, Reinaldo elogiou a iniciativa da emissora em apostar num projeto auspicioso, justamente em um estágio onde as telenovelas mexicanas estavam em segundo plano.

Bom, o que falar sobre Camaleões? Primeiramente, foi uma grata surpresa a exibição da novela, num momento em que o SBT tinha deixado de lado as tramas mexicanas. Juntamente com 'As Tontas Não Vão Ao Céu' os folhetins, ambos da produtora Rosy Ocampo, formaram uma sequência que deixaram os noveleiros mexicanos da época, animados. Mas vamos lá: O que me atraiu no início (pelas chamadas e tal) foi o fato da novela ter como protagonista duas figuras importantes e conhecidas dos fãs das mexicanas: Alfonso Herrera e Belinda (que estava longe das novelas desde muito tempo). 

Assim como no México, a novela sofreu com represálias. No Brasil, foi parar na justiça sob alegações da veiculação de imagens que supostamente faziam apologia ao consumo de drogas ilícitas e violência explícita em um horário onde o consumo de TV abrangia vários públicos, inclusive o infantil. Dessa maneira o Ministério da Justiça à partir do seu Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação solicitou a mudança de horário da novela, o que acarretou em inúmeros cortes.

Reinaldo relembrou essa fase.

Enfim, foi uma pena que a novela teve seu fim antecipado, através de duros cortes. E sim, acho que ela veio na hora certa, num horário ingrato, talvez. Foi uma época que não ajudou a novela a ser mais vista e reconhecida, mas aquele era o momento dela. Com personagens lindos, cheios de lição e mensagens para repassar ao público, Camaleões se tornou pra mim uma das melhores novelas que assisti e sempre fiz questão de enaltecer isso. 

Curiosamente o folhetim nunca foi reprisado no Brasil, talvez por conta da sua abordagem, ou simplesmente por pouca vontade. Nunca saberemos. Como bem relatou, Reinaldo em seu depoimento final para essa coluna.

Seria maravilhoso uma reprise sem cortes? Seria. Mas sabemos o tanto que isso é impossível nos dias atuais. Mas o importante é que ela veio e ficou marcada pra sempre na memória de quem assistiu.

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Espero que você tenha curtido. Antes de me despedir, deixo meus agradecimentos ao Gabriel, a Camila e o Reinaldo, que contribuíram com declarações sobre a telenovela. Muito obrigado.

E você leitor, compartilhe. Até a próxima.