Aparato do Entretenimento: Felipédia - Cupido e Psique
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Felipédia - Cupido e Psique



Boa noite amigos! Domingo é sinônimo de texto novo aqui no Aparato. Hoje trouxe uma proposta diferente, uma estória.Vamos lá, então? Claro!

Escute esta linda canção, enquanto se delicia com o texto de hoje. Clique em play. 



A história de Cupido e Psique é, geralmente, considerada alegórica. Psique em grego significa borboleta como alma. Não há alegoria mais notável e bela da imortalidade da alma como a borboleta que, depois de estender as asas, do túmulo em que se achava, depois de uma vida mesquinha e rastejante como lagarta, flutua na brisa do dia e torna-se um dos mais belos e delicados aspectos da primavera.


Psique é, portanto a alma humana, purificada pelos sofrimentos e infortúnios, e preparada assim, para gozar a pura e verdadeira felicidade. Nas obras de arte, Psique é representada como uma jovem com asas de borboleta, juntamente com Cupido, nas diferentes situações descritas pela fábula.


Um rei e uma rainha tinham três filhas. Os encantos das duas mais velhas eram fora do comum mas a beleza da mais nova era tão espantosa que a pobreza da linguagem é incapaz de expressar o devido louvor. A fama da sua beleza era tal que estrangeiros dos países vizinhos vinham em multidão para desfrutar da visão, olhando para ela atônitos e rendendo-lhe a homenagem que só à própria Vênus é devida. De fato Vênus encontrou os seus altares desertos enquanto os homens ofereciam a sua devoção a esta virgem. Quando ela passava, o povo cantava-lhe louvores e espalhava no caminho flores e grinaldas.


A exaltação de um mortal constituía uma perversão da homenagem devida apenas a seres imortais, o que muito ofendia a verdadeira Vênus. Abanando os seus caracóis de ambrósia com indignação exclamava: "Devo eu ser eclipsada nas minhas honrarias por uma rapariga mortal? Nesse caso foi em vão que aquele pastor, cujo juízo o próprio Júpiter aprovou, me deu a palma da beleza sobre as minhas ilustres rivais, Palas e Juno. Mas ela não usurpará tão calmamente as minhas honras. Darei-lhe razão para se arrepender de beleza tão ilegítima."


Chama então o seu filho alado Cupido, só por si suficientemente maldoso, e incita-o e provoca-o com as suas queixas. Apontando Psique diz-lhe: "Meu querido filho, castiga aquela obstinada beleza; dá à tua mãe uma vingança tão doce quanto as suas injúrias são grandes; infunde o coração dessa altiva rapariga uma paixão por algum ser mesquinho, indigno e de baixo nível para que ela possa colher uma mortificação tão grande quanto a sua presente exultação e triunfo."


Cupido preparou-se para obedecer às ordens de sua mãe. Existem duas fontes no jardim de Vênus, uma de água doce, outra de água amarga. Cupido encheu dois vasos de âmbar, um de cada fonte e, suspendendo-os na ponta da sua aljava, apressou-se em direção à Câmara de Psique, que encontrou a dormir. Verteu algumas gotas da fonte amarga nos seus lábios, embora a visão dela quase o tenha levado à compaixão; depois tocou-lhe o lado com a ponta da flecha. Ao ser tocada ela acordou e abriu os olhos sobre Cupido (ele mesmo invisível), o que o assustou de tal modo que na sua confusão se feriu com a sua própria flecha. Sem atender à sua ferida, todo o seu pensamento era agora reparar o mal que tinha feito e derramou as gotas balsâmicas da alegria sobre os sedosos anéis do cabelo da rapariga.


Psique, então diante dos favores de Vênus, não derivou qualquer benefício aos seus encantos. Era verdade que todos os olhos se colavam ansiosamente nela e todas as bocas a elogiavam; mas nem rei, nem jovem príncipe, nem plebeu se apresentava para pedi-la em casamento. As suas duas irmãs mais velhas, de moderados encantos, estavam casadas havia muito tempo com dois príncipes reais, mas Psique solitária nos seus aposentos, deplorava a sua solidão, cansada daquela beleza que embora proporcionasse lisonja em abundância, falhará em despertar o amor.


Os pais, receando que sem o saberem tivessem despertado a ira dos deuses, consultaram o oráculo de Apolo e receberam esta resposta: "A virgem está destinada a ser noiva de um amante não mortal. O seu futuro marido espera-a no cimo da montanha. É um monstro a que nem os homens, nem os deuses podem resistir". Este terrível decreto do oráculo encheu o povo de assombro e desânimo e os pais abandonaram-na à dor. Mas Psique disse: "Porquê, queridos pais, lamentar a minha sorte? Deveríeis ter antes lamentado quando o povo derramou sobre mim honras imerecidas, chamando-me Vênus a uma só voz. Percebo agora que sou uma vítima desse nome. Submeto-me. Conduzi-me àquela rocha a que o meu infeliz fado me destinou." Assim, todas as coisas tendo sido preparadas, a real donzela tomou o seu lugar na procissão, que mais parecia um cortejo fúnebre do que uma pompa nupcial, e com os pais e entre as lamentações do povo, subiu à montanha em cujo topo a deixaram sozinha, para regressarem a casa com os corações dolorosos.


Estava Psique no cimo da montanha ofegante de medo, os olhos cheios de lágrimas, quando o gentil Zéfiro a elevou da terra e a transportou com um movimento fácil para um vale florido. Pouco a pouco a sua mente compôs-se e recostou-se na faixa de erva para dormir. Ao acordar, restaurada pelo sono, olhou à volta e viu ali perto um agradável bosque de altas e frondosas árvores. Entrou e no meio descobriu uma fonte de águas claras e cristalinas, bem perto da qual se erguia um magnífico palácio cuja augusta fachada impressionava o observador como não sendo a obra de mãos mortais mas o retiro feliz de algum Deus. Atraída pelo espanto e pela admiração, aproximou-se do edifício e aventurou-se a entrar. Todos os objetos que encontrava enchiam-na de prazer e espanto. Pilares dourados suportavam telhados cor de abóbora e as paredes eram enriquecidas com esculturas e pinturas representando animais de caça e cenas rurais, adaptadas para deliciar o olhar do espectador. Prosseguindo deu-se conta de que, para além dos aposentos do cerimonial, havia outros repletos de toda a espécie de tesouros, bela e preciosas produções da natureza e da arte.


Enquanto os olhos se ocupavam deste modo, uma voz dirigia-se e embora ela não visse ninguém, proferindo estas palavras: "Soberana senhora, tudo o que vedes é vosso. Nós, cujas vozes ouvis, somos vossos servos e obedeceremos às vossas ordens com o maior cuidado e diligência. Retirai-vos, pois, para o vosso quarto e repousai na vossa cama de penas, e quando vos achardes pronta ide para o banho. Uma refeição aguarda-vos na alcova vizinha quando vos aprouver tomar aí assento."


Psique deu ouvidos às orientações dos servidores vocais e, depois do repouso e de se refrescar pelo banho, sentou-se na alcova, onde uma mesa de imediato se apresentou, sem qualquer ajuda visível de criados ou servos, e se cobriu com os alimentos mais requintados e vinhos como o néctar. Também os ouvidos eram regalados com música de tocadores invisíveis; um cantava, o outro tocava alaúde e todos eram enquadrados pela maravilhosa harmonia de um coro completo. Não tinha ainda visto o marido que lhe fora destinado. Vinha apenas nas horas de escuridão e fugia antes do alvorecer, mas as suas palavras eram cheias de amor e inspiravam nela uma paixão igual. Muitas vezes lhe pedia que ficasse e a deixasse vê-lo, mas ele não consentia. "Porque desejas tu ver-me?" - perguntava ele: "Duvidas de algum modo do meu amor? Tens algum desejo não gratificado? Se me visses, talvez me temesses, talvez me adorasses, mas tudo o que peço é que me ames. Prefiro antes que me ames como um igual do que me adores como um Deus."


Este raciocínio aquietava Psique por algum tempo e, enquanto a novidade durou, ela sentiu-se completamente feliz. Mas por fim o pensamento dos pais, deixados na ignorância do seu destino, e das irmãs, impedidas de partilhar com ela as delícias da situação, afligiam a sua mente e fizeram-na começar a sentir o seu palácio apenas como uma esplêndida prisão. Uma noite, quando o marido veio, ela contou-lhe a sua angústia e por fim obteve dele um consentimento contrariado para que as irmãs, fossem trazidas para a ver. Assim, chamando Zéfiro, inteirou-o das ordens do marido e ele, prontamente obediente, em breve as trouxe da montanha para o vale da irmã. Abraçaram-na e ela retribuiu-lhes os carinhos. "Venham", disse Psique - "Entrem comigo na minha casa e refresquem-se com o que seja que vossa irmã tem para vos oferecer." Pegando-lhes nas mãos guiou-as pelo palácio dourado e confiou-as ao cuidado da numerosa comitiva de servidores vocais, para as refrescarem no banho e à mesa e para lhes mostrarem todos os seus tesouros. A visão de todas estas delícias celestiais causou inveja nos seus corações, vendo a irmã mais nova possuidora de um estatuto e esplendor tão superior aos delas.


Puseram-lhe inúmeras questões, entre as quais que tipo de pessoa era o marido. Psique respondeu que era um belo rapaz que geralmente passava as horas do dia caçando nas montanhas. As irmãs, não satisfeitas com esta resposta, em breve a fizeram confessar que ela nunca o tinha visto. Prosseguiram depois enchendo-lhe o coração de negras suspeitas. "Lembra-te bem do oráculo Pítico que te declarou destinada a casar com um monstro tremendo e horrível? Os habitantes deste vale dizem que o teu marido é uma terrível e monstruosa serpente que te alimenta durante algum tempo com iguarias para que depois te possa devorar. Ouça o nosso conselho. Pegue uma lamparina e uma faca aguçada; esconde-as para que o teu marido não as descubra e, quando ele estiver a dormir, desliza para fora da cama, traz a lamparina e vê por ti mesma se o que eles dizem é verdade ou não. Se for, não hesites em cortar a cabeça do monstro e assim recuperarás a tua liberdade". Psique resistiu tanto quanto pôde a estas persuasões, mas elas não deixaram de ter um efeito na sua mente e, quando as irmãs partiram, as palavras dela e a sua própria curiosidade foram demasiadas para ela resistir. Preparou assim a lamparina e a faca aguçada e escondeu-as fora da vista do marido. Quando ele tinha caído no seu primeiro sono, ela levantou-se silenciosamente, destapou a luz e viu não um monstro horrível mas o mais belo e encantador dos deuses, com os caracóis dourados sobre o pescoço de neve e as faces rosadas, com asas rociosas nos ombros, mais brancas do que a neve, e com penas tão brilhantes quanto as tenras flores da primavera. Ao inclinar a lamparina para ter uma visão mais próxima da sua face, uma gota de óleo quente caiu no ombro do Deus que, assustado, abriu os olhos e os fixou sobre ela; depois sem dizer uma palavra, estendeu as asas e voou pela janela. Cupido, olhando-a no meio da poeira, parou o voo por um instante e disse: "Tonta Psique, é assim que retribuis o meu amor? Depois de ter desobedecido às ordens da minha mãe e ter-te feito minha mulher, achas-me um monstro e cortas-me a cabeça? Mas vai regressa para as tuas irmãs, cuja opinião pareces preferir à minha. Não te inflijo outra punição que não seja a de te abandonar para sempre. O amor não pode morar onde mora a suspeição." Assim dizendo fugiu deixando a pobre Psique prostrada no chão, enchendo o lugar de lúgubres lamentações.


Ao recuperar algum grau de compostura olhou à sua volta mas os jerduns tinham desaparecido e encontrou-se no campo aberto da cidade onde as irmãs moravam. Para aí se dirigiu e contou-lhes toda a história, que aquelas malignas criaturas fingiram lamentar mas com a qual se regozijaram interiormente: " É que agora" - diziam, "Talvez escolha uma de nós." Com esta ideia e sem dizer uma palavra das suas intenções, cada uma delas se levantou cedo na manhã seguinte e, subindo à montanha, chamou por Zéfiro ao atingir o topo, para que a recebesse e a transportasse ao seu senhor, depois saltando e não sendo sustentada por Zéfiro, caiu do precipício e despedaçou-se no solo. Psique entretanto vagueava de dia e de noite, sem comida e sem repouso, à procura do marido. Avistando um magnífico templo no cimo de uma alta montanha, suspirou e disse para si mesma: "Talvez o meu amor e meu senhor habite ali" - e para lá dirigiu os seus passos. Mal tinha entrado e logo viu pilhas de trigo, alguns soltos em espiga outro amarrado em feixe, com espigas de cevada à mistura. Espalhados pelo lugar estavam foices, ancinhos e todos os instrumentos da colheita, sem ordem, como se descuidadamente atirados das mãos dos ceifeiros cansados nas horas sufocantes do dia. A piedosa Psique pôs termo a esta confusão imprópria, separando e atribuindo cada coisa ao lugar e espécie que lhe eram adequados, acreditando que não deveria negligenciar nenhum dos deuses mas antes esforçar-se pela sua piedade por empenhar todos na sua causa. A sagrada Ceres, de cujo templo se tratava, encontrando-a tão religiosamente ativa, falou-lhe nestes termos: "Oh Psique, verdadeiramente digna da nossa piedade, embora não te possa resguardar da reprovação de Vênus, posso contudo ensinar-te como melhor apaziguar o seu desagrado. Vai pois render-te voluntariamente à tua senhora e soberana e tenta, pela modéstia e submissão, ganhar o seu perdão e talvez o seu favor te restaure o marido que perdeste."


Psique obedeceu às ordens de Ceres e dirigiu-se ao templo de Vênus, tentando fortalecer a mente e ruminando sobre o que devia dizer e como melhor propiciar a zangada deusa, sentindo que o resultado era duvidoso e talvez fatal. Vênus recebeu-a com a face irada. "Mais desobediente e infiel de todos os servos" - disse ela - "Lembras-te por fim que tens uma senhora? Ou vieste antes para ver o teu marido doente, acamado pela ferida que lhe deu a sua amorosa mulher? És tão desfavorecida e desagradável que a única maneira de mereceres o teu amante será à força de laboriosa diligência. Testarei a tua capacidade nas lides domésticas". Ordenou então que Psique fosse levada ao armazém do templo, onde se amontoava uma grande quantidade de trigo, cevada, painço, ervilhas, feijões e lentilhas, preparadas como alimento para as suas pombas, e disse-lhe: "Separa todos estes grãos, põe todos os da mesma espécie num quinhão e vê se te despachas antes do anoitecer. Dizendo isto partiu e deixou-a entregue à sua tarefa. Psique porém, totalmente consternada face ao enorme trabalho, sentou-se estúpida e silenciosa, sem mover um dedo diante daquela inextricável pilha. Enquanto se sentava desesperada, Cupido incitou as pequenas formigas, nativas do campo, a que tivessem pena dela. A chefe do formigueiro, seguida de hostes inteiras de súbditos de seis patas, aproximou-se da pilha e com a mais completa diligência, tomando grão a grão, separaram a pilha, selecionando cada espécie para a sua porção; quando tudo estava pronto desapareceram num ápice. Ao aproximar-se o crepúsculo, Vênus regressou do banquete dos deuses, emanando odores e coroada de rosas. Ao ver a tarefa realizada exclamou: "Isto não é trabalho teu, malvada, mas dele, que para tua infelicidade os enfeitiçaste." Assim dizendo, atirou-lhe um pedaço de pão preto como refeição e foi-se embora.


Na manhã seguinte Vênus ordenou que Psique fosse chamada à sua presença e disse-lhe: "Olha aquele arvoredo que se estende ao longo da margem da água. Ali encontrarás carneiros a pastar sem pastor, com brilhantes velos de ouro nos costados. Vai, traz-me uma amostra daquela preciosa lã apanhada em cada um dos seus velos. Obedientemente Psique foi à margem do rio, preparada para fazer o melhor na execução do comando. Mas o Deus do rio inspirou os juncos com murmúrios harmoniosos que pareciam dizer: "Oh donzela, severamente testada, não desafies a perigosa maré, nem te aventures entre os formidáveis carneiros do outro lado, pois enquanto estão sob a influencia do sol nascente, ardem com um cruel desejo de destruir os mortais com os seus cornos pontiagudos e rudes dentes. Mas quando o sol do meio dia tiver levado o gado para a sombra e o sereno espírito da maré os tiver embalado e adormecido, então poderás atravessar em segurança e encontrarás lá a lã dourada pegada nos arbustos e aos troncos das árvores."


Assim, o compassivo Deus do rio deu a Psique instruções de como desempenhar a sua tarefa e, seguindo estas instruções, ela em breve regressou a Vênus com os braços cheios do velo dourado, mas não recebeu a aprovação da implacável soberana, que disse: "Sei muito bem que não é obra tua teres completado a tarefa, e eu ainda não estou convencida de que tenhas alguma capacidade para te fazeres útil. Mas tenho outra tarefa para ti. Anda, toma esta caixa, segue o teu caminho até às sombras infernais e a dê a Prosérpina, dizendo-lhe: "A minha senhora Vênus, deseja que lhe envie um pouco da vossa beleza, pois ao cuidar do filho doente ela perdeu alguma da sua". Não te demores na tua incumbência pois devo-me pintar para aparecer esta noite no círculo dos deuses e das deusas." Psique satisfez-se com a proximidade da sua destruição, obrigada como estava a ir pelo seu próprio pé diretamente para o Érebo. Pelo que, e para não adiar o que não podia ser evitado, subiu ao topo de uma alta torre para daí se atirar de cabeça e assim descer pelo caminho mais curto para a região inferior das sombras. Mas uma voz da torre disse-lhe: "Porque razão, infeliz rapariga, procuras pôr fim aos teus dias de modo tão terrível? E que cobardia te faz desanimar sob este último perigo quando foste tão miraculosamente apoiada em todos os anteriores?". A voz disse-lhe depois como, seguindo por uma certa cave, podia atingir o reino de Plutão e como podia evitar os perigos do caminho, passar por Cérbero, o cão de três cabeças, e convencer o barqueiro Caronte a atravessar com ela o rio negro e trazê-la de volta. Mas a voz acrescentou: " Quando Prosérpina te tiver dado a caixa, cheia da sua beleza, isto terá de ser seguido por ti mais do que tudo o resto, que nem sequer por uma vez abras ou olhes o interior da caixa, que não deixes a tua curiosidade espiar o tesouro da beleza da deusa." Psique, encorajada pelo conselho, obedeceu em todas as coisas e tomando em atenção os procedimentos chegou em segurança ao reino de Plutão. Foi admitida no palácio de Prosérpina e, sem aceitar o delicado assento ou o delicioso banquete que lhe foram oferecidos e contentando-se com pão escuro como alimento, entregou a mensagem de Vênus. Pouco depois a caixa foi-lhe entregue, fechada e contendo o precioso artigo. Regressou então pelo caminho de volta, feliz por mais uma vez voltar à luz do dia. Contudo, tendo com tão grande sucesso, até ao momento, desempenhado a sua perigosa tarefa, um desejo apoderou-se dela de examinar o conteúdo da caixa. "Será que eu, que transporto esta beleza divina, não tiro uma pitada para pôr nas maçãs do rosto e aparecer melhor aos olhos do meu amado marido?" Assim dizendo, abriu cuidadosamente a caixa mas nada encontrou ali de beleza, apenas um infernal e verdadeiro sono de Estrige que, liberto da sua prisão, se apoderou dela e a fez cair no meio da estrada, cadáver adormecido sem sentido ou movimento. Cupido porém, já recuperado da sua ferida e incapaz de suportar por mais tempo a ausência da sua amada Psique, deslizando pela mais pequena fenda da janela do seu quarto, que aconteceu estar aberta, voou até o lugar onde Psique estava deitada, juntou o sono do seu corpo, fechou-o de novo na caixa e acordou-a com um leve toque de uma das suas flechas. "De novo", disse ele - "Quase pereceste, vítima da mesma curiosidade. Desempenha agora rigorosamente a tarefa que te foi imposta pela minha mãe e eu me encarregarei do resto."


Então Cupido, rápido como o relâmpago, penetrou o alto dos céus e apresentou-se diante de Júpiter com a sua súplica. Júpiter escutou-o com um ouvido favorável e advogou a causa dos amantes com tanta determinação que conseguiu obter o consentimento de Vênus. Enviou em seguida Mercúrio a Psique para que a trouxesse à assembleia celestial. Em sua chegada estendeu-lhe um cálice de ambrósia, dizendo: "Bebe Psique e será imortal, jamais Cupido romperá o nó com que se atou e vossa núpcias será perpétua". Assim uniu-se Psique por fim a Cupido e em seu devido tempo tiveram uma filha cujo nome foi Prazer.

Fico por aqui!
Até semana que vem!

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